Autora da tese Fortalecendo as epistemologias nativas por meio das vozes indígenas na universidade, Célia Xakriabá pesquisa, por meio das falas dos estudantes indígenas, se os conhecimentos desses alunos são valorizados pelas instituições de ensino superior, ou se apenas seus corpos estão sendo acolhidos. A pesquisadora, que busca ampliar o conceito de território, afirma que "território também é corpo, e o conhecimento é um corpo territorializado. Logo, pensar o corpo indígena na universidade é pensar um corpo de conhecimento". Ao apontar as benzedeiras e parteiras como as primeiras mulheres cientistas do território, a cientista social revela: "só consigo produzir ciência com a cabeça se eu estiver com meus pés e meu corpo firmes no chão do território". 

Sobre ser a primeira doutoranda indígena na UFMG, Célia Xakriabá, personagem do oitavo e último episódio da série 'Mulheres cientistas', da TV UFMG, diz que "ocupar esse lugar é trazer outra ciência para o tronco do debate epistemológico e reafirmar o compromisso redobrado de não ser a última doutoranda indígena, além de questionar por que, em pleno século 21, somente agora estão chegando as primeiras mulheres indígenas nas universidades". 

Lançada em outubro, a série da TV UFMG tem o objetivo de contribuir para a reflexão sobre as questões, dilemas e desafios enfrentados por mulheres que fazem pesquisa no Brasil. Os episódios anteriores abordaram as trajetórias das pesquisadoras Nilma Lino Gomes, da Faculdade de Educação (FaE), Aline Miranda, do Instituto de Ciências Biológicas, Raquel Minardi, do Departamento de Ciência da Computação, Adla Betsaida, também da FaE, Ana Cristina Simões, da Faculdade de Medicina, Sônia Carvalho, do Instituto de Ciências Exatas, e Michelle Sugimoto, da Faculdade de Farmácia.

Confira os episódios anteriores de Mulheres cientistas.

Equipe:
Larissa Costa (produção e reportagem), Soraya Fideles (produção, reportagem e edição de conteúdo), Lucas Tunes (imagens) e Otávio Zonatto (edição de imagens)