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Pandemia pode resultar no fortalecimento do nacionalismo e populismo de direita

A avaliação é do professor do Departamento de Historia da UFMG Rodrigo Patto

O presidente do EUA, Donald Trump, assina um memorando sobre a disponibilização de máscaras faciais
O presidente do EUA, Donald Trump, assina um memorando sobre a disponibilização de máscaras faciais Tia Dufour I Casa Branca

Nos últimos dias, os Estados Unidos foram acusados de "pirataria" e "desvio" de equipamentos de saúde que iriam para Alemanha, França e Brasil. Diante de uma das maiores crises sanitárias do mundo, notícias como essa vem ganhando espaço. Mas é possível dizer que o sentimento e ações nacionalistas vem crescendo em alguns países por conta dos impactos da Covid-19? 

A questão foi analisada pelo professor do Departamento de História da UFMG Rodrigo Patto em entrevista ao programa Conexões na última sexta-feira (17/04). Para ele, ainda é cedo para dizer se pandemia vai resultar de fato num fortalecimento do nacionalista, mas há indícios de que sim. “A reação imediata em vários países tem sido voltar se para dentro, preocupar com sua própria população e preservar recursos para isso, principalmente recursos de saúde. Reação até compreensível, mas não sabemos o que isso pode resultar em longo prazo. Isso pode reforçar o discurso da direita", avalia.

O professor Rodrigo Patto acredita que com esse discurso nacionalista, a direita populista, ou seja, a extrema direita, pode se fortalecer durante essa pandemia. Ele cita o exemplo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, nessa crise mundial, vem sendo acusado de desviar recursos de saúde, e que tem como principal lema "America First" (os Estados Unidos em primeiro lugar). 

Durante a entrevista, Patto lamentou que as redes transnacionais de cooperação possam sofrer um enfraquecimento durante a pandemia, já que elas poderiam facilitar o combate à Covid-19. Ele também falou sobre como a crise atual pode enfraquecer os discursos neoliberais e defende uma revalorização do papel do Estado.

No caso do Brasil, o professor avalia que há um discurso nacionalista frágil ligado ao governo, "muito mais simbólico do que real", já que há uma defesa da abertura comercial para favorecer os Estados Unidos e uma desvalorização do Estado que "não coincide com a defesa do Estado nacional".

Ouça a conversa com Luiza Glória