Saúde

'Teste do pezinho' em Minas Gerais amplia número de doenças triadas no nascimento

Anúncio foi feito nesta sexta-feira em evento na Faculdade de Medicina; Atrofia Muscular Espinhal, Imunodeficiência Combinada Grave e Agamaglobulinemia serão incorporadas ao programa

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Amostra de sangue colhida no Teste do Pezinho, que passa a ser usado no diagnóstico de 12 doenças raras Foto: Foca Lisboa | UFMG

O Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais (PTN-MG) ampliou o número de doenças triadas pelo Teste do Pezinho. A partir de terça-feira, 30 de janeiro, todas as amostras de crianças que nascerem no estado e realizarem o teste pelo SUS terão o diagnóstico para mais três doenças consideradas raras e e que têm elevadas taxas de mortalidade: atrofia muscular espinhal (AME), imunodeficiência combinada grave (SCID) e agamaglobulinemia (agama). Outras 12 enfermidades raras já compõem o painel de de triagem do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nupad).

A Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) investirá R$ 12 milhões nessa fase de expansão. Com isso, o governo estadual abre caminho para a testagem em massa de crianças para doenças de difícil diagnóstico, uma vez que seus efeitos começam antes da fase clínica de sintomas.

No caso da AME, Minas será o primeiro estado entre os mais populosos a triar a doença pelo SUS em seus recém-nascidos, garantindo o tratamento, que tem custo alto, gratuito para todos os casos detectados.

A ampliação do PTN-MG foi anunciada nesta sexta-feira, 26, em entrevista coletiva realizada na Faculdade de Medicina da UFMG. Para o secretário de Saúde de Minas, Fábio Baccheretti, esse é mais um passo importante na política de saúde do estado. “Estamos agora completando mais uma fase, com o diagnóstico de três doenças importantes, com destaque para a AME, cujo tratamento no momento certo muda completamente a vida de nossas crianças”, destacou.

Ampliação do Programa de Triagem Neonatal reuniu
A diretora Alamanda Kfoury (ao microfone) ladeada pelo secretário de Saúde, Fábio Baccheretti (de camisa branca), e pelo professor José Nélio Januário, durante a cerimônia de anúncio de ampliação do PTN Foto: Foca Lisboa | UFMG

Segundo o secretário, Minas Gerais não é destaque apenas no diagnóstico – também dispõe de uma robusta rede de cuidados para o tratamento e o acompanhamento das doenças raras. “Temos grandes referências, como o Hospital Pediátrico João Paulo II e o Hospital Júlia Kubitscheck, ambos da rede da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). Falta muito pouco para completarmos todas as doenças estabelecidas pelo Teste do Pezinho ampliado, e isso deve acontecer em pouco tempo. O nosso compromisso é garantir que toda criança mineira tenha o diagnóstico de doença rara logo ao nascer e inicie o tratamento o quanto antes”, afirmou Baccheretti.

Técnicas moleculares
A nova seção do Laboratório de Triagem Neonatal (LTN) dispõe de equipamentos que agregam alta tecnologia para atender a uma demanda altamente complexa: identificar, por técnicas moleculares, doenças neurológicas degenerativas ou defeitos inatos do sistema de defesa do corpo. 

A diretora da Faculdade de Medicina, Alamanda Kfoury, lembrou que a cobertura do Teste do Pezinho pelo Nupad reafirma a presença da universidade em todo o território mineiro. “A triagem neonatal pelo SUS está presente em todos os 853 munícipios de Minas Gerais, e é um orgulho para a nossa instituição prestar apoio a tantas famílias”, disse.

Para as três doenças que entram para o PTN-MG há tratamentos disponíveis no SUS, oferecidos no Hospital das Clínicas da UFMG. Entre as possibilidades estão o transplante de medula óssea, o uso de imunoglobulina humana endovenosa e medicamentos que impedem a degeneração neuronal. 

O professor José Nelio Januário, diretor do Nupad, ressaltou o pioneirismo da ampliação na capacidade de testagem em massa e a utilização de tecnologia altamente avançada. “Em nosso laboratório, vamos trabalhar com uma tecnologia muito sofisticada, testando crianças de todo o estado, aumentando o rastreamento de doenças raras e permitindo que as famílias tomem as melhores decisões para a proteção de seus filhos. O objetivo é evitar a morte precoce e garantir maior qualidade de vida para as crianças”, explicou. 

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Pesquisadora no Laboratório de Triagem Neonatal: tecnologia para identificar doenças neurológicas degenerativas ou defeitos inatos do sistema de defesa do corpoFoto: Foca Lisboa | UFMG

No país, apenas o Distrito Federal inclui essas doenças em seu painel de forma rotineira.

Em 2023, o Nupad realizou mais de 200 mil testes pela rede SUS. Desde sua criação, em 1993, foram mais de sete milhões de crianças triadas.

A atrofia muscular espinhal (AME) é uma doença rara, degenerativa e hereditária, que interfere na capacidade do corpo de produzir uma proteína essencial para a sobrevivência dos neurônios motores, responsáveis pelos gestos voluntários vitais simples do corpo, como respirar, engolir e se mover. A imunodeficiência combinada grave (SCID) e a agamaglobulinemia (agama), por sua vez, são imunodeficiências primárias que atingem o sistema imunológico do paciente, expondo os bebês a infecções graves. A necessidade de tratamento é urgente desde os primeiros dias de vida.

Saiba mais sobre as três doenças incluídas no PTN.

Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG