Formas de Ingresso

Propostas inovadoras para a graduação são apresentadas à comunidade acadêmica

A vice-reitora Sandra Almeida e os pró-reitores de Graduação, Ricardo Takahashi e Walmir Caminhas
A vice-reitora Sandra Almeida e os pró-reitores de Graduação, Ricardo Takahashi e Walmir Caminhas Foto: Foca Lisboa / UFMG

A partir de 2017, os modos de ingresso na UFMG e de percurso dos estudantes durante a graduação poderão ser modificados substancialmente – e a concepção de flexibilidade curricular é que motiva e norteará as possíveis adaptações.

Durante a tarde de ontem (8), no auditório da Escola de Engenharia, o pró-reitor de Graduação Ricardo Takahashi expôs para um público composto de professores, alunos e servidores da Universidade, uma série de possibilidades de interseção para os currículos.

Uma das hipóteses é a configuração de um bacharelado interdisciplinar, que antecederá o diploma profissional específico, e a formação complementar em um segundo curso, com a adição de alguns semestres de aulas. O ingresso, em vez de segmentado entre as 85 opções de curso, como ocorre atualmente, seria aglutinado em áreas afins.

“Tais possibilidades de combinação de trajetos acadêmicos não são invenção da UFMG, pois há experiências semelhantes no Brasil e no exterior”, defendeu Takahashi, salientando que uma ou mais hipóteses poderão funcionar também associadas.

'Cursos mais sintonizados'
As mudanças atendem à decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UFMG, publicada em 2001, que indicou a necessidade de revisão das normas acadêmicas vigentes desde 1990. A “produção de cursos mais sintonizados”, segundo o pró-reitor, é demanda motivada também por uma importante estatística: em 2015, 7% dos alunos que haviam ingressado no ano anterior migraram para outro curso.

Takahashi informou que em 2016 serão aprofundadas as discussões, com representantes de todos os colegiados, para definir a pertinência das alterações e suas diretrizes gerais. A ideia é que, já no próximo ano, seja feito o detalhamento das normas acadêmicas e ofertadas vagas no novo modelo.

A vice-reitora Sandra Goulart Almeida frisou que a iniciativa não visa “corrigir um problema de fato”. “Detectamos uma mudança na maneira como os alunos entram na UFMG e constatamos a demanda por percursos mais interativos”, disse ela, acrescentando que a proposta dependerá da adesão dos coordenadores de cursos e que projetos pilotos serão implementados a partir de 2017.

‘Instituto de cidadania’
Após a exposição da Prograd, foram feitas perguntas e sugestões. A professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) Valéria Ruiz disse que formações como habilidades de escrita, argumentação em público e cidadania deveriam, na nova configuração, compor currículo básico para todos os cursos.

Um projeto piloto com o curso Ciências do Estado foi sugerido pelo coordenador do colegiado, professor José Luiz Horta. “Há forte demanda interna por aproximação com outros bacharelados, tais como Gestão Pública e Relações Internacionais. No caso de uma união, futuramente poderia se configurar na UFMG uma ‘escola de governo’ ou ‘instituto de cidadania’", ponderou.

Representante do Diretório Acadêmico da Escola de Engenharia, o estudante Alexandre Boaventura questionou sobre como se daria a seleção à formação específica para os estudantes concluintes da formação básica, nos novos moldes. Takahashi respondeu que critérios como a 'afinidade' com determinado curso (interpretada de acordo com as disciplinas cursadas) e o desempenho acadêmico, já utilizados em outras universidades, serão estudados para o caso da UFMG.

O professor Renato Cardoso, da Faculdade de Direito, pediu esclarecimento a respeito dos currículos que passam atualmente por alguma reforma. Segundo o pró-reitor, cerca de 20% dos programas de graduação estão em fase de discussão sobre mudanças. "Nesse caso, terão de ser avaliadas a urgência e a pertinência das transformações em andamento. Tudo será estudado, e novos elementos podem, ou não, entrar no jogo", disse.

Leia mais sobre o assunto
Desde o mês de maio, o reitorado e representantes de unidades acadêmicas têm discutido as propostas de reconfiguração dos currículos de graduação. Leia nota sobre a reunião ocorrida em 2 de maio. O Boletim 1938 abordou o tema. Leia aqui e aqui.

proposta na íntegra também pode ser acessada.

Matheus Espíndola