Há 100 anos, uma revolução mudaria os rumos da Rússia, com a implantação do regime socialista, que atravessou o século XX e influenciou uma série de fatos históricos nas décadas seguintes. Hoje, a Rússia segue como um dos países mais poderosos do mundo sob a liderança de Vladimir Putin.

Com renda per capita de US$ 23,5 mil dólares, crescimento previsto de 1,6% na economia e desemprego em 5,5%, o país vive um momento relativamente tranquilo. Mas com o fim da União Soviética, a população começou a perder uma série de direitos conquistados após a Revolução de 1917, em áreas como saúde e educação.

"O número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza aumentou. A Rússia teve uma distribuição de renda muito ruim. Antes, ela era um país pobre, mas havia um certo igualitarismo pelo menos na grande base da população", analisa Lenina Pomeranz, professora aposentada da Faculdade de Economia da USP e doutora em planificação econômica pelo Instituto Plejanov de Moscou.

Em entrevista veiculada no Jornal UFMG nesta terça-feira, 7, Lenina comentou a transição de regime de governo ocorrida após o fim da União Soviética, em 1991, passando de um regime autoritário para um regime considerado autocrático, com a promulgação de uma nova Constituição, em 1993. "Criou-se um aparelho de Estado completamente diferente, capaz de administrar eleições de forma mais democrática", disse ela.

Sobre a passagem do regime socialista para o regime capitalista, a professora explicou que várias empresas foram privatizadas e o regime de propriedade foi alterado. "Quando você tem uma propriedade estatal, pública ou social dos meios de produção, você está diante de um regime socialista. Mas quando você passa a ter dominância da propriedade privada, você passa a ter um sistema capitalista. E o sistema russo hoje é o capitalista, com as suas próprias características", avalia.

E como tem sido a atuação de Putin e sua projeção no cenário político internacional? "Ele defende a soberania e os interesses nacionais da Rússia e vem atuando como elemento importante para resolver conflitos, como no caso da Síria, no conflito Israel e Palestina e na Ucrânia, sempre na perspectiva de assegurar os interesses de seu país", completa Lenina Pomeranz.

Série Revolução Russa, 100 Anos

A Rádio UFMG Educativa veicula, ao longo desta semana, uma série de entrevistas sobre as dimensões histórica, cultural e política do movimento bolchevique. Confira as entrevistas já veiculadas na programação:

Pesquisador avalia impactos da Revolução Russa, que completa 100 anos em 2017

Professora comenta influência da Revolução de 1917 na literatura russa