Processo de heteroidentificação racial da UFMG é objeto de reflexão em livro de Rodrigo Ednilson
Professor da FaE passou os últimos dois anos concentrado na preparação da obra
Antes mesmo da lei federal de 2012 que determina cotas raciais nas universidades entrar em vigor, a UFMG passou a adotar políticas de ações afirmativas para pretos e pardos, ainda em 2009. O processo baseado na autodeclaração dos candidatos, buscava minimizar a desigualdade de acesso às instituições de ensino. Três anos depois, quando veio a lei, começaram a surgir denúncias de fraudes na autodeclaração, evidenciando ocasionais incompatibilidades entre o modo como alguns candidatos se viam e a forma como os demais estudantes os enxergavam. Então, a UFMG e outras instituições passaram a aprimorar o sistema de autodeclaração e implementaram também o procedimento de heteroidentificação racial.
Com base nas reflexões que surgiram nessas bancas, implementadas na Universidade a partir de 2019, o professor da Faculdade de Educação Rodrigo Ednilson escreveu o livro Quem quer (pode) ser negro no Brasil?. A partir de suas experiências pessoais, acadêmicas e de gestão, o professor discute a heteroidentificação e autodeclaração pretas ou pardas e promove a reflexão do que é ser negro no Brasil, olhando para o contexto social, cultural, educacional, político e histórico do nosso país.
Rodrigo Ednilson de Jesus é o presidente da Comissão de Ações Afirmativas e Inclusão da UFMG e um dos professores condutores do processo que ajudou a aperfeiçoar a política de ações afirmativas da Universidade. Em entrevista ao programa Conexões desta quarta,12, o professor ressaltou a política de reserva de vagas como uma conquista importante e destacou que a autodeclaração é fundamental, mas não suficiente.
O docente falou ainda sobre a expectativa pelo lançamento da obra e explicou como o processo de heteroidentificação alcança uma avaliação convergente. “O livro pega um ato administrativo e eu vou tentando mostrar que esse processo de heteroidentificação está na cabeça da sociedade porque nós conseguimos fazer heteroidentificação. Mas, quando a gente define critérios únicos para os avaliadores, a gente tende ao que eu estou chamando no livro de convergência da avaliação. Ou seja, mesmo os avaliadores sem dialogarem entre si, sem buscarem um consenso dialogado, tendem a ler as pessoas de forma muito parecida. Porque, afinal de contas, a gente é capaz de saber quem é negro no Brasil”.
O lançamento de Quem quer (pode) ser negro no Brasil?, de Rodrigo Ednilson de Jesus, publicado pela Editora Autêntica, é nesta quinta-feira, 13 de maio, a partir das 19h. A transmissão do evento será pelo canal da editora no YouTube e contará com as presenças da professora emérita da UFMG Nilma Lino Gomes e da reitora da Universidade, Sandra Regina Goulart Almeida.
Produção: Flora Quaresma, sob a orientação de Luiza Glória
Publicação: Alessandra Dantas