Programa viabiliza formação de cooperativas de laboratórios da UFMG para atendimento à sociedade
Iniciativa se concentra nas áreas em que a Universidade tem capacidade instalada avançada
Com mais de 860 grupos de pesquisa cadastrados na base de dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e aproximadamente 600 laboratórios – espaços onde são realizados estudos e análises que geram conhecimento técnico-científico de relevância social, tecnológica e econômica –, a UFMG acaba de lançar o Programa Coolabs – Cooperativa de Laboratórios, com o objetivo de fortalecer o acesso dos diversos setores à sua estrutura e ao conhecimento gerado na Universidade.
Por meio do programa, a UFMG, que é referência na América Latina em produção científica, passa a sistematizar a prestação de serviços à sociedade. O objetivo é organizar as estruturas de pesquisa para finalidades específicas, utilizando métodos de governança e logística integradas. O programa é coordenado pela Pró-reitoria de Pesquisa, e a gestão está a cargo da Fundação de Desenvolvimento de Pesquisa (Fundep) da Universidade.
“É mais um avanço da UFMG no âmbito da ciência e tecnologia, o que evidencia mais uma vez sua relevância social. A UFMG foi a primeira universidade brasileira a regulamentar o Marco Legal da Inovação e ostenta hoje produção com impacto acima da média mundial em 11 de 27 áreas do conhecimento. Tudo isso precisa retornar para a sociedade”, avalia a reitora Sandra Regina Goulart Almeida.
A UFMG chega, no próximo dia 7 de setembro, a 93 anos dedicados à produção científica e, só nos últimos 23 anos, desde a criação de outra estrutura de organização da pesquisa – a Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica –, acumulou 1.051 depósitos de pedido de patente, 106 contratos de licenciamento e 113 acordos de parceria que geraram R$ 6,3 milhões em comercialização da propriedade intelectual.
Outra estrutura coletiva de produção de conhecimento, o Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC) registrou, em 2018, faturamento de R$ 170,3 milhões com suas empresas residentes e investimentos de R$ 32 milhões. A movimentação gerou impostos para município, estado e União da ordem de R$ 25,6 milhões. “A interação universidade-empresa garante retorno direto para a sociedade. A cada R$ 100 que a UFMG movimenta com ciência e tecnologia, são gerados R$ 30 para a sociedade, por meio de recolhimento de impostos", destaca Sandra Goulart Almeida.
Articulação de recursos
Na avaliação do pró-reitor de Pesquisa da UFMG, Mario Montenegro Campos, “o programa CooLabs abre a possibilidade de que laboratórios de diferentes unidades se coordenem para prestar serviços de forma articulada, racionalizando esforços e recursos”. Ele lembra que os projetos poderão abarcar áreas distintas, como análise de materiais, ciência de dados e avaliação de barragens de mineração.
Desde 23 de maio, está em operação o CooLabs Covid-19, criado com base no consórcio de sete laboratórios que se uniram para atender à demanda da Secretaria de Saúde de Minas Gerais relacionada à realização de testes de diagnóstico da doença causada pelo Sars-CoV-2, o novo coronavírus.
“A UFMG respondeu rapidamente à demanda do governo do estado e pôs sua estrutura de laboratórios para atender à necessidade emergencial de testagem em Minas. Foi isso que nos inspirou a montar essa rede de laboratórios para atender à demanda da sociedade e outras que venham a surgir”, reitera Sandra Goulart Almeida. A UFMG tornou-se laboratório parceiro da Funed – foi a única universidade no estado a adquirir este status – por meio da Redelab Covid-19.
Coordenador do CooLabs Covid-19, o pró-reitor adjunto de Pesquisa, André Massensini, ressalta que a iniciativa é estruturada com base no respeito a todas as normas que regem a prestação de serviços pela UFMG e propiciará melhores condições de trabalho aos pesquisadores, viabilizando a captação de recursos para o engajamento de bolsistas. “Um dos benefícios gerados pelo programa será abrir novas frentes de apoio ao ensino de graduação e pós-graduação”, diz o professor.
Capacidade e demanda em harmonia
A CooLabs Covid-19, que será referência para as novas cooperativas, conta com um comitê gestor que recebe as demandas, dimensiona os recursos necessários e a infraestrutura instalada no conjunto de laboratórios e direciona os projetos. “Nossa função é harmonizar necessidades e capacidade de atendimento, e os laboratórios se apoiam mutuamente, de acordo com as circunstâncias”, informa o professor Adriano Sabino, da Faculdade de Farmácia, que coordena o comitê. A prestação de serviços a hospitais e outras instituições públicas é feita com recursos oriundos da Secretaria de Educação Superior (Sesu) do Ministério da Educação.
Enquanto a UFMG oferece sua infraestrutura física e científica para a realização dos testes, a Fundep é responsável pela administração do programa, por meio da captação dos contratos com os clientes, gestão financeira, processamento das compras e apoio logístico. Os laboratórios da UFMG realizam a parte analítica (teste). As etapas pré-analítica (coleta) e pós-analítica (laudo) são de responsabilidade dos contratantes, ou seja, das instituições de saúde que demandam os serviços.
Do início de março até 20 de agosto, os laboratórios do Instituto de Ciências Biológicas, das faculdades de Medicina e de Farmácia e da Escola de Veterinária haviam realizado 30.845 testes de diagnóstico (do tipo RT-PCR) para a covid-19. O consórcio da UFMG é o que mais testa entre os parceiros do estado – a capacidade dos laboratórios é de até 1,5 mil testes por dia. O CooLabs Covid-19 integra rede que apoia as ações do poder público no combate à pandemia, e suas unidades seguem as normas sanitárias e de biossegurança.
A experiência da UFMG foi também decisiva para que a Instituição fosse escolhida para coordenar projeto de laboratórios de campanha do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), que envolve 13 instituições, com o objetivo de ampliar a testagem da Covid-19.