Reitora destaca atuação da UFMG em pesquisa e divulgação durante pandemia
Em seminário on-line, Sandra Goulart Almeida e seus pares da América Latina defenderam atenção à qualidade da educação e à equidade de acesso
A UFMG e outras universidades públicas brasileiras têm desempenhado papel crucial desde o início da pandemia de Covid-19, por meio de pesquisas em busca de soluções para a crise sanitária, apoio a comunidades vulneráveis e divulgação científica, informando a comunidade não apenas sobre os estudos desenvolvidos na instituição, mas também acerca das melhores práticas de proteção contra o novo coronavírus. A afirmação foi feita nesta quinta-feira, 28, pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida, durante seminário on-line que reuniu dirigentes de universidades latino-americanas.
Sandra Almeida disse que a situação no Brasil ainda é muito preocupante e que, por isso, não há como prever datas para a volta às atividades presenciais nas universidades. “A perspectiva é de que vamos conviver com o vírus por muito tempo, e pensamos no retorno sem açodamento, com planejamento cuidadoso, sempre com base em decisões coletivas”, afirmou a reitora.
Ainda segundo Sandra Almeida, alguns princípios são fundamentais nesse período de dificuldades. “Não podemos abrir mão do respeito à autonomia universitária, uma vez que os contextos são distintos entre regiões e instituições, assim como é preciso defender o direito à educação superior e zelar pela qualidade do ensino que vamos oferecer daqui para frente e pela igualdade de meios de acesso a todos os estudantes.”
A reitora informou que a UFMG deu início à oferta de atividades de formação de docentes e de apoio aos estudantes, visando à “nova normalidade” que já se pode vislumbrar, e trabalha para preservar a saúde física e mental de sua comunidade e adotar as mudanças indispensáveis no que se refere a protocolos sanitários nas dependências da Universidade.
Sandra Almeida afirmou que sua gestão trabalha com a perspectiva de um modelo híbrido de ensino-aprendizagem, que concilie as formas presenciais e remotas, e do investimento em um processo centrado no estudante. “Estamos repensando nossos projetos pedagógicos, e isso vai muito além da inserção definitiva da tecnologia”, disse.
Os principais pontos abordados pela reitora Sandra Goulart Almeida estão contidos nesta apresentação.
Impactos e estratégias
O seminário foi iniciativa do Foro Aberto de Ciências para a América Latina e o Caribe (Cilac) e do Instituto Internacional para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (Iesalc-Unesco), que anunciaram novos encontros com o objetivo de construir uma rede para ação conjunta no quadro da pandemia da Covid-19.
Na abertura do evento, a diretora geral assistente para Educação da Unesco, Stefania Giannini, disse que a agência da ONU empreende esforços, desde o início da pandemia, para informar sobre os impactos da interrupção das atividades na educação, por meio da análise de dados, apoiar soluções e estratégias multifacetadas e estabelecer alianças com organizações e empresas visando ao enfrentamento da situação. “Nesse momento, é muito importante somarmos conhecimentos, e contamos com o apoio das universidades da região, que têm demonstrado sua vocação de liderança solidária”, afirmou.
Francesc Pedró, diretor do Iesalc, ressaltou que as universidades têm diferentes perfis, mas que há desafios comuns, como a necessidade de maior conectividade para a intensificação das atividades remotas. Segundo ele, é possível prever problemas, como o fechamento de pequenas universidades privadas e redução do gasto público em educação, quando as despesas em saúde são tratadas como prioritárias. “Mas não se pode perder de vista que a academia tem papel crucial para a recuperação econômica e social. E, também, que não podemos deixar ninguém para trás, ainda mais que é recente a inclusão no ensino superior de maior número de estudantes de grupos mais vulneráveis da sociedade”, disse Pedró.
Ciência ativa e comprometida
Reitora da Universidade Nacional do Nordeste da Argentina, Delfina Veiravé declarou que a instituição tem priorizado neste período, entre outros aspectos, a manutenção dos vínculos com estudantes e docentes, além da reorganização do trabalho e da resolução de tensões geradas pelas mudanças repentinas. “A ciência deve dar resposta ativa, comprometida com a sociedade”, ela salientou.
A reitora da Universidade de Havana (Cuba), Mírian Nicado García, informou, por sua vez, que os cientistas da universidade estão totalmente dedicados ao combate à Covid-19, produzindo modelagens matemáticas, mapas de risco e planos de otimização de recursos do governo.
Para o reitor da Universidade Nacional de Córdoba, na Argentina, Hugo Juri, as demandas urgentes criadas pela pandemia podem ser encaradas como oportunidade de acelerar mudanças que já se faziam necessárias para o século 21, como o redimensionamento do ensino superior, além da incorporação definitiva da tecnologia ao ensino.
Gerónimo Laviosa, da Universidade do Leste do Paraguai, disse que tem recebido apoio do governo de seu país em aspectos como conectividade para as atividades remotas e a disponibilização de plataformas digitais específicas para educação e para grandes reuniões virtuais. “Uma característica das universidades é a capacidade de adaptação rápida, e devemos estar preparados para situações que se apresentem, em relação a esta ou a outras crises sanitárias”, afirmou.
Ao falar em nome da Associação de Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM), da qual a UFMG faz parte, Laviosa informou que levantamento recente feito pela organização constatou o envolvimento intenso das universidades associadas no esforço para preservar vidas e condições adequadas de vida em meio à pandemia.
O evento também reuniu dirigentes de instituições de países como Peru, Colômbia e México.