Notícias Externas

Morre o juiz Antônio Cançado Trindade, Doutor Honoris Causa da UFMG

Integrante da corte de Haia, jurista era uma referência na área dos direitos humanos e do direito internacional

Cançado Trindade:
Cançado Trindade: vida dedicada aos direitos humanosFoca Lisboa | UFMG

O juiz Antônio Augusto Cançado Trindade, membro da Corte Internacional de Justiça, sediada em Haia, morreu em Brasília neste domingo, dia 29, aos 74 anos. Nascido em Belo Horizonte, Cançado Trindade graduou-se em Direito pela UFMG, em 1969, e recebeu, em 2018, o título de Doutor Honoris Causa da instituição. Em 2002, já havia sido agraciado com a Medalha de Honra, outorgada a ex-alunos de destaque.

“A história da minha relação com a UFMG é muito especial. Guardo vínculos de estreita amizade com a Faculdade de Direito e sempre recebi seus acadêmicos nos organismos internacionais em que tenho atuado. Estou sumamente honrado com a outorga do título de Doutor Honoris Causa pela Universidade na qual me graduei. É algo muito especial para mim”, relatou o juiz à época em que a homenagem foi anunciada.

Na cerimônia de entrega do título, realizada há quatro anos, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida destacou o traço que melhor distinguiu o jurista em sua prolífica carreira: a luta pelos direitos humanos. “Todos os seus muitos feitos são símbolos que remetem a um trabalho de dias, meses, anos, a uma vida, enfim, dedicada à causa da justiça em sua vertente civilizatória, depositária da esperança por um futuro digno de ser sonhado", discursou.

Visão universalista e humanista
A morte de Cançado Trindade foi lamentada pela reitora Márcia Abrahão e pelo vice-reitor Enrique Huelva, da Universidade de Brasília (UnB), onde o jurista atuava como professor de direito internacional desde 1978. Em nota veiculada neste domingo, os dirigentes lembraram que “Cançado Trindade tinha uma visão universalista e humanista do Direito Internacional e defendia a construção de um mundo com paz e mais justiça, legado que sempre fez questão de transmitir aos seus alunos”. O Ministério das Relações Exteriores e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux e Gilmar Mendes, além do ministro aposentado Celso de Mello, também se pronunciaram sobre a morte do juiz. 

Professor emérito de Direito Internacional da Universidade de Brasília (UnB), Antônio Augusto Cançado Trindade foi docente honorário de Direito Internacional da Universidade de Utrecht (Países Baixos) e membro honorário da Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde obteve seu título de doutor. Sua tese, Desenvolvimentos na regra de esgotamento dos recursos internos em direito internacional, defendida em 1977, recebeu o Prêmio Yorke.

O juiz também foi agraciado com o Doutor Honoris Causa em universidades de países como Chile, Peru, Paraguai, Argentina, Grécia, Espanha e Índia. Ele também foi professor de Direito Internacional na Academia Diplomática Rio Branco, responsável pela formação dos diplomatas brasileiros.

Na eleição que o conduziu à Corte Internacional de Justiça, Cançado Trindade obteve a maior votação já recebida por um magistrado na história do tribunal. Antes, foi juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos (1994 a 2008), organismo que presidiu de 1999 a 2004.