Centro Cultural promove mostra de filmes que homenageia a filósofa Sônia Viegas
Iniciativa do projeto CineCentro sugere também a leitura de ensaios sobre cinema escritos pela professora
Neste mês de fevereiro, o projeto CineCentro oferece mostra em homenagem a Sônia Viegas (1944-1989), filósofa e professora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG. Em sua curta trajetória, ela produziu obras filosóficas densas e importantes e também se dedicou a escrever sobre cinema, artes plásticas e literatura. Os escritos foram reunidos no livro póstumo Sônia Viegas. Escritos: filosofia e arte, de onde foram extraídos ensaios para compor essa mostra. Sônia apresenta uma série de questões e perspectivas com abordagem sensível e significativa, envolvendo as relações entre cinema e filosofia.
A programação do CineClássico Quarentena compartilha, por meio da mostra Sônia Viegas – Reflexões filosóficas sobre o cinema, películas e ensaios que oferecem sua visão sobre o fazer cinematográfico como forma de pensar e expressar a experiência humana. Conhecida como uma “pensadora da cultura”, Sônia Viegas transcendeu os limites da Universidade e levou a filosofia para outros espaços da cidade de Belo Horizonte. Na década de 1980, teve participação intensa no projeto Cinema Comentado, promovido pelo Savassi Cineclube, assim como em eventos realizados na Sala Humberto Mauro do Palácio das Artes.
Para essa mostra foram selecionados os ensaios sobre os filmes Gritos e sussurros (Ingmar Bergman), São Bernardo (Leon Hirszman), O selvagem da motocicleta (Francis Ford Coppola), A festa de Babette (Gabriel Axel) e O sacrifício (Andrei Tarkovski). Em suas análises, a autora apresenta reflexões sobre situações e valores como a dor, a morte, o amor, a identidade, o sacrifício e o esvaziamento de sentido da vida cotidiana.
A mostra reúne vídeos que apresentam depoimentos sobre a vida e obra da filósofa. Os ensaios publicados no livro serão disponibilizados na íntegra, bem como os filmes, que podem ser acessados nos links fornecidos abaixo. Os textos foram cedidos por Ângela Viegas Andrade e Mônica Viegas Andrade, filhas de Sônia Viegas.
Vídeo documental
Vídeo de lançamento do livro Sônia Viegas: uma pensadora da cultura, de autoria de Miriam Campolina Peixoto (16 minutos e 37 segundos)
A peça apresenta depoimentos dos ex-alunos Edésio Fernandes Júnior, Miriam Campolina Peixoto e Marcelo Pimenta Marques sobre a vida e a obra de Sônia Viegas e suas contribuições para a filosofia e a cultura. Traz ainda trechos de gravação em que ela discorre sobre o desejo e a motivação como base do fazer filosófico. Assista.
Gritos e sussurros (Viskningar och rop), Drama, 1972, Suécia, Direção: Ingmar Bergman. Colorido, 91’, Legendado, 14 anos
Em uma mansão isolada na Suécia, as irmãs Karin (Ingrid Thulin) e Maria (Liv Ullmann), na companhia da criada Anna (Kari Sylwan), velam a irmã mais nova Agnes (Harriet Andersson), com câncer em estágio terminal. Maria e Karin relembram suas próprias dores e infelicidades em seus relacionamentos, e a criada é a única capaz de ser amável com Agnes. Assista ao filme e leia o ensaio.
São Bernardo. Drama, 1972, Brasil. Direção de Leon Hirszman. Colorido, 113’, 14 anos
Paulo Honório (Othon Bastos), sertanejo de origem pobre, torna-se dono da decadente fazenda São Bernardo, em Viçosa, Alagoas. Determinado a fazer fortuna e ascender socialmente, ele recupera a fazenda, integra-se à economia rural e casa-se com a professora Madalena (Isabel Ribeiro). Os problemas começam quando as diferenças entre Paulo e Madalena se acentuam. Assista ao filme e leia o ensaio.
