Mulheres precisam estar no centro das decisões na crise da Covid-19, defende cientista política
Em vídeo, Marlise Matos, do DCP, lembra que elas estão na linha de frente do combate à pandemia, que tem o Brasil como novo epicentro mundial
No Brasil, novo epicentro da pandemia de Covid-19, mais de 90% dos trabalhadores na área da saúde com curso superior são enfermeiras. Na educação básica, 80% dos docentes são mulheres. Ao analisar o fenômeno da feminização do trabalho no contexto da pandemia e no cenário global de busca de vacinas, a professora Marlise Matos, do Departamento de Ciência Política da Fafich, defende que é fundamental garantir uma dimensão feminista e de gênero que coloque as mulheres no centro das decisões de poder para o enfrentamento do novo coronavírus. “Elas são a linha de frente do combate à Covid-19, o que as expõe a risco e vulnerabilidades”, alerta a professora, que é coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (Nepem), em vídeo enviado à TV UFMG.
Nesta quinta-feira, dia 4, o Brasil alcançou a marca de 34 mil mortes pela doença. A infecção está se acelerando no país e migrando das áreas mais ricas para as periferias, onde é mais letal. A mestranda em Enfermagem pela UFMG Núbia Pires da Rocha Martins afirma que, neste momento de crise, os enfermeiros são vistos como heróis por uma parcela da sociedade. “Não sou uma heroína. Sou uma pessoa que tem família, um filho pequeno, avós e pais com comorbidades que os deixam mais vulneráveis a essa infecção”, informa Núbia, que trabalha há sete anos em um hospital de grande porte de Belo Horizonte. “Apesar de tudo isso, estudo para aperfeiçoar minha capacidade de cuidar e para prestar uma assistência qualificada a cada paciente que entrar na portaria do pronto-socorro”, conclui.
Em artigo recente, intitulado Pandemia Covid-19 e as mulheres, publicado no boletim Cientistas sociais e o coronavirus, da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), Marlise Matos aborda o papel da mulher nas múltiplas instâncias de poder em meio à pandemia. O documento pode ser acessado neste link. No final do mês passado, a professora discutiu, em artigo publicado no Portal UFMG, os caminhos do feminismo pós-Covid-19.
Ficha técnica: Soraya Fideles (produção e reportagem), Otávio Zonatto (edição de imagens), Flávia Moraes (edição de conteúdo)