Comunidade acadêmica marcha contra cortes na ciência
Concentração será na manhã de domingo, na Praça da Liberdade
No próximo domingo, dia 12, pesquisadores, servidores, alunos e professores de instituições mineiras estarão reunidos na Marcha pela Ciência, movimento cujo objetivo é alertar a sociedade para os perigos decorrentes dos cortes orçamentários previstos para a área das de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil. A concentração terá início às 10h, na Praça da Liberdade.
De acordo com a professora Miriam Teresa Lopes, do Departamento de Farmacologia da UFMG, que representa a coordenação da Marcha na Universidade, pronunciamentos de docentes e autoridades serão organizados ao longo do dia, no local do evento. “A redução do orçamento para aqueles setores estratégicos terá reflexos muito negativos no desenvolvimento do país. Por isso, é importante mobilizar também amigos e familiares”, convida a professora .
A contenção dos investimentos é imposta pelo texto da Emenda Constitucional 95, promulgada no ano passado, que limita por 20 anos os gastos públicos em áreas como Educação, Saúde e C,T&I.
A Marcha é um movimento internacional, surgido nos Estados Unidos, como reação à tentativa do presidente Donald Trump de aprovar decretos que vão contra evidências cientificamente comprovadas. No Brasil, o movimento é organizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
'Bomba armada'
Na visão do pró-reitor de Pesquisa da UFMG, Ado Jorio, marchas como a do próximo domingo são uma forma de comunicar à sociedade, de forma clara, o custo de medidas como a Emenda 95. "Essa emenda é uma bomba armada, um desaste programado para o Brasil, porque impede o desenvolvimento científico", afirma o professor, lembrando que o corte de verbas não apenas interrompe pesquisas, mas "desconstrói o trabalho de décadas que levou o Brasil a ser reconhecido e ter voz no grande debate internacional que é a ciência".
Menos R$ 13 bi
Em julho deste ano, durante a 69ª Reunião da SBPC, realizada na UFMG, foi instalado, na entrada do campus Pampulha, um tesourômetro, contador digital que prevê, em tempo real, o montante que o governo federal deixa de investir em ciência e tecnologia. Em meados daquele mês, a estimativa era que, desde 2015, já haviam sido cortados R$ 11,5 bilhões; nesses primeiros dias de novembro, o contador já se aproxima dos R$ 13 bilhões.
O tesourômetro é uma ação da campanha Conhecimento sem Cortes, implementada por professores, pesquisadores e estudantes de universidades e institutos federais no combate aos efeitos da Emenda Constitucional 95, que impõe cortes no orçamento para itens como educação, saúde e ciência pelos próximos 20 anos.