Pioneiro na computação, Wilson de Pádua recebe título de emérito da UFMG
Professor foi um dos fundadores do Departamento de Ciência da Computação
Pesquisador nas áreas de engenharia de telecomunicações, engenharia de software e multimídia, produção digital de música e modelagem gráfica tridimensional, Wilson de Pádua Paula Filho recebeu, na noite desta terça-feira, 7, o título de Professor Emérito da UFMG, por iniciativa do Departamento de Ciência da Computação (DCC), do qual foi um dos fundadores.
Em sessão solene e pública da congregação do Instituto de Ciências Exatas (ICEx), Wilson de Pádua ouviu, de ex-alunos e colegas, referências à sua genialidade, visão e capacidade de liderança. O vice-reitor em exercício, José Marcos Nogueira, relembrou os anos em que foi seu estagiário, aluno e orientando de mestrado e destacou a luta de Pádua “pela independência tecnológica do país pela via do desenvolvimento de tecnologias para a construção de computadores nacionais, nos aspectos de hardware e software”.
“Visionário e vanguardista, ele é uma combinação singular que explica muito do que se transformou o DCC”, afirmou o chefe do Departamento, Wagner Meira Jr., que também foi seu aluno. “Nos idos de 1980, o professor Wilson criou o Laboratório de Engenharia da Computação, que existe até hoje. Uma proposta tão avançada, que só agora estamos prestes a ganhar o curso de Engenharia da Computação”, exemplificou Meira. O anúncio de que a proposta de criação está em vias de ser encaminhada foi feito na solenidade, pelo reitor Jaime Ramirez, citando parceria entre o ICEx e a Escola de Engenharia.
Ramírez também anunciou que as obras do Centro de Atividades Acadêmicas de Ciências Exatas (CAD 3) serão concluídas até fevereiro e que o novo prédio iniciará suas atividades ainda no primeiro semestre letivo de 2018.
Netos acadêmicos
Aposentado desde 2002, Wilson de Pádua Paula Filho ainda atua no DCC, onde dirige a área de processos de desenvolvimento e manutenção de software no Laboratório de Engenharia de Software e Sistemas (Synergia).
O reitor Jaime Ramírez ressaltou que a entrega do título é um reconhecimento à dedicação e ao comprometimento pelos anos destinados ao magistério, à formação de mestres, à pesquisa e à gestão acadêmica, e “também sinaliza que a instituição lhe pede que continue presente, nos ajudando a ensinar (com rigor e simplicidade) e a aprender e, assim, construir a sociedade de que necessita o país, cada vez mais relevante e justa”.
Ao agradecer o título, Wilson de Pádua citou familiares, docentes, servidores técnico-administrativos, alunos – pessoas com quem compartilhou a trajetória de quase quatro décadas como docente da UFMG.
Na saudação ao colega, o também professor aposentado Henrique Pacca Loureiro Luna contabilizou mais de 40 mestres formados sob a orientação de Pádua, 11 dos quais se tornaram professores do DCC. A esse número, José Marcos Nogueira acrescentou 214 “netos acadêmicos”, isto é, pesquisadores orientados pelos ex-alunos do homenageado.
Trajetória
Graduado em Engenharia Mecânica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Wilson de Pádua Paula Filho é mestre e doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo (USP), instituição da qual foi, por três anos, analista no laboratório de Física Nuclear.
Em 1972, ingressou na UFMG como professor assistente do Departamento de Matemática, do qual se desmembraria, poucos meses depois, o Departamento de Ciência da Computação e Estatística. Em 1974, atuou como pesquisador convidado do Deutsches Elektronen Synchrotron, em Hamburgo (Alemanha), e foi aprovado no concurso para professor adjunto da UFMG. Durante os primeiros anos na Universidade, dividiu o seu tempo entre o Instituto de Ciências Exatas (ICEx) e o Centro de Computação (Cecom), onde chefiava a Divisão de Tecnologia, responsável pelos primeiros trabalhos de desenvolvimento de hardware.
Ainda em 1974, foi um dos fundadores do curso de pós-graduação em Ciência da Computação e seu primeiro coordenador. Wilson de Pádua também foi o primeiro chefe do Departamento de Ciência da Computação, criado em 1976 após ter sido desmembrado do Departamento de Estatística. Ele exerceu o cargo durante quatro mandatos.
Wilson Pádua teve relevante participação nos movimentos em favor da tecnologia nacional de informática, nos anos 1970, incluindo a fundação da Sociedade Brasileira de Computação (SBC).
Como pesquisador, atuou no desenvolvimento de suporte à engenharia de telecomunicações, baseado em sistemas de informação geográfica. Ao mesmo tempo, orientou dissertações relacionadas à produção digital de música e à modelagem gráfica tridimensional, tendo-se tornado, em 1995, docente do mestrado em Artes Visuais da Escola de Belas Artes.
O professor Wilson Pádua tem livros publicados nas áreas de engenharia de software e multimídia.