Pesquisa e Inovação

Sandália de juta pode servir como repelente contra o 'Aedes aegypti'

Inovação é tema do novo episódio do ‘Aqui tem Ciência’, da Rádio UFMG Educativa

Tales Ribeiro: mosquitos criados em laboratório garantem segurança dos pesquisadores
Tales Ribeiro: mosquitos criados em laboratório garantem segurança dos pesquisadores Foto: Alessandra Ribeiro | UFMG

Uma sandália confeccionada em juta, com ação repelente contra o Aedes aegypti (mosquito que transmite dengue, zika e chikungunya), pode proteger quem está usando o calçado e também pessoas próximas, a até um metro de altura e sete metros de distância. A inovação foi desenvolvida na Tanzânia e adaptada para a realidade brasileira pelo biólogo Tales Batista Ribeiro durante seu mestrado no Programa de Pós-graduação em Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG. 

O trabalho foi orientado pelo professor Álvaro Eiras, coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica e Empreendedorismo no Controle de Vetores (Lintec). Na primeira etapa, a pesquisa contou com financiamento da Usaid, agência de fomento dos Estados Unidos, e do Ifakara Health Institute (IHI), da Tanzânia. Este último foi viabilizado com a contribuição da pesquisadora Elis Paula de Almeida Batista, coorientadora da pesquisa. Ela foi uma das vencedoras do Grande Prêmio UFMG de Teses, em 2020, pelo desenvolvimento de uma nova armadilha de captura do mosquito transmissor da malária.

Agora no doutorado, Ribeiro dá continuidade à pesquisa das sandálias repelentes contra o Aedes aegypti com financiamento da Fundação de Apoio da UFMG (Fundep). Para avaliar o efeito da substância usada nas sandálias – um tipo de inseticida que não pode ser mencionado em razão do sigilo do trabalho –, o pesquisador realizou testes em laboratório e no chamado semicampo, que se aproxima de uma situação real, mas tem algumas condições controladas, como temperatura e umidade. Os mosquitos foram soltos dentro de uma estufa de tela, com voluntários que usavam protótipos dos calçados impregnados com diferentes concentrações do repelente. 

Os insetos usados nos experimentos são criados em laboratório. “Assim temos a certeza da idade do mosquito, do estágio fisiológico dele e, o mais importante, a garantia de que não esteja com um vírus que vá transmitir uma doença. Quando vamos começar uma nova colônia, pegamos os mosquitos e fazemos um teste de PCR, para ver se tem dengue, zika ou outro vírus, e também para garantir essa segurança”, explica.

Saiba mais sobre a pesquisa no novo episódio do Aqui tem ciência:


Raio-x da pesquisa

Título: Avaliação de sandálias impregnadas com repelente espacial e o seu efeito na biologia e proteção contra picadas do mosquito Aedes aegypti (DIPTERA: CULICIDAE)

Autor: Tales Batista Ribeiro

Programa de Pós-graduação: Parasitologia

Orientador: Álvaro Eduardo Eiras

Coorientadora: Elis Paula de Almeida Batista

Ano de defesa: 2022

Financiamento:  Fundep, Ifakara Health Institute (IHI), Usaid 

O episódio 151 do Aqui tem ciência tem produção e apresentação Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da Rádio UFMG Educativa apresenta os resultados de um trabalho de pesquisa desenvolvido na Universidade. 

Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast, como o Spotify, e vai ao ar na frequência 104,5 FM, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.