Centro Cultural exibe filmes sobre cinema e educação
As sessões, mensais, são seguidas de debates sobre as relações entre o audiovisual, o ensino e os processos criativos; próxima sessão está marcada para o dia 28
Quase todo mundo já deve ter assistido a uma aula em que o professor exibiu um filme para ilustrar alguma matéria que estava ensinando e, em seguida, discutiu-se o tema daquela produção. O uso do audiovisual em sala de aula não é uma novidade na educação brasileira, mas o debate, em geral, limita-se ao tema do vídeo, sem tratar, por exemplo, das imagens e da forma do filme. A proposta da mostra Pensar o cinema, pensar a educação, promoção no Centro Cultural UFMG até o fim deste ano, é justamente explorar essas outras potencialidades da relação entre cinema e educação.
Ao todo, haverá nove sessões, uma por mês, seguidas de rodas de conversa sobre as possibilidades de experiências estéticas e docentes da sétima arte. A maior parte das obras são curtas-metragens, com temas que transitam entre a memória escolar, as infâncias, o trabalho no campo, a escola, o cotidiano de pessoas indígenas, a crítica à educação mercantilizada, o racismo, a fome, os arquivos históricos e seus desdobramentos, o envelhecimento, a pobreza, a política.
Os filmes selecionados são de autoria do documentarista Thiago Rosado, curador da mostra, e de produtores parceiros, que em seus estudos investigam os processos criativos, as pedagogias do cinema e a educação. A mostra é uma realização do Projeto Estúdio de Produção Audiovisual, vinculado ao projeto Pensar a Educação, Pensar o Brasil, da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG. Rosado é mestrando em educação na FaE e coordenador do Pensar a Educação, Pensar o Brasil.
O que vem por aí
A próxima sessão será no dia 28 de abril, sexta-feira, com o filme Ô, de casa! As exibições são sempre às 18h30, abertas ao público em geral. Thiago Rosado é o diretor do filme Costuras, cuja exibição abriu a mostra em março. O Centro Cultural UFMG fica na Avenida Santos Dumont, 174, Centro, Belo Horizonte. A programação pode ser acompanhada em seu site.
“A mostra é um momento de troca direta com o público, e o objetivo é pensarmos juntos questões importantes que relacionam o cinema, a educação e o dia a dia das pessoas”, afirma o curador. “A ideia é simples e potente: assistir a filmes e conversar sobre eles depois, elaborando pensamentos sobre as imagens com pessoas envolvidas na área de cinema e educação e com o público presente.”
Depois da sessão de sexta-feira, serão exibidas as seguintes produções: Barro preto e luto no território Xakriabá, no dia 25 de maio; Manipulador / Evasão online / Frequência em vício, no dia 15 de junho; Pará Reté, em 24 de agosto; Reverberações freireanas, no dia 28 de setembro; Um desenho, várias emoções, em 26 de outubro; Homem-peixe, em 30 de novembro; e Como vejo o mundo / Vaso ruim de quebrar / Diversidade / Womanhood, no dia 7 de dezembro.
“São filmes que não estão no circuito da indústria do cinema, que não são vistos em TV aberta, tampouco seguem uma lógica comercial. A maioria tem linguagem de documentário, mas a verdade é que as obras também experimentam modos dissidentes de fazer cinema, de pensar as imagens”, afirma o curador. Em suma, ele diz, trata-se de filmes “que estão menos interessados em se posicionar como documentários e mais em provocar os limites daquilo que a gente aprendeu que é um bom cinema”.