Comunidade escolar celebra volta presencial da Mostra Sua UFMG
Hiato provocado pela pandemia impactou rotina no ensino básico; evento fortalece projetos pedagógicos, avaliam professores
“Ainda não decidi sobre qual profissão escolher, talvez será na área de exatas ou biológicas. Mas estou muito ansiosa para que os estudantes que já entraram na UFMG possam me ajudar nessa escolha. Afinal, a UFMG é a universidade que sonho entrar.” A percepção de Maria Eduarda dos Santos Kill, aluna do 2º ano do ensino médio, da Escola Sophis, da rede privada de Divinópolis, é compartilhada por muitos entre os milhares de estudantes das escolas básicas de Minas Gerais que visitaram a Mostra Sua UFMG, neste sábado, dia 20, no campus Pampulha.
Para o professor de filosofia Richard Garcia, que pouco depois das 8h desembarcou do ônibus com os 66 colegas de Maria Eduarda, a animação dos jovens estudantes reflete o quanto estavam precisando da motivação proporcionada pelo reencontro e interação presencial do evento. “Com a pandemia, os alunos ficaram muito desmotivados e perdidos. Estar presencialmente na Mostra Sua UFMG será uma ótima referência para que eles se reencontrem e façam suas escolhas profissionais”, afirmou.
A animação também era visível no grupo de 31 alunos da Escola Estadual Professor Paulo Freire, de Ribeirão das Neves, Região Metropolitana de Belo Horizonte, guiado pela supervisora Jussara Paixão Silva.
Ex-aluna de Artes visuais da UFMG, Jussara contou que os projetos em desenvolvimento na escola, sobre mundo do trabalho e construção da identidade, seriam fortalecidos pela visita à UFMG. “Nossa escola está situada na periferia, e todos os estudantes do ensino médio querem fazer faculdade. A vinda aqui, hoje, vai motivá-los ainda mais a fazer um curso superior que os ajude a mudar a realidade em que vivem", afirmou.
A opinião de Jussara foi compartilhada pelo professor de história Ricardo Cordeiro de Oliveira e pela técnica de apoio educacional Mary Elizabeth Lopes de Abreu, que acompanharam 20 alunos da Escola Estadual Emílio de Vasconcelos Costa, de Sete Lagoas. “A pandemia impactou na motivação dos alunos, e a visita presencial, certamente, vai despertar o interesse deles”, apostou Ricardo, que também orientou seus alunos a buscar informações sobre acesso e permanência, “como direito de pertença à maior universidade pública do estado”.
Clima festivo
A recepção aos estudantes feita pela equipe da comunidade universitária foi motivo de muita animação e alegria, na avaliação da pró-reitora adjunta de Graduação e coordenadora da Mostra Sua UFMG, Maria José Flores. Segundo ela, “o clima da Mostra presencial é festivo, com os estudantes passeando pela universidade e participando das 73 salas interativas, que reuniram todos os 91 cursos de graduação ofertados”.
Após ter visitado alguns prédios que abrigaram a Mostra, Maria Flores destacou o interesse manifestado pelos estudantes da escola básica, “nossos futuros alunos”, em interagir com as equipes e estudantes da própria UFMG. “As perguntas são muito boas, expressam dúvidas de todos os tipos. E a mostra é uma oportunidade muito rica também para os alunos da UFMG contarem um pouco sobre a experiência de pertencimento a uma universidade pública, e sobre o que é a plenitude da vida universitária. A UFMG, além do ensino para uma carreira, oferece uma trajetória com inúmeras possibilidades na pesquisa, na extensão, nos intercâmbios, nas atividades esportivas e culturais e em projetos desenvolvidos por professores ou pelos próprios estudantes”, enumerou.
“A Mostra Sua UFMG é uma experiência única até para nós, professores, conhecermos as outras áreas de conhecimento. Todos os 91 cursos da graduação, mesmo os que não fazem o processo seletivo pelo Sisu, são apresentados na Mostra. É um evento impressionante, com participação de milhares de estudantes de todo o estado, metade vinda do interior. A nossa expectativa, agora, é realizar a Mostra no campus Montes Claros, para apresentar os seis cursos ofertados pelo Instituto de Ciências Agrárias aos nossos futuros alunos”, adiantou o pró-reitor de Graduação, Bruno Otávio Soares Teixeira.
O vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira avaliou o evento como a oportunidade de “abrir as portas da Universidade para os estudantes e suas famílias, mostrando que a UFMG é sua, é de todos”. Ele destacou o valor e a alegria do encontro presencial da Mostra — interrompida pela pandemia e mantida apenas no formato virtual, nos dois últimos anos —, lembrando que as informações sobre os cursos permanecem disponíveis no site da Mostra e nas redes sociais, também com exibição de motion graphics, passeios aéreos sobre os campi e videocasts sobre os cursos.
Acessibilidade, ações afirmativas e assistência estudantil
Na Praça de Serviços, as equipes da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) e da Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump) se revezaram para oferecer aos futuros candidatos à graduação da UFMG informações sobre formas de ingresso, política de reserva de vagas, apoio a pessoas com deficiência e programas de assistência estudantil, relacionados a moradia, transporte, alimentação, saúde mental e inclusão digital, entre outros aspectos.
As informações sobre os cursos continuam disponíveis no site da Mostra Sua UFMG. Informações sobre as políticas e programas de ações afirmativas e assistência estudantil podem ser encontradas no site Viver UFMG.
A TV UFMG também colheu depoimentos de estudantes e professores do ensino básico. Assista:
Múltiplas interações
Uma atração à parte da Mostra Sua UFMG neste sábado foram as salas interativas instaladas em vários prédios do campus Pampulha. Na Escola de Engenharia, o público se impressionou, por exemplo, com o ambiente dedicado aos cursos de Engenharia Aeroespacial, que registrou grandes filas para visitação ao longo do dia, e o de Engenharia Elétrica.
Outra sala que despertou grande interesse nos jovens visitantes foi a de Medicina Veterinária, que reuniu várias peças expositivas, como banners, e até fósseis de animais. Na fila, Ana Carolina, estudante de Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, manifestou seu desejo de infância pela profissão que cuida dos animais. “Desde pequena, eu falava que queria cursar Veterinária. Agora, que estou finalizando o ensino médio, resolvi vir à Mostra para confirmar se é isso mesmo que eu quero”, contou.
Uma novidade desta edição foi a participação da Formação Intercultural para Educadores Indígenas (Fiei), que, segundo o estudante e orientador didático da sala, Antonio Xakriabá, reforça a necessidade de mostrar novos conhecimentos à sociedade. "Para nós, é muito importante estar aqui junto com nossos povos e trazer nossas realidades, para construir uma educação baseada na troca de conhecimentos”, avaliou.
Com objetos e uma programação permeada pela acessibilidade, base de suas interações, a sala do curso de Letras-Libras propôs aos estudantes uma exposição de atividades acadêmicas e de campos de atuação de seus formandos. “O curso se coloca como chave para as bases da inclusão social de pessoas surdas. Seu objetivo não é ensinar Libras, mas educar por meio dessa linguagem", esclareceu Jucélia Aparecida, orientadora e estudante do sexto período do curso.