Saúde

Professores da UFMG integram comitê popular contra a covid-19 em BH

Grupo de especialistas e entidades vê indícios de quarta onda na capital; boletins semanais terão análises epidemiológicas, orientações à população e incentivo à imunização

Comitê Popular de BH defende obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços fechados
Comitê Popular de BH defende obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços fechados Raquel Portugal | Fiocruz

Três professores da UFMG compõem o Comitê Popular Beagá de Enfrentamento à Covid, lançado na tarde desta sexta-feira, dia 3: Cristina Alvim, Unaí Tupinambás e Dirceu Greco, todos vinculados à Faculdade de Medicina, se unem ao Observatório de Políticas e Cuidados em Saúde da Faculdade, ao Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFMG e a outros profissionais, acadêmicos, entidades e sindicatos da área da saúde. São 17 membros.

A criação do comitê foi motivada pela preocupação com o aumento de casos da doença e com a flexibilização de medidas de combate à pandemia. O grupo terá função similar à do extinto comitê de enfrentamento da Prefeitura de BH, mas com composição ampliada, pois reúne representantes de entidades do setor de saúde e de movimentos populares. No evento de lançamento, foi divulgado o primeiro boletim epidemiológico produzido pelo grupo – a publicação será semanal.

Também preocupam o comitê a pressão sobre os hospitais, a subnotificação com a chegada dos autotestes nas drogarias e o aumento da contaminação de crianças de 5 a 11 anos. A pediatra e professora da UFMG Cristina Alvim lembra que é ainda muito baixa a adesão dessa faixa da população à vacinação. “O comitê vai estimular que pessoas de todas as idades completem seus esquemas de imunização, fará análises constantes da situação epidemiológica na cidade e divulgará orientações sobre as medidas capazes de prevenir a contaminação e o aumento de casos”, diz Cristina, que coordena o Comitê da UFMG de Enfrentamento à Covid-19 e assumiu recentemente a vice-diretoria da Faculdade de Medicina.

Taxa de incidência muito maior
Em entrevista durante o lançamento do Comitê Popular, os especialistas mencionaram indícios de uma quarta onda de covid-19. A taxa de incidência do vírus está próxima de 200 a cada 100 mil habitantes; no início de maio, a incidência era de 60.

No fim de março, a taxa de normalidade (que combina incidência da covid, mortalidade e níveis de vacinação) na capital era de 92%; baixou agora para 84%.

Unaí Tupinambás ressaltou que morrem três pessoas por dia, em média, em Belo Horizonte. Diferentemente do que a Prefeitura passou a recomendar, ele defende que deve ser obrigatório o uso de máscaras em espaços fechados. “Aumentam os resultados positivos nos exames de covid e os casos de síndrome respiratória aguda grave nas unidades de saúde. Nosso objetivo é dialogar com a sociedade, com dados divulgados com transparência, e mostrar que a pandemia não acabou. Por isso, cuidados devem ser mantidos”, alertou o professor da UFMG.

A sede do comitê popular será no Observatório de Políticas e Cuidados em Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG.

Integrantes
Integram o comitê Carlos Starling (infectologista, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia), Cristina Alvim (coordenadora do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da UFMG), Henrique Guerra (epidemiologista, professor da PUC Minas), Unaí Tupinambás (infectologista, professor da Faculdade de Medicina da UFMG), Dirceu Greco (infectologista, professor emérito da UFMG), Estevão Urbano (médico, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia), Wanderson Oliveira (epidemiologista e secretário de Saúde do STF), Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (núcleo mineiro), Associação de Usuários de Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais, Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais, Diretório Central dos Estudantes da UFMG, Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, Observatório de Políticas e Cuidados em Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG, Pastoral da Saúde, Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, Sindicato dos Enfermeiros de Minas Gerais e Sindicato das Psicólogas e Psicólogos de Minas Gerais.