Projetos da UFMG na área da bioimagem ganham recursos em seleção internacional
Professores Gustavo Menezes e Cristina Guatimosim coordenam as iniciativas, que serão financiadas por organização filantrópica ligada ao Facebook
![Foca Lisboa | UFMG Pesquisadora utiliza equipamentos do Centro de Microscopia da UFMG](https://ufmg.br/thumbor/1lZLXfmZTKPjNC2vSbQ4c3jPJXA=/0x0:1500x965/1500x965/https://ufmg.br/storage/3/f/2/a/3f2a9e930604033029b45c7ec468eb17_16382980382619_1439954759.jpg)
Dois projetos na área da bioimagem coordenados por docentes do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG foram selecionados em chamada internacional da Iniciativa Chan Zuckerberg (CZI), organização filantrópica cofundada e copresidida por Mark Zuckerberg, do Facebook, e por sua esposa, Priscilla Chan.
Serão investidos, nos dois projetos, US$ 500 mil para capacitar pesquisadores e ampliar seu acesso a conhecimentos e a novas tecnologias de diagnóstico por imagem, as quais podem ser usadas em pesquisas destinadas à prevenção e ao controle de doenças. A divulgação do conhecimento e o fortalecimento da cultura científica em escolas públicas de nível básico e fundamental é outro objetivo importante das propostas.
Os projetos Rede de bioimagem para o avanço da pesquisa biomédica (Rede BioIMG Net), coordenado pela professora Cristina Guatimosim, e Democratizando a microscopia em todo o Brasil, liderado pelo professor Gustavo Batista Menezes, ambos do Departamento de Morfologia, serão realizados em três anos, e os recursos vão custear salários e mobilidade de pessoal, a realização de eventos científicos e a divulgação de informações Rede BioIMG Net vai receber US$ 300 mil, e Democratizando a microscopia, US$ 200 mil.
A Iniciativa Chan Zuckerberg surgiu em 2015, com o objetivo de ajudar a resolver alguns dos desafios mais complexos enfrentados pela humanidade – desde a erradicação de doenças e a melhoria da educação até o atendimento das necessidades de comunidades locais – e contribuir para um futuro mais inclusivo, justo e saudável para todos.
![Arquivo ICB-UFMG Cristina Guatimosim](https://ufmg.br/thumbor/gQe9WxLKcmodC6Ive6OdOwudfgs=/0x2:705x1082/352x540/https://ufmg.br/storage/d/f/8/f/df8f53e20b36f1109c6342ea8a309b50_16382981505152_1975383000.jpeg)
'Rede de bioimagem'
De acordo com a bióloga Cristina Guatimosim – que coordena a Rede BioIMG Net junto com os professores Gregory Kitten, diretor do Centro de Microscopia da UFMG, e Rossana Melo, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) –, o primeiro passo será promover intercâmbio e oferecer treinamento a pesquisadores, técnicos e estudantes em técnicas avançadas de microscopia. O projeto prevê a realização de cursos e workshops, a criação de um website para a divulgação das atividades da rede e visitas monitoradas de estudantes e professores da educação básica de escolas públicas aos laboratórios e centros multiusuários participantes.
Com sede no Centro de Microscopia da UFMG, a Rede BioIMG Net é formada pelo Centro de Aquisição e Processamento de Imagens (Capi), do ICB e da Faculdade de Medicina da UFMG, e cientistas, laboratórios e estruturas técnico-científicas das federais de Ouro Preto (Ufop), de Juiz de Fora (UFJF), dos Vales do Mucuri e Jequitinhonha (UFVMJ), de Viçosa (UFV), da Fundação Ezequiel Dias (Funed) e da Fiocruz. Essas instituições começaram a se articular tão logo foi divulgado o resultado da seleção. Os recursos devem ser liberados já a partir de dezembro deste ano.
