Pesquisa e Inovação

‘Aqui tem ciência’ apresenta mulheres na política, no futebol e divididas entre família e trabalho

Pesquisas com temáticas feministas abrem nova temporada do podcast de divulgação científica da Rádio UFMG Educativa

Conflitos entre família e trabalho são mais intensos para mulheres, atesta pesquisa
Conflitos entre família e trabalho são mais intensos para mulheres, atesta pesquisa Foto: Sarah Chai | Pexels

A sexta temporada do programa Aqui tem ciência estreia nesta segunda-feira, 4 de março, às 11h, com uma série de episódios que apresentam estudos sobre questões relacionadas à igualdade de gênero, destacando também o protagonismo de mulheres pesquisadoras. A iniciativa é realizada pelo quinto ano consecutivo, para marcar o Dia Internacional da Mulher.

O primeiro episódio da série trata de um estudo que avaliou o efeito da liderança de mulheres em prefeituras brasileiras. A pesquisadora Mariana Cockles, autora da tese de doutorado defendida no Programa de Pós-graduação em Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), analisou o desempenho na área da saúde de municípios sob gestão de 2.667 prefeitos e 297 prefeitas. Ela também comparou a gestão do saneamento básico conduzida por 293 prefeitos e 23 prefeitas. 

“Em pesquisas quantitativas, é um dificultador fazer esse tipo de comparação, por conta da desproporção tão acentuada. Mas, ao mesmo tempo, a desproporção é a característica da área que estamos vendo”, analisa Cockles, em referência à baixa representatividade feminina à frente das prefeituras. 

Flaviane Eugênio analisou mais de mil notícias sobre o futebol de mulheres
Flaviane Eugênio analisou notícias sobre o futebol de mulheres Foto: Bruno Pereira | Rádio UFMG Educativa

No segundo episódio, que vai ao ar no dia 11 de março, o foco é a cobertura do futebol de mulheres na mídia esportiva alternativa, tema da dissertação de mestrado defendida pela pesquisadora Flaviane Eugênio no Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da Fafich, no âmbito do Grupo de Pesquisa em Comunicação e Culturas Esportivas, o Coletivo Marta. A pesquisa abrange o mapeamento de 48 iniciativas conduzidas por mulheres e a análise de 1.116 notícias publicadas em sete blogs do gênero. “São iniciativas que não têm apoio, nem financiamento. A pesquisa parte dessa necessidade de falar sobre o futebol de mulheres, que é pouco pautado na mídia tradicional”, justifica a autora. 

Mulheres e as águas
O terceiro episódio, previsto para o dia 18 de março, aborda pesquisa realizada no Programa de Pós-graduação em Administração da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) sobre experiências políticas de mulheres com a gestão das águas, com base na análise da participação feminina no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas. A autora da tese, Thaís Zimovski, destaca que as mulheres estão presentes em menor proporção nos órgãos que fazem a gestão de recursos hídricos, apesar de serem as mais afetadas pelas dificuldades de acesso. “Os impactos da falta de saneamento básico, da falta de água encanada, vão recair sobre as mulheres que, no fim das contas, acabam precisando resolver esses problemas no cotidiano. Elas caminham para coletar água ou, quando não há saneamento básico, têm que ficar mais próximas do esgoto e lidar com essa realidade”, observa.

O último episódio da série, que será veiculado no dia 25 de março, apresenta pesquisa realizada no Programa de Pós-graduação em Estudos da Ocupação da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) sobre os conflitos entre família e trabalho (e vice-versa) enfrentados por mulheres trabalhadoras no Brasil. Autora da dissertação de mestrado, a terapeuta ocupacional Jacqueline Ferreira coletou impressões de 352 mulheres com idade entre 20 e 65 anos, que exerciam trabalhos remunerados, residentes em vários estados do Brasil, ao longo de 2021, durante a pandemia da covid-19. “Para as mulheres, esse conflito se apresenta de forma mais intensa, uma vez que, ao longo da história, elas desempenham também o trabalho não remunerado, que é o cuidado de crianças, de idosos, de pessoas que precisam de algum apoio, estão com algum adoecimento, o que aconteceu muito no período da  pandemia”, lembra a pesquisadora.

‘Aqui tem ciência’
Com mais de 170 episódios veiculados, o programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da Rádio UFMG Educativa apresenta os resultados de uma pesquisa desenvolvida na Universidade. O programa vai ao ar na frequência 104,5 FM e na página da emissora, às segundas, às 11h, com reprises às sextas, às 20h, e pode ser ouvido também em plataformas de podcast como o Spotify e a Amazon Music.