Pesquisa e Inovação

Tecnologia de desinfecção do ar criada na UFMG é destaque do Pint of Science BH

Evento, que será realizado na próxima semana, pretende mostrar como a ciência atua de várias formas para enfrentar a pandemia

Dispositivo em teste:
Dispositivo de desinfecção do ar em teste: tecnologia acessívelReprodução | TV UFMG

A terceira edição do Índice Anual do Estado da Ciência, conduzida pela 3M Company, mostra que 92% dos brasileiros acreditam que as pessoas devem seguir os conselhos científicos para contenção da pandemia da covid-19. A ciência vem contribuindo de maneiras diversas para o enfrentamento da pandemia – a vacina, solução mais aguardada, é uma delas. Nesse contexto, a organização do Pint of science BH vai reunir, no dia 17 de maio, cientistas de diferentes áreas para apresentar à população pesquisas que provam a multiplicidade do conhecimento científico no contexto da covid-19. 

Um dos principais eventos internacionais de divulgação científica, o Pint of science tem o objetivo de popularizar a ciência por meio do encontro descontraído entre pesquisadores e população. Neste ano, o festival será de 17 a 19 de maio. Em Belo Horizonte, o evento é realizado pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), pelo Museu das Minas e do Metal (MM Gerdau) e pela Fundação Ezequiel Dias (Funed).

A coordenadora do Pint of science BH, Marina de Andrade, destaca a urgência de continuar debatendo a ciência no contexto da pandemia. Ela destaca, no entanto, a preocupação da organização em trazer à tona debates que vão além da vacina. “Vamos falar de pandemia porque não tem como esquecê-la. Mas não podemos limitar a pesquisa à busca da vacina. Queremos mostrar que a ciência atua em várias frentes e que há diferentes pesquisadores colaborando para o enfrentamento da covid-19”, afirma. 

Radiação contra o vírus
O professor Alexandre Leão, da Escola de Belas Artes da UFMG, apresentará aos participantes uma tecnologia de desinfecção do ar desenvolvida por pesquisadores de sete áreas da Universidade. Ele é engenheiro mecânico e trabalha com imagem multiespectral na área de Fotografia e Cinema. No ano passado, ao ter acesso a um documento sobre a eficiência da lâmpada de UV-C para desinfecção do ar, o professor teve a ideia de criar um dispositivo com essa tecnologia para combater o coronavírus. 

“Comecei a conversar com outros pesquisadores e percebi a necessidade de envolver cientistas de múltiplas áreas para garantir a construção de um equipamento seguro e eficiente”, relata. Hoje, o grupo é formado por profissionais de áreas como biologia, engenharia, física, conservação preventiva de bens culturais e imagem científica. A pesquisa recebe financiamento da Pró-reitoria de Pesquisa (PRPq) e é gerida pela Fundep.

O dispositivo desenvolvido pelos cientistas é parecido com um ventilador torre, e seu funcionamento é de fácil compreensão. Ele aspira o ar do ambiente contaminado e joga os microrganismos para sua parte interna, onde eles são expostos à radiação da lâmpada UV-C, o que provoca danos em seus DNA e RNA. O protótipo foi testado em ambiente fechado de 25 metros quadrados e inativou 95% dos microrganismos presentes no ar após 24 horas.  

A tecnologia foi desenvolvida para a desinfecção do ar em ambientes fechados e pequenos. Segundo o professor, profissionais de saúde já vislumbram seu uso em hospitais e laboratórios para o combate a vírus, bactérias e fungos, entre outros microrganismos. A Universidade já negocia com uma empresa a cessão da patente para o início da produção do dispositivo. 

Tecnologia acessível
Alexandre Leão faz questão de ressaltar que, desde o início, o objetivo da pesquisa é oferecer à sociedade uma solução eficiente e de baixo custo. Por isso, a UFMG concederá acesso gratuito à patente para instituições públicas. De empresas privadas serão cobrados royalties (compensações) simbólicos, e elas ficarão isentas de taxa de acesso.

O professor também teve a preocupação de preparar um vídeo que explica de forma didática como o dispositivo funciona. Para ele, o esforço de aproximar o conhecimento científico das pessoas – o mesmo objetivo do Pint of science – é de extrema importância. “A ciência deve ser para todos. Se o objetivo é gerar uma solução para a sociedade, então é fundamental que ela chegue de forma compreensível a todos”, diz. 

O presidente da Fundep, professor Jaime Arturo Ramírez, reforça a importância do diálogo entre sociedade e espaços de produção científica. "A Fundep participa da realização do Pint of science BH com a missão de valorizar a produção científica da UFMG, que é reconhecida pela qualidade e pelo impacto de sua pesquisa. Neste ano, contemplamos a diversidade do conhecimento científico no combate à pandemia, trazendo uma invenção eficiente, de baixo custo e com finalidade social. Isso merece ser divulgado e celebrado”, diz.  

Programação
Além de Alexandre Leão, participam do Pint of science BH o professor Antônio Roth, da PUC Minas, que desenvolve um mapeamento da violência em Belo Horizonte durante a pandemia, e as pesquisadoras do Cefet-MG Gisele Vidal Vimieiro e Míriam de Fátima Soares, que estudam os impactos da covid-19 no meio ambiente.

O debate com os pesquisadores será no dia 17 de maio, a partir das 19h, no canal do MM Gerdau no YouTube. No dia seguinte, 18, às 10h, será a vez de as crianças participarem do Pint of milk, versão infantil do festival que, neste ano, apresentará uma animação produzida pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) sobre a importância da ciência para promover a saúde da população. O filme será exibido na mesma plataforma.

Com Assessoria de Comunicação da Fundep