Pesquisa e Inovação

Solução à base de nióbio desativa o novo coronavírus

Pesquisadores da UFMG desenvolvem produto que protege superfícies por 24 horas, pode ser aplicado como gel ou líquido e não agride as pessoas e o meio ambiente

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Solução é eficiente nos ambientes doméstico e médico Acervo da pesquisa

Pesquisadores da UFMG criaram solução à base de nióbio capaz de proteger diferentes tipos de superfície do novo coronavírus, por até 24 horas. Aplicada na forma de gel ou líquido spray, a solução tem ação prolongada para limpeza e desinfecção das mãos e não causa reações adversas, como sensação de ressecamento da pele. O produto também se mostrou ativo na proteção de superfícies em ambiente doméstico e equipamentos e utensílios nos ambientes médico e odontológico.

A eficiência da invenção – registrada pela startup Nanonib®, criada pelo grupo da Universidade em parceria com investidores privados – foi comprovada em laboratório de nível de biossegurança NB-3, ambiente no qual se trabalha com microrganismos causadores de doenças humanas graves (devido ao risco e para comprovar a eficácia direta contra o coronavírus), e caminha para estar disponível em breve para a sociedade.

Segundo o professor Luiz Carlos Oliveira, do Departamento de Química do ICEx, o composto de nióbio produzido para a desativação do coronavírus, que será chamado comercialmente de INNIB-41®, está relacionado a uma família de compostos relatados na literatura, os polioxoniobatos. “Sintetizamos uma forma nova de polioxoniobato com capacidade de gerar espécies de oxigênio que desativam de forma eficiente uma elevada carga do coronavírus. Essas espécies de oxigênio são liberadas no meio ao se deparar com uma bactéria ou um vírus”, diz Oliveira.

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Luiz Carlos Oliveira: ação contra vírus, fungos e bactériasArquivo pessoal

Líder do grupo de pesquisa, o professor explica que a Nanonib® produz, de forma única no mundo, compostos de nióbio na forma gel, sem utilizar solventes orgânicos ou polímeros e, por isso, sem comprometer a saúde nem o meio ambiente. “Vamos criar soluções contendo moléculas inovadoras de nióbio, de baixo custo de produção e versáteis, já que também poderão ser inseridas em produtos de limpeza e cosméticos disponíveis no mercado.” Ele acrescenta que as potencialidades da descoberta desses materiais avançados de nióbio extrapolam o uso no combate ao novo coronavírus. “Em testes preliminares, eles apresentaram excelentes propriedades e ações fungicida, bactericida e virucida.”

Ativo protegido
A invenção foi protegida pela UFMG, por meio da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), e está em processo de análise pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).

Com sede no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), a Nanonib® foi fundada em 2019 com foco na produção de materiais avançados e novos produtos contendo o nióbio para aplicações diversas nas áreas de saúde e cosméticos. Os sócios pesquisadores são professores da UFMG e protagonizaram vários casos recentes de licenciamento e transferência de tecnologia da Universidade. “A parceria com investidores de risco foi fundamental para o sucesso até aqui. Aproximar a academia do setor produtivo é fundamental para que mais iniciativas como a da Nanonib® surjam e beneficiem a sociedade”, afirma Luiz Carlos Oliveira. 

Segundo o professor, a expertise da equipe é focada em ciência pura e aplicada nas áreas de síntese de novos materiais, catálise, química computacional e cálculos teóricos. Os pesquisadores atuam em diferentes linhas, com destaque para a síntese e aplicação de compostos contendo nióbio.

“As tecnologias desenvolvidas com o nióbio têm alto grau de ineditismo e grande potencial de geração de valor e podem ser de interesse estratégico e econômico para Minas Gerais, que tem a maior produção de nióbio no mundo”, diz Oliveira. Ele comenta que a Nanonib® é a primeira spin-off no mundo a criar produtos à base de nióbio para aplicações nas áreas de saúde e cosméticos. A plataforma de nióbio deverá incorporar outras tecnologias e materiais nobres desenvolvidos no Departamento de Química da UFMG e nos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT).

Com Assessoria de Comunicação do BH-TEC