Projeto da Arquitetura mapeia jardins plantados em lotes ao longo do leito do Arrudas
No bairro São Geraldo, região Leste de BH, áreas verdes chegam a 50%, índice que superou as expectativas iniciais da equipe
O projeto Jardins possíveis mapeia jardins urbanos plantados ao longo do leito do Ribeirão Arrudas, no Barreiro, no bairro São Geraldo, região Leste, e no hipercentro de Belo Horizonte. O objetivo é compreender a relação pessoas-natureza e pensar em alternativas para embasar políticas para as cidades e os espaços públicos.
A pesquisa, realizada desde 2017, já mapeou 865 lotes no São Geraldo e reuniu mais de 120 entrevistas com os “jardineiros” responsáveis por manter e disseminar as áreas verdes nesses locais. O projeto também inclui narrativas feitas nos próprios jardins, etapa interrompida em razão da pandemia.
Com base em análise dos dados coletados até o momento, é possível concluir que há mais áreas verdes na cidade do que se sabia. A professora Luciana Bragança, do Departamento de Projetos, estimava que somente de 20 a 30% do território teria a presença de jardins, mas, no São Geraldo, o índice chega a 50,3%. A pesquisa classifica como jardim uma área verde que ocupe, no mínimo, 20% das dimensões do lote, conforme preconiza a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Belo Horizonte.
Outras conclusões preliminares dizem respeito às motivações para criar esses espaços e à eficácia de políticas públicas relacionadas às áreas permeáveis na cidade. A maioria dos jardins surgiu em razão do senso de comunidade e por motivações religiosas e medicinais. Como somente metade dos lotes analisados seguem os limites definidos por lei para áreas permeáveis, a professora sugere incentivos públicos, como desconto no IPTU para quem mantém um jardim com área superior à definida por lei e indicação de agentes comunitários que estimulem a população local a preservar os espaços verdes.
Dos jardins para a sala de aula
A pesquisa Jardins possíveis inspirou a professora Luciana Bragança a ofertar uma disciplina de projetos para incentivar estudantes do curso de Arquitetura da UFMG a pensar a cidade para além do ser humano – com foco, por exemplo, na água, em plantas, animais e nos terrenos.
Entrevistados: Luciana Bragança, professora do Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura, e Jefferson Peres (Tata), morador do São Geraldo
Equipe: Maria Carolina Martins (produção), João Ameno (produção), Rafael Breno (imagens), Marcia Botelho (edição de imagens) e Jessika Viveiros (edição de conteúdo)
Colaboraram Luciana Bragança e Clarisse Rodarte (Jardins possíveis), fornecendo inclusive imagens de arquivo do projeto