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Nelson Freire, morto nesta segunda-feira, era Doutor Honoris Causa da UFMG

Um dos maiores pianistas do mundo recebeu a homenagem em dezembro de 2016 durante as comemorações dos 90 anos da Universidade

Nelson Freire e o então reitor Jaime Arturo Ramírez durante a homenagem realizada em dezembro de 2016
Nelson Freire e o então reitor Jaime Ramírez durante a cerimônia realizada em dezembro de 2016 Marina Gontijo | UFMG

O pianista Nelson Freire, que morreu nesta segunda-feira, dia 1º, no Rio de Janeiro, aos 77 anos, recebeu, em dezembro de 2016, o título de Doutor Honoris Causa da UFMG. “Nestes tempos de graves inquietações que agitam a vida dos brasileiros, sinto a homenagem que me presta a Universidade Federal de Minas Gerais como uma chamada à lembrança de que a música é veículo de beleza, equilíbrio, harmonia e amor à verdade”, declarou o pianista durante a cerimônia, realizada em 15 de dezembro.

A homenagem ao pianista integrou as comemorações dos 90 anos da Universidade, que começaram em setembro daquele ano e terminaram em setembro de 2017.

Aclamado pela crítica mundial como um dos maiores pianistas de todos os tempos, o mineiro de Boa Esperança deixou sua terra natal aos 5 anos para morar no Rio de Janeiro. Foi lá que, orientado pelas pianistas Nise Obino e Lúcia Branco, pôde desenvolver o talento que já demonstrava desde os três anos. Freire tocou em 70 países.

Encoraja e legitima
“Graças à música tenho tido o privilégio de conhecer meio mundo. Deixei Minas com apenas cinco anos, mas Minas não me deixou. São aquelas paisagens, o modo de ser das pessoas, os usos da terra, a culinária, tudo isso me marcou de modo muito profundo. Quem me conhece de perto sabe bem disso: continuo mineiro como se nunca tivesse saído daqui”, disse o pianista à época da homenagem, em entrevista ao Portal UFMG.

Antes de ser agraciado pela UFMG, Freire havia recebido o mesmo título de outras duas instituições: as federais do Rio de Janeiro, em 2011, e do Rio Grande do Sul, em 2014. “É o inesperado. Estamos tão acostumados a sentir-nos sozinhos no trabalho diário com a música – no caso de um pianista, isso, então, é mais evidente – que não imaginamos que uma instituição como a Universidade possa vir a nos encorajar e legitimar com uma distinção dessas”, celebrou.

Leia o breve discurso de Nelson Freire feito durante a cerimônia. A cópia, digitalizada, registra modificações feitas à mão pelo pianista.

O título
Em seus 94 anos de história, a UFMG outorgou o Doutor Honoris Causa, seu maior título honorífico, a apenas 24 personalidades, entre as quais a cantora lírica Maria Lúcia Godoy, o escritor português José Saramago, o bispo anglicano Desmond Tutu, o ex-presidente Juscelino Kubitschek e o cientista Carlos Chagas. Alguns indicados não chegaram a receber o título, como o arquiteto Oscar Niemeyer, o compositor e escritor Chico Buarque e o poeta Carlos Drummond de Andrade.

A homenagem, que é concedida por iniciativa do Conselho Universitário ou por sugestão de uma das congregações da UFMG, destina-se a brasileiros ou estrangeiros cujo trabalho seja de especial relevância para a cultura, a educação ou a ciência.