Indígenas devem produzir e utilizar dados sobre suas populações, defendem pesquisadores
Demógrafos e antropólogos vão tratar do assunto em seminário que prossegue até quinta-feira, na UFMG
Os indígenas devem poder produzir e utilizar estatísticas sobre suas populações, defendem pesquisadores de áreas como a demografia e a antropologia. Os indígenas passaram a ser contemplados pelas estatísticas oficiais depois da década de 80, o que significa que eles ficaram mais visíveis, mas as informações que estão sendo produzidas ainda são pouco aproveitadas. "É importante que os próprios indígenas se envolvam mais nesse processo e usem os dados para encaminhar as suas demandas”, afirma Marden Campos, professor do Departamento de Sociologia da UFMG.
Campos é um dos organizadores do 9º seminário Demografia dos povos indígenas no Brasil, que a UFMG sedia de amanhã (terça, 3) até a quinta-feira, 5, na Faculdade de Ciências Econômicas (Face). O evento, bianual, é realizado pela primeira vez na Universidade.
Os debatedores, vinculados a instituições como a Unicamp, a UFRJ e o IBGE, além da UFMG, vão tratar de aspectos como perfis demográficos, escolarização e a presença dos indígenas nas áreas urbanas. “Diferentemente do que prega o senso comum, os indígenas não estão tão concentrados em florestas. Cerca de 40% deles vivem hoje no espaço urbano, e é crucial entender essa presença dos pontos de vista quantitativo e qualitativo”, diz Marden Campos.
Mais uma vez, o seminário Demografia dos povos indígenas no Brasil contribui para intensificar o diálogo entre a demografia e a antropologia, que têm enfoques diferentes, mas que, segundo o professor da Fafich, estão cada vez mais abertas a outras perspectivas.
Marden Campos destaca também, com relação à iniciativa, a intenção de ampliar o tratamento da temática indígena na UFMG, que tem promovido a interação em áreas como educação, artes e ações afirmativas.
Outras informações estão disponíveis no site do evento.