Coberturas especiais

Participação de mulheres na política é tema do Café Controverso de sábado

Professora da UFMG e assessora da Procuradoria Eleitoral discutem desigualdade em cargos eletivos

A cientista social Áurea Carolina foi a vereadora mais votada de Belo Horizonte nas eleições de 2016
A cientista social Áurea Carolina foi a vereadora mais votada de Belo Horizonte nas eleições de 2016 Beto Staino / Wikipédia / Creative Commons 4.0

Discutir os entraves históricos que dificultam a participação política da população feminina e a realidade contemporânea é a proposta do Café Controverso - Mulheres em cargos no legislativo e executivo, que será realizado neste sábado, 10 de março, às 11h, na Cafeteria do Espaço do Conhecimento UFMG. A entrada é gratuita, e o público está convidado a participar da discussão.

Participam do debate Marlise Matos, professora do Departamento de Ciência Política da UFMG e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (Nepem), e Thaís Gonçalves, assessora na Procuradoria Regional Eleitoral em Minas Gerais (PRE-MG).

Marlise e Thaís vão refletir sobre a participação e a representação de mulheres na política formal, ainda muito distantes da composição da população brasileira. No âmbito mundial, o Brasil apresenta uma das proporções mais desiguais entre homens e mulheres em cargos eletivos, ficando atrás de países como Arábia Saudita e Afeganistão. Na América Latina, o país ocupa a antepenúltima posição no ranking de representação feminina na política. Nas diferentes instâncias, elas não chegam a ocupar nem 10% das cadeiras.

Lei não é suficiente
Para a professora Marlise Matos, da UFMG, a ideia de que as mulheres não querem ou não sabem participar da política é falaciosa. “Não existe movimento social sem a força e a luta das mulheres.  O problema é que elas encontram mais obstáculos para se candidatarem e se elegerem, como a múltipla jornada de trabalho e a dificuldade em captar recursos para campanhas”, destaca a professora, que acumula experiência de três décadas de pesquisa sobre o tema

A partir de 2009, os partidos passaram a ser obrigados a comporem as chapas com pelo menos 30% de candidatas e investir no mínimo 5% do fundo partidário em participação feminina. Contudo, como destaca Thaís Gonçalves, assessora da Procuradoria Regional Eleitoral em Minas Gerais (PRE-MG), os avanços têm ficado só no papel.

“Desde as últimas eleições, em 2014, nós percebemos um aumento no número de fraudes na candidatura de mulheres, como o recebimento de zero voto e a inexistência de campanha eleitoral. Em certos casos, muitas delas nem sabiam que eram candidatas. Só a cota não é capaz de aumentar a participação feminina”, afirma. Thaís defende, ainda, a necessidade de discutir novas propostas para transformar as candidaturas em paridade efetiva na ocupação das cadeiras.

O Espaço do Conhecimento UFMG fica na Praça da Liberdade, 700. Mais informações podem ser solicitadas pelo telefone (31) 3409-8350.