Pesquisa e Inovação

SpiN-TEC é ‘segura e imunogênica’, indicam resultados parciais

Professor Helton Santiago fez um balanço dos dados apurados na primeira fase dos testes clínicos da vacina

Helton Santiago durante a apresentação dos resultados preliminares dos testes clínicos
Helton Santiago durante a apresentação dos resultados preliminares dos testes clínicos Foto: Flickr CTVacinas

O diretor clínico do Centro de Tecnologias de Vacinas (CTVacinas) da UFMG, professor Helton Santiago, apresentou, nesta quinta-feira, dia 15, os resultados parciais dos testes clínicos do imunizante SpiN-TEC MCTI UFMG, que protege contra a covid-19. “O principal parâmetro testado é a segurança, e a vacina se mostrou segura”, resumiu Santiago, pesquisador associado do CTVacinas e docente do ICB, durante a apresentação realizada no auditório do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC).

“O outro parâmetro analisado foi a resposta imunológica, cujo resultado ainda é muito preliminar. Mas é possível perceber que a vacina induz uma resposta imunológica na pessoa vacinada”, complementou.

A fase de ensaios clínicos é executada na Faculdade de Medicina, na Unidade de Pesquisa Clínica em Vacinas (UPqVac), coordenada pelo professor Jorge Andrade Pinto, do Departamento de Pediatria. Os testes são desenvolvidos em três fases. A primeira reuniu 38 pessoas entre mais de 1,7 mil candidatos. A segunda fase, que deverá ser inaugurada no início do próximo semestre, contará com 360 pessoas. Com a atualização do cenário da covid-19, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sugeriu um ajuste no protocolo para que os testes avancem para a fase 2. Na fase 3, serão cerca de 4 mil voluntários.

Imunidade celular
A expectativa é de que a vacina chegue aos braços da população em 2025, o que levanta a questão sobre a sua eficiência contra as variantes que poderão surgir até lá. “A SpiN-TEC tem grande diferencial, uma vez que privilegia a imunidade celular. Todas as outras vacinas dão ênfase à imunidade humoral, ou seja, induzem anticorpos neutralizantes”, explica Helton Santiago.

“No início, [a imunidade humoral] pareceu ser uma estratégia excelente, porque os anticorpos neutralizantes impedem o vírus de infectar as células. No entanto, temos observado que esse vírus apresenta uma evolução muito rápida: novas variantes estão surgindo, e as vacinas precisam de atualização muito rápida, o que é um desafio para a ciência", justificou Helton Santiago. “Como tem sua atuação concentrada em regiões mais conservadas do vírus, como a proteína N, a SpiN-TEC tende a induzir imunidade celular, e essa resposta, até onde os testes indicam, serve para todas as variantes”, analisou o coordenador dos testes clínicos.

Mais do que uma vacina
Além de representar uma possível solução para as variantes, a SpiN-TEC carrega mais um trunfo. “O fato de a SpiN-TEC ser 100% brasileira é muito importante porque tem ensinado a ciência brasileira a fazer um percurso inédito. Da concepção à fase de testes pré-clínicos, passando pela parte de síntese e formulação, todas essas etapas são resolvidas no Brasil”, salientou Helton Santiago.

“Aprendemos a identificar onde estão os gargalos na ciência brasileira na hora de inovar na área biomédica – e essa vacina tem nos ensinado a resolver esses gargalos. As próximas vacinas poderão seguir um caminho mais  bem pavimentado até chegar às prateleiras das farmácias”, avaliou o professor.

Transmitida e disponível no canal da Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC) no YouTube, a apresentação dos resultados dos testes clínicos da vacina da UFMG ocorreu no âmbito da série de seminários promovida pelo CTVacinas, centro de pesquisas em biotecnologia, resultado de parceria da UFMG com o Instituto René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-Minas) e o BH-TEC. 

O ambiente de pesquisa, que é dedicado ao desenvolvimento de novas tecnologias para a produção de kits de diagnóstico e vacinas contra doenças humanas e veterinárias, será transformado no Centro Nacional de Vacinas (CNVacinas), resultado de acordo firmado entre a UFMG, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o governo de Minas Gerais. O início das obras de construção do CNVacinas – em terreno no BH-TEC – foi oficializado em dezembro do ano passado. 

Com CTVacinas da UFMG