Especialistas reúnem-se para decifrar 'enigmas' de Moacyr Scliar
Obra do escritor gaúcho, que completaria 80 anos em 2017, será analisada em colóquio
Nesta quinta-feira, dia 26, a Faculdade de Letras recebe o colóquio O olhar enigmático de Moacyr Scliar, cuja motivação são os 80 anos do nascimento do escritor, comemorados em 2017. Morto em 2011, vítima de acidente vascular cerebral, Scliar legou vasta obra literária, com dezenas de livros, entre romances, volumes de contos, de crônicas e de histórias infantis e ensaios.
No decorrer de sua trajetória artística, muito tematizada pela tradição judaica no Brasil, o escritor porto-alegrense entrou para a Academia Brasileira de Letras e ganhou inúmeros prêmios, como o da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), o Casa de las Américas e o Jabuti. Sediado no auditório 2001 da Fale, o colóquio vai reunir mais de dez estudiosos da obra de Scliar para um dia de intensas discussões.
Às 9h, será exibido o filme O cabeleireiro da medusa: um emprego para o anjo da morte, de Cláudio Oliveira. Um debate com o diretor abre o evento. Em seguida, começam as comunicações que atravessam o dia (confira a programação, com participantes e temáticas tratadas) com intervalos para almoço e café (manhã e tarde).
As inscrições de ouvintes podem ser feitas no site da Faculdade de Letras, onde estão disponíveis os contos O cabeleireiro da Medusa e Um emprego para o anjo da morte, que inspiram o filme a ser exibido no início do evento.
Diante de Kafka
A professora da Faculdade de Letras Maria Zilda Cury, uma das organizadoras do evento, apresenta a comunicação de encerramento do colóquio, às 16h40. Na palestra Moacyr Scliar, precursor de Kafka, ela mobiliza o romance Os leopardos de Kafka para, a partir dele, discutir como o escritor brasileiro reverencia e, ao mesmo tempo, desconstrói a memória de Kafka, da qual ele próprio é herdeiro. “Com o livro, Scliar reafirma essa herança, mas deslocando-a a partir de uma perspectiva latino-americana”, explica Maria Zilda.
O título da palestra é uma alusão ao ensaio Kafka e seus precursores, de Jorge Luis Borges: nele, o escritor argentino propõe uma espécie de inversão, de forma a sugerir que são os novos autores que, no estabelecimento de suas obras, “criam” os seus precursores, reinventando a tradição à luz do presente. “É uma perspectiva em que a obra do presente daria a condição de leitura e de iluminação da obra do passado”, esclarece Maria Zilda, que vai refletir sobre como Scliar reinventa o precursor em sua obra.
Além de Maria Zilda Cury, organizam o evento os professores e pesquisadores Saul Kirschbaum, Berta Waldman e Lyslei Nascimento. A promoção é do Núcleo de Estudos Judaicos da UFMG (NEJ), com o apoio da Faculdade de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários (Pós-Lit).