Coberturas especiais

Procura de atendimento por casos de bruxismo cresce durante a pandemia

Professora da Faculdade de Odontologia da UFMG Júnia Serra-Negra falou sobre as consequências do estresse gerado pela pandemia

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o bruxismo afeta cerca de 84 milhões de brasileiros, equivalente a 40% da população.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o bruxismo afeta cerca de 84 milhões de brasileiros, equivalente a 40% da população. Photo by engin akyurt on Unsplash

Além de desencadear sintomas próprios, como febre, falta de ar, perda de paladar e de olfato, a covid-19 também pode estar associada a outras enfermidades. Em várias partes do mundo, por exemplo, estão sendo desenvolvidas pesquisas que tentam entender a relação entre o coronavírus e doenças neurológicas. A relação entre a covid-19 e a saúde mental também vem sendo estudada por diferentes cientistas no globo. As incertezas que a pandemia trouxe geraram estresse e ansiedade, e um dos problemas que se tornou ainda mais frequente foi o bruxismo, caracterizado pelo ranger ou apertamento exagerado dos dentes durante o dia ou à noite. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o comportamento afeta cerca de 84 milhões de brasileiros, o que equivale a 40% da população. 

Nesta sexta-feira, 9, o programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, recebeu a professora Júnia Serra-Negra, do Departamento de Saúde Bucal da Criança da Faculdade de Odontologia da UFMG, para esclarecer os motivos associados ao bruxismo e como a pandemia pode aumentar os casos na população. Segundo a professora, o bruxismo já foi identificado como neurose, disfunção, desordem e, atualmente, é associado ao comportamento. 

Além da relação direta do bruxismo com a fadiga mental, Júnia Serra-Negra explicou que doenças respiratórias, como rinite, sinusite e asma, podem estar relacionadas ao bruxismo, assim como a rotina dos pacientes. A saúde do sono e os hábitos antes de dormir também são fatores importantes para avaliar a condição: TV ligada e muito tempo no celular antes de dormir são atitudes que interferem no sono e podem desencadear o bruxismo. "Até mesmo a alimentação noturna pode afetar um sono saudável: alimentos estimulantes, como chás, cafés e chocolates, podem diminuir a função revigorante do descanso", alertou.

Os sinais de alerta para o bruxismo, segundo a professora, são o ranger de dentes noturnos, normalmente informado por parentes e companheiros de quarto, e as dores muscular e de cabeça, além de zumbidos no ouvido durante o dia. O bruxismo não tem cura, mas o tratamento incide sobre os fatores e causas associados. Um dos passos é melhorar o sono e a rotina. Segundo Júnia Serra-Negra. é importante que as pessoas mantenham uma rotina saudável e equilibrada, com atividade física, boa alimentação, horários regulados manutenção da saúde mental. 

Ouça a conversa com Luíza Glória

Outras informações sobre o bruxismo e como tratá-lo podem ser encontradas em perfil do Instagram que reúne dicas para um sono saudável. A conta é mantida pelo projeto de extensão Atenção odontológica a crianças e adolescentes com distúrbios do sono, da Faculdade de Odontologia, coordenado pela professora Júnia Serra-Negra.

Produção: Arthur Bugre
Publicação: Isadora Oliveira, sob orientação de Hugo Rafael