Ensino

Newsletter chega à 40ª edição com resenhas críticas sobre a literatura afro-brasileira

'Literafro novidades' é escrita por professores negros

O conto 'A mulher pálida', de Machado de Assis, está entre as publicações analisadas
O conto 'A mulher pálida', de Machado de Assis, está entre as publicações analisadas Fundo Correio da Manhã / Arquivo Nacional / Domínio Público / Wikimedia

O Literafro, portal sobre literatura afro-brasileira, editado pelo Grupo Interinstitucional de Pesquisa Afrodescendências na Literatura Brasileira da Faculdade de Letras (Fale) da UFMG, lançou a 40ª edição do Literafro novidades. O informativo reúne resenhas críticas de obras da literatura afro-brasileira recém-lançadas.

As resenhas são escritas exclusivamente por professores negros, em sua maioria da UFMG. “Chegamos a esse número com o mesmo grupo de pessoas, que entraram como estudantes de graduação e, quando passaram para o mestrado, não foram embora. Não é só um projeto estudantil, mas também um projeto de vida. O número 40 representa a solidez desse grupo, e só conseguimos atingir essa marca em razão do compromisso desses pesquisadores e professores”, ressalta Eduardo de Assis Duarte, coordenador do grupo e professor aposentado da UFMG.

As resenhas do mês de setembro analisaram publicações dos seguintes autores:

Machado de Assis
O precursor da literatura afrodiaspórica do século 20 está novamente ao alcance dos leitores em seus escritos sobre o negro, a escravatura e a branquitude brasileira nada cordial. Em sua terceira edição, o volume Machado de Assis afrodescendente, do próprio Eduardo Duarte, traz o conto pouco conhecido A mulher pálida, publicado em 1881 na revista feminina A estação, e novos textos ensaísticos assinados pelo organizador da coletânea. O livro é analisado pelo crítico Paulo Sérgio de Proença.

Carlos de Assumpção
Nascido em 1927, o atual decano da literatura afro-brasileira publicou pela Companhia das Letras os poemas reunidos em Não pararei de gritar. O título já indica sua fidelidade ao projeto da literatura negra ocidental em sua emanação brasileira. A obra foi analisada pelo crítico Adélcio de Souza Cruz.

Jeferson Tenório
O premiado romancista de O beijo na parede (2013) e Estela sem Deus (2018) complementa sua trilogia do abandono com a publicação de O avesso da pele, em que a criança e o homem maduro percorrem as ruas e avenidas do preconceito vigente na metrópole contemporânea, tão cosmopolita quanto conservadora em seus costumes e crenças. O novo romance é apresentado pelo crítico Alen das Neves Silva.

Lande Onawale
Autor celebrado na Bahia e também presente no eixo Rio–São Paulo–Minas, já traduzido e publicado nos Estados Unidos, Lande Onawale brinda seus leitores com os poemas de Pretices & milongas – conjunto marcado pela harmonia que constrói o todo, em paralelo ao dinamismo que faz cada texto ter luz própria. Literafro novidades incorpora nesta edição o posfácio assinado pelo crítico Henrique Freitas.

Eliana Alves Cruz
Finalista do Prêmio Oceanos com O crime do cais do Valongo, a escritora carioca persiste em investigar o passado colonial-escravista em seu novo romance, Nada digo de ti, que em ti não veja. Sua narrativa é centrada no lado sombrio de uma sociedade pautada pelo autoritarismo senhorial e religioso, ainda preso aos absurdos provenientes da Inquisição. O informativo reproduz matéria do jornal Estado de Minas em que o jornalista Guilherme Augusto mescla sua leitura com o depoimento da autora.

Édimo de Almeida Pereira
Produzir ficção para crianças é um desafio nada desprezível para quem se propõe a atingir corações e mentes de todas as idades. É o que faz Édimo de Almeida Pereira em sua sexta incursão pelo gênero, com a parábola O mercador de sorrisos. Uma análise da obra foi feita pela pesquisadora Luana Tolentino em artigo publicado na revista Carta Capital e reproduzido na newsletter.

Além de produzir o portal, o Grupo Interinstitucional de Pesquisa Afrodescendências na Literatura Brasileira participa de inúmeras publicações, com destaque para a coleção Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica e para os volumes didáticos Literatura afro-brasileira – 100 autores do século XVIII ao XXI (Pallas, 2014) e Literatura afro-brasileira – abordagens na sala de aula (Pallas, 2014). 

Os interessados em receber a newsletter, que tem periodicidade trimestral, podem se cadastrar aqui.

Mais informações estão disponíveis no site do grupo e também podem ser requisitadas pelo e-mail literafro@letras.ufmg.br.