Peptídeo controla infecção e protege contra lesão induzida pelo zika vírus
Terapia foi desenvolvida por grupo do ICB com uso de ferramentas da biotecnologia
![James Gathany / CDC / Domínio Público 'Aedes aegypti', mosquito transmissor do zika vírus](https://ufmg.br/thumbor/xqWv_GB5VF--iVssv6CucM7B2do=/295x129:2528x3556/352x540/https://ufmg.br/storage/8/d/9/2/8d925bfd9c40bcd14a9046fcaa8abbd8_1541507221658_326545890.jpg)
Um novo conceito de antiviral, projetado com ferramentas da biotecnologia, mostrou eficácia contra o zika e outros vírus transmitidos por mosquitos. Nessa abordagem terapêutica um peptídeo atravessa a barreira hematoencefálica – que envolve o cérebro –, controla a infecção sistêmica, reduz as cargas virais e protege contra a lesão induzida pelo zika. “Nossos resultados demonstram como as estratégias de engenharia podem ser aplicadas na geração de terapias peptídicas para tratar infecções virais neurotrópicas”, resume a professora Vivian Vasconcelos Costa Litwinski, do Departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB).
Por atuar contra todos os arbovírus, a nova terapia contorna um dos dilemas no tratamento das arboviroses, que é o reconhecimento tardio dos sintomas, indiferenciáveis clinicamente. Nas terapias atualmente disponíveis, enquanto espera resultado dos exames laboratoriais, o paciente demora a receber tratamento, o que reduz as chances de sucesso no uso de antivirais. Nos testes em modelo animal, o novo peptídeo funcionou como pós-tratamento, tendo sido administrado depois do terceiro dia de infecção.
“Procuramos mimetizar o que acontece na vida real, pois as pessoas só são tratadas quando os sintomas começam a se manifestar, ou seja, quando o vírus já está se replicando”, explica o orientador da pesquisa, Mauro Teixeira, professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia do ICB e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Dengue.
O assunto é abordado na matéria de capa da edição 2.039 do Boletim UFMG, que circula nesta semana.