“Em tempos de crise, a situação é grave. Eu sei, mas o que fazer? Vamos ser os melhores, vamos crescer”, sentenciou, em tom otimista, o professor Francisco Dutenhefner, do Departamento de Matemática, empossado nesta quinta-feira, dia 13, como diretor do Instituto de Ciências Exatas (ICEx). Ele e o novo vice-diretor, Renato Antônio Celso Ferreira, do Departamento de Ciência da Computação, vão cumprir mandato até 2023.

Dutenhefner, ou Chico da Matemática, para os mais próximos, indicou, em seu discurso, os caminhos que pretende trilhar. “Vamos aproveitar as potencialidades das novas Normas da Graduação para oferecer formações transversais e complementares: ciência de dados e big data, licenciatura para pessoas que queiram atuar como professores de programação de computadores no ensino médio e o que mais a sociedade demandar – e a gente conseguir imaginar”, exemplificou o novo diretor.

Segundo ele, o ICEx promoveu avanços e equacionou questões internas nos últimos anos, mas chegou a hora de lançar um “olhar para fora, para a sociedade”. “Nesta gestão, vamos melhorar a nossa comunicação. Vamos nos defender mostrando o que fazemos”, afirmou Dutenhefner, que lançou um desafio que promete ser um dos eixos de seu mandato: “Vamos buscar os melhores alunos. Vamos alcançar ainda mais excelência. Eu não quero que o ICEx ofereça bons cursos de graduação e de pós-graduação. Quero que ofereça os melhores cursos do país”.

Alinhado com o colega de gestão, o vice-diretor Renato Celso Ferreira também fez alusão à máxima segundo a qual crises são oportunidades. “É hora de nos reinventarmos, de buscar novos modelos de funcionamento e de trabalho”, disse ele, defendendo, também, que todas as instâncias acadêmicas e administrativas do ICEx se unam para superar as dificuldades. “Aquilo que nos faz iguais certamente é muito mais forte do que o que nos separa”, afirmou Ferreira.

Somos UFMG
Francisco Dutenhefner apresentou números que atestam a vitalidade do ICEX [leia ao fim desta matéria] e salientou que o Instituto de hoje é "resultado do trabalho daqueles que nos antecederam, que moldaram uma instituição séria, competente, prestigiada, com excelência acadêmica e, ao mesmo tempo, consciente do seu papel social". 

Ele também garantiu que a conduta da Unidade está em sintonia com os princípios mais caros à Universidade. “Somos UFMG. E assim estamos empenhados em uma gestão alicerçada nos valores de uma universidade pública, gratuita, democrática, laica e inclusiva”, registrou.

Durante a cerimônia, o professor comprometeu-se a desenvolver uma gestão participativa, classificou o plano de trabalho proposto durante o processo eleitoral como “um esboço inicial do que pretendemos fazer” e conclamou a comunidade do Instituto a enriquecê-lo com sugestões. “E cobrem. Cobrem o melhor porque eu tenho certeza de que todos aqui se preocupam com o ICEx, defendem o nosso Instituto, como também defendem o ensino público de qualidade e a autonomia universitária.”

A parte final do pronunciamento do professor Dutenhefner foi dedicada a agradecimentos. E não foram poucos. Ele destacou a parceria com a Reitoria da UFMG, com órgãos da Universidade e com instâncias ligadas à administração do ICEX – sobre as últimas, salientou que elas “são o alicerce para tudo o que é feito aqui”. Emocionado, ele também mencionou pessoas importantes em sua trajetória, como a esposa Luciana, os filhos Pedro e André, os pais, o amigo e colega de Departamento de Matemática Seme Gebara, além das secretárias do ICEx Sandra Alvim, Patrícia Moreira, Fernanda Polly e Juliana Campidelli.

Gestão compartilhada
No encerramento da solenidade, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida lembrou que há menos de um ano participava da cerimônia que empossou o professor Antônio Flávio Carvalho Alcântara como diretor do ICEx, tendo o próprio professor Francisco Dutenhefner como vice-diretor. “Hoje retornamos para, em primeiro lugar, agradecer ao professor Antônio Flávio pela dedicação e pelo empenho nos anos em que esteve à frente do ICEx. Sabemos o quanto lhe custou afastar-se das funções de diretor nesta Casa, na qual tantos anos atuou como professor, pesquisador, chefe de departamento e diretor.

Para Sandra Goulart Almeida, a posse de novos diretores de unidades tem grande importância simbólica para a instituição porque reafirma o princípio da gestão compartilhada. “Peculiar à UFMG tem sido nossa opção por um regime de corresponsabilidade, no qual o conjunto de dirigentes eleitos, seja para a Reitoria, seja para a direção das unidades, assume coletivamente a missão e o encargo de representar a instituição, desenhando as respostas às questões complexas e às escolhas muitas vezes difíceis que se colocam pelo caminho”, afirmou.

Ao dirigir-se aos novos diretores, a reitora da UFMG destacou o desafio que os espera – “não tem sido fácil ser gestor público nos dias de hoje – e elogiou o ICEx, que disse ser “referência para a UFMG” e gozar de prestígio acadêmico desfrutado por “pouquíssimos institutos similares no país”.

Sandra Goulart voltou a falar da necessidade de defender a universidade pública e sustentou que a Administração Central e diretores de unidades devem elaborar estratégias “para resistir a uma desconstrução” que, segundo ela, opera no campo material, do estrangulamento do custo, e no simbólico, com a tentativa de “minar o apoio, a autonomia e a legitimidade social de que goza a Universidade".

Trajetórias
Professor associado da UFMG, Francisco Dutenhefner é bacharel e mestre em Matemática pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e doutor em Matemática pela UFMG. Também professor associado, Renato Antônio Celso Ferreira é graduado em Ciência da Computação pela UFMG, onde também fez um dos seus mestrados – o outro foi desenvolvido na University Of Maryland At College Park. Em Maryland, ele também cursou doutorado.

ICEx em números

5 departamentos
Cerca de 350 professores
150 servidores técnico-administrativos em educação
9 cursos de graduação e 5 cursos de pós-graduação
Cerca de 2.800 alunos de graduação
1.100 alunos de pós-graduação
Mais de 6 mil vagas ofertadas semestralmente em disciplinas básicas
Mais de 200 laboratórios de pesquisa que geram, a cada ano, mais de 300 artigos científicos, 50 teses de doutorado e 100 dissertações de mestrado