Pesquisa e Inovação

Palestra relaciona déficit de saneamento na área rural com vulnerabilidade de grupos sociais

Estudo será apresentado por professora da Engenharia no Festival de Verão

Grupo envolvido no trabalho busca compreender a relação das comunidades com o ambiente em que vivem
Grupo envolvido no trabalho busca compreender a relação das comunidades com o ambiente em que vivem Acervo PNSR/ Equipe de campo

O déficit de atendimento dos serviços de saneamento básico está vinculado, em grande parte, à vulnerabilidade de grupos sociais que ocupam as áreas rurais nas diversas regiões do país – indígenas, quilombolas, pescadores, trabalhadores extrativistas, agricultores, entre outros – e a questões como a de gênero.

Em palestra na quarta-feira, 22, que integra a programação do 11º Festival de Verão da UFMG, a professora Sonaly Rezende, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, da Escola de Engenharia, pretende mostrar como a invisibilidade desses grupos se reflete na dificuldade de acesso ao direito ao abastecimento de água, ao esgotamento sanitário e à destinação adequada dos resíduos sólidos.

Sonaly Rezende, que é mestre em saneamento e doutora em demografia pela UFMG, salienta que as tecnologias e soluções de gestão para o saneamento são pensadas sobretudo para o ambiente urbano e não atendem às necessidades dos diferentes perfis das populações da área rural. Ela defende também que as soluções sejam baseadas nos saberes das comunidades e em sua percepção do que efetivamente precisam.

“Não adianta, por exemplo, as pessoas receberem kits sanitários se não for mostrada a elas a importância para a saúde de disporem de banheiros, mecanismos de coleta dos resíduos e água corrente para higiene adequada. Sem uma construção conjunta, elas acabam não usando o material, e o investimento se perde”, diz a pesquisadora, que coordena, com o professor Leo Heller – também da UFMG e relator da ONU sobre água e saneamento –, equipe que elabora o Programa Nacional de Saneamento Rural (PNSR), um dos três eixos do Plano Nacional de Saneamento Básico. O programa será concluído em setembro deste ano.

O trabalho, desenvolvido por pesquisadores da UFMG e de outras instituições, em parceria com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), abrange discussão sobre a definição de área rural, análise situacional – baseada em dados secundários, como os produzidos pelo IBGE, e pesquisa de campo –, propostas relacionadas a tecnologias, gestão e educação. O plano vai incluir diretrizes e metas, além de previsão de investimentos em obras e capacitação, em curto, médio e longo prazos.(Leia mais em matéria publicada pelo Boletim UFMG.)

Em sua palestra, que será realizada no miniauditório do Conservatório UFMG, Sonaly Rezende vai ressaltar ainda a importância de se conhecer a relação das comunidades rurais com o ambiente em que vivem e de se compreender o papel das mulheres, a quem está destinada grande parte das tarefas domésticas.

Palestra: A exclusão sanitária como causa e consequência da invisibilidade de populações rurais
Dia 22/2, quarta-feira, das 10h às 12h, no miniauditório do Conservatório UFMG (Avenida Afonso Pena, 1.534)
Entrada franca, limitada à capacidade do espaço