“O reconhecimento da CZI mostra que estamos no caminho certo e evidencia a necessidade de que, em condições adversas, com a educação sucateada e com cortes de recursos, precisamos tentar outras alternativas”, afirma Cristina Guatimosim. O prêmio da CZI é o maior de sua carreira em termos de financiamento e, segundo ela, vai impactar as pesquisas de colegas. “O que está sendo construído é coletivo”, destaca a professora, comemorando a oportunidade de trabalhar para a comunidade científica e possibilitar o acesso de alunos e professores de escolas públicas às técnicas mais avançadas de bioimagem.
![Arquivo pessoal Gustavo Menezes:](https://ufmg.br/thumbor/Pnm35YBAZff4kX8MG4nI9Z3x5MM=/842x0:2411x2412/352x540/https://ufmg.br/storage/a/1/d/3/a1d300f1264e759adb0328d26f4377c9_16382984586688_213960570.jpg)
'Democratizando a microscopia'
O outro projeto da UFMG contemplado pela CZI, que o imunologista Gustavo Menezes lidera ao lado do professor da UFRJ Heitor Paula-Neto, vai identificar e visitar grupos de pesquisa de todo o Brasil para oferecer treinamento para o uso da microscopia intravital (IVM). Essa ferramenta possibilita visualizar, com altíssima resolução de imagem, dinâmicas de fenômenos biológicos, como processos inflamatórios e infecções, em indivíduos vivos (in vivo). Esse método obtém grande proximidade de uma realidade biológica – muito acima, por exemplo, de técnicas histológicas e métodos in vitro (fora do organismo vivo).
Com a meta de chegar aos 26 estados do país, a equipe também vai ensinar soluções de baixo custo, como pequenos ajustes ou reparos capazes de melhorar o desempenho dos microscópios. Ainda está prevista a realização de eventos no ICB-UFMG, com o objetivo de criar um polo nacional de bioimagem. O trabalho será relatado no perfil @bioimagingbrasil, no Instagram, e, ao final, o conteúdo será transformado em documentário.
Gustavo Menezes avalia que o fato de um projeto de Minas Gerais, com origem na UFMG, chamar a atenção de uma organização que nasceu no Vale do Silício (Califórnia, EUA), berço da tecnologia mundial, comprova que “a pesquisa é o único mecanismo para salvar a vida na Terra”. Ele lamenta que o Brasil continue a tomar decisões que tiram a ciência da posição estratégica de prioridade, ainda que a pandemia de covid-19 tenha mostrado que o conhecimento científico é fundamental para a sobrevivência da humanidade.
Os pesquisadores
Cristina Guatimosim Fonseca é graduada em Ciências Biológicas e doutora pela UFMG (com estudos na University of Colorado School of Medicine, nos EUA), e fez residência de pós-doutorado na Harvard University (EUA). Professora titular do Departamento de Morfologia do ICB-UFMG, ela coordenou o Programa de Pós-graduação em Biologia Celular. Sua pesquisa tem ênfase em citologia e biologia celular, abrangendo, entre outros temas, comunicação neuronal, junção neuromuscular, modelos murinos de disfunção colinérgica e Doença de Huntington.
Gustavo Batista de Menezes é cirurgião-dentista formado na UFMG, mestre em Ciências Biológicas – Fisiologia e Farmacologia e doutor em Farmacologia, também pela UFMG. Fez estudos de pós-doutorado em Patologia e Biologia Celular, ainda na Universidade, e em Imunologia, na Universidade de Calgary (Canadá). É professor associado da UFMG e membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (2015-2019). Dirige o Nikon Center of Excellence-Brazil e o Centro de Excelência BD Biosciences em Pesquisas Interdisciplinares. É também diretor científico da Maxillofacialtips e investigador principal do Center for Gastrointestinal Biology, do ICB. Trabalha com imunologia, biologia celular, hepatologia, gastroenterologia, nutrição e desenvolvimento neonatal e divulgação científica.
Conheça os projetos BioIMG Net e Democratizando a microscopia no Brasil.