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Jornalista é a primeira mulher com deficiência a se tornar mestra em Comunicação pela UFMG

Mariana Cecília da Silva analisou incursões etnográficas de mulheres no YouTube; defesa foi mediada pelo Skype

Mariana Cecilia, no canto inferior, a direita, defende seu mestrado via Skype
Mariana Cecilia da Silva (no canto inferior, à direita) durante a defesa on-lineArquivo pessoal

A  jornalista Mariana Cecília da Silva é a primeira mulher com deficiência a tornar-se mestra pelo Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) da Fafich. A defesa de sua dissertação, intitulada Eu, elas, nós; mulheres com deficiência: observações afetivas em vídeos do YouTube, ocorreu na última quarta-feira, dia 25, por Skype, em conformidade com as diretrizes da UFMG para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. O trabalho foi orientado pela professora Sônia Caldas Pessoa. 

Segundo a autora, trata-se de um estudo com inspirações afetivas que discute como as mulheres com deficiência são percebidas por elas mesmas e pelas pessoas que movimentam as redes sociais. “O corpo delas é visto não como ele pode ser, como possibilidade, mas como a sociedade dita. As pessoas tiram conclusões sobre aquele corpo antes que ele possa contar a sua história, antes que fale de si ou se apresente como uma vida que importa”, explica Mariana, que é jornalista da Rede Minas de Televisão.

Resistência
As análises foram feitas com base em incursões etnográficas e autoetnográficas em vídeos disponíveis em modo público na rede YouTube. “Quando utilizo a plataforma, é uma questão de resistência mesmo. Vejo meu trabalho como um avanço, abriu portas para outras mulheres com deficiência sonharem com uma pós-graduação, com um título de mestra. É muito importante uma mulher com deficiência falar sobre outras mulheres com deficiência”, comenta ela, que tem displasia óssea e catarata congênita.

Sobre a experiência de defender a tese via Skype, a nova mestra diz que “foi diferente, rica, apesar de não ter a presença física da banca”.

Seu trabalho foi desenvolvido no âmbito do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Acessibilidade e Vulnerabilidades (Afetos). A banca examinadora reuniu, além da orientadora, Sonia Pessoa, os professores Joana Ziller de Araujo Josephson e Carlos Magno Camargos Mendonça, tendo na suplência as professoras Camila Mantovani e Verônica Soares.