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Leonardo Chalub e Heloisa Starling são finalistas do Prêmio Jabuti

O técnico concorre na categoria ‘Juvenil’, com livro sobre Zumbi dos Palmares; a historiadora, inscrita em 'Ensaios', é coautora de coletânea de verbetes sobre a tradição republicana

Leonardo
Leonardo Chalub: inspiração na capoeiraArquivo pessoal

O publicitário e técnico de audiovisual Leonardo Chalub, da Escola de Engenharia, e a professora Heloísa Starling, do Departamento de História da Fafich, estão entre os cinco finalistas, em suas respectivas categorias, da 62ª edição do Prêmio Jabuti, o de maior prestígio na área de criação e produção de livros no país.

Chalub é autor de Palmares de Zumbi, livro que concorre na categoria Juvenil, lançado no ano passado pela Editora Nemo. “A história de Zumbi dos Palmares, registrada muito depois de sua morte, tem várias versões, e cada um acredita na que quer”, afirma Leonard Chalub, sobre a temática propulsora de sua primeira incursão na literatura. “Resolvi escrever a minha própria versão”, acrescenta.

A centelha de inspiração que o levou à autoria de Palmares de Zumbi teve origem, segundo Chalub, na percepção de que a cultura brasileira é carente de um herói nacional. “Sem cara de partido político, alguém que nasceu para ser herói”, idealiza o autor, fã confesso dos paladinos da Marvel.

A história se passa em Porto Calvo, em Alagoas, onde o jovem Francisco, capturado quando criança e entregue à Igreja, vive como coroinha e sonha com a liberdade. À noite, ele prega peças e vinga os negros mortos no tronco, aterrorizando feitores e senhores de engenho como um fantasma – ou como um nzumbi, em quimbundo, a língua típica de Angola.

Paixão antiga
O interesse de Leonardo Chalub pela cultura africana tem raízes na prática da capoeira, paixão que o acompanha desde os 12 anos de idade. “Comecei a escrever o livro em 2016, quando, além de jogar capoeira, participava de eventos e tinha contato com mestres famosos. Nessa época, pesquisei muito a história de Zumbi”, relatou.

Segundo o autor, as músicas que compõem o imaginário da capoeira, "das quais ninguém conhece os verdadeiros autores", sempre o mobilizaram e instigaram seu interesse. “Escrevi, em especial, para os capoeiristas, para que, lendo a obra, eles reconheçam as músicas e as histórias que ouvem nas rodas”, revelou Chalub. “Às vezes, não é possível ser o melhor capoeirista, mas pode-se usar outras artes, como a música e a literatura, para divulgar a cultura e o contexto da capoeira”, completou.

O livro Palmares de Zumbi pode ser adquirido em várias lojas, em formato impresso ou e-book.

Capas dos livros Dicionário da República e Zumbi dos Palmares, finalistas do Prêmio Jabuti
Capas dos livros 'Dicionário da República' e Palmares de Zumbi', finalistas do Prêmio Jabuti Ewerton Martins Ribeiro | UFMG

República
A professora Heloísa Starling e a historiadora Lilia Schwarcz, da USP, são autoras de Dicionário da República, da Companhia das Letras, que concorre na área de Ciências Humanas, no eixo Ensaios.

A obra reúne 51 verbetes críticos escritos por especialistas em filosofia, história, ciência política, antropologia, direito, sociologia e jornalismo. O propósito foi, segundo as autoras, o de fazer um resgate crítico dos valores de uma tradição esvaziada de sentido e desfigurada pelo esquecimento. Os textos cobrem desde as origens (grega e romana) e diferentes matrizes do republicanismo (francesa, inglesa, italiana, haitiana e norte-americana) até seus grandes princípios (liberdade, direitos, igualdade, cidadania, bem comum) e inimigos (o despotismo, a tirania, a corrupção e o patrimonialismo). A parceria entre as duas já rendeu os livros Brasil – uma biografia, de 2015, e o recente A bailarina da morte: a gripe espanhola no Brasil, também publicados pela Companhia das Letras.

Em uma etapa anterior do prêmio, dois outros livros de professores da UFMG haviam sido classificados entre os 10 finalistas em suas categorias: O pêndulo da democracia, de Leonardo Avritzer, do Departamento de Ciência Política, que saiu pela Todavia, e Ao Kurnugu, terra sem retorno: descida de Ishtar ao mundo dos mortos, de Jacyntho Lins Brandão, lançado pela Kotter Editorial.

Organizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), o Prêmio Jabuti reúne 20 categorias, entre as quais as de melhores livros de contos, crônicas, poesias, romance literário, romance de entretenimento e biografia. Os vencedores de cada categoria e o ganhador do Livro do Ano serão anunciados em cerimônia on-line no próximo dia 26.

Matheus Espíndola