O selvagem da motocicleta (Rumble fish). Crime/drama/romance, 1983, EUA. Direção de Francis Ford Coppola. P&B, 94’, legendado, livre
Numa pequena cidade industrial do interior dos Estados Unidos, o jovem Rusty James (Matt Dillon) vive à sombra da fama de seu irmão ausente (Mickey Rourke), conhecido por todos como "O Motoqueiro". Praticamente sem família e amigos, Rusty sequer tem uma identidade própria, sendo conhecido por todos como "o irmão do motoqueiro". Uma grande rivalidade contra uma das gangues locais mudará os rumos da vida do rapaz. Assista ao filme e leia o ensaio.
A festa de Babette (Babettes gæstebud). Comédia/drama familiar, 1987, Dinamarca. Direção de Gabriel Axel. Colorido, 103’, legendado, livre
Dinamarca, século 19. Filippa (Bodil Kjer) e Martine (Birgitte Federspiel) são filhas de um rigoroso pastor luterano. Após a morte do religioso, surge no vilarejo Babette (Stéphane Audran), uma parisiense que se oferece para ser a cozinheira e faxineira da família. Muitos anos depois, ainda trabalhando na casa, ela recebe a notícia de que ganhou um grande prêmio na loteria e se oferece para preparar um jantar francês em comemoração ao centésimo aniversário do pastor. Os paroquianos, a princípio temerosos, acabam rendendo-se ao banquete de Babette. Assista ao filme e leia o ensaio.
25.02 – O sacrifício (Offret). Drama, 1986, Suécia/França/Inglaterra. Direção: de Andrei Tarkovsky. Colorido, 149’, legendado, 12 anos
Na noite de seu aniversário, Alexander (Erland Josephson) vê suas maiores preocupações sobre a humanidade se concretizarem quando finalmente eclode a Terceira Grande Guerra Mundial. Antigo jornalista e poeta, ele decide imergir completamente na espiritualidade e planeja oferecer um sacrifício para que Deus impeça a guerra de acontecer. Assista ao filme e leia o ensaio.
Dia 2 de março – Vídeo documental sobre Sônia Viegas
Vídeo com entrevista do blog Mulheres na Filosofia: Sônia Viegas por Miriam Campolina (57 minutos e 17 segundos)
Entrevista realizada pela editora Carolina Araújo com Miriam Campolina, professora do Departamento de Filosofia da UFMG, autora do livro Sônia Viegas: uma pensadora da cultura. Na conversa, Miriam fala sobre o verbete "Sônia Viegas", de sua autoria, que foi publicado no blog Mulheres na Filosofia. Assista.
A produção do CineClássico Quarentena sugere ainda os ensaios sobre os filmes A balada de Narayama (S. Imamura) e Um dia muito especial (Ettore Scola). Não foram encontrados links para esses filmes.
A balada de Narayama (Narayama bushikô)
Drama, 1983, Japão. Direção de Shôhei Imamura. Colorido, 130’, legendado, 14 anos
No fim do século 19, em um pequeno vilarejo japonês, o morador que completa 70 anos de idade deve subir ao topo de uma sagrada montanha e aguardar por sua morte. Aquele que se recusa a cumprir a tradição desonra sua família. Mas para Orin (Sumiko Sakamoto), uma senhora de 69 anos, procurar uma esposa para seu filho mais velho, Tatsuhei (Ken Ogata), é mais importante do que cumprir a amarga tradição. Leia o ensaio.
Um dia muito especial (Una giornata particolare)
Drama, 1977, Itália/Canadá. Direção de Ettore Scola. Colorido, 106’, legendado, 16 anos
Em Roma, o apoiador do fascismo Emanuele (John Vernon) participa de um desfile comemorativo do histórico encontro de Adolf Hitler com o líder italiano Benito Mussolini, deixando sua esposa Antonietta (Sophia Loren), que não se interessa por política, para cuidar dos deveres domésticos. Antonietta encontra Gabriele (Marcello Mastroianni), um homem que parece perplexo com o evento. Ao longo do dia, os dois estabelecem uma amizade próxima que mudará para sempre suas percepções sobre a vida, o amor e a política. Leia o ensaio.
O CineClássico Quarentena é exibido às terças e quintas-feiras, nas redes sociais (Facebook e Instagram), no YouTube e no site do Centro Cultural UFMG.