Pesquisa e Inovação

Transtorno mental é a segunda causa de longos afastamentos por doença na UFMG

Regina Barbosa, diretora do Dast, fez apresentação no fórum
Regina Barbosa, diretora do Dast, fez apresentação no fórum Foto: Ewerton Martins Ribeiro / UFMG

Um panorama do sofrimento mental na UFMG foi exposto nesta sexta-feira, 20, durante fórum estabelecido para discutir as diretrizes da política de saúde mental da Instituição. “Pesquisas mostram que no Brasil os transtornos mentais são a terceira causa de longos afastamentos do trabalho por doença. Na Universidade, o transtorno é a segunda causa”, afirmou a diretora do Departamento de Atenção à Saúde do Trabalhador (Dast), Regina Monteiro Campolina Barbosa, que apresentou o levantamento no auditório da Reitoria.

“Os nossos dados sobre o assunto ainda estão em construção, mas já corroboram a nossa percepção de que precisamos criar uma estrutura de apoio social dentro da Universidade”, defendeu a diretora, durante abertura do Fórum, ponto alto da quarta edição da Semana de Saúde Mental e Inclusão Social da UFMG.

Para a pró-reitora adjunta de Extensão e coordenadora geral da Semana, Claudia Mayorga, os debates travados nos últimos dias indicam que o caminho talvez seja aprimorar as estruturas já existentes. “Creio que precisamos potencializar as relações entre elas, estabelecer melhores fluxos e um sistema de trabalho em rede”, disse a pró-reitora.

De acordo o levantamento do Sast, que cobre o período de 2012 a 2015, o Hospital das Clínicas é a instituição de origem de metade dos servidores atendidos no Dast em razão de sofrimento mental. Outra particularidade do estudo mostra que 2014 foi um ano de aumento significativo, fora da curva, de afastamentos – tanto de servidores quanto de alunos.

“Também foi possível perceber um crescimento no índice de afastamento de alunos nos meses de julho e dezembro, o que possivelmente está relacionado com a pressão dos fins de semestre”, explicou Regina Barbosa.

A diretora do Sast também apresentou um cenário sobre a realidade de saúde mental no país e no mundo. Com base em informações da Organização Mundial de Saúde, ela lembrou que os transtornos mentais atingem cerca de 700 milhões de pessoas no planeta –13% do total de doentes. E alertou que essas enfermidades têm início na infância e na adolescência. "De 20% a 30% de todos os jovens experimentam um transtorno até os 20 anos de idade”, disse.

Maria Stella Goulart: contribuição das pessoas que vivem o sofrimento mental
Maria Stella Goulart: contribuição das pessoas que vivem o sofrimento mental Foto: Foca Lisboa / UFMG

Participação

Os dados apresentados pelo Dast vão subsidiar a elaboração da política de saúde mental, trabalho que está sendo conduzido pela Comissão Institucional de Saúde Mental (Cisme) da UFMG. A presidente da comissão, professora Maria Stella Goulart, destacou o fato de a política estar sendo construída com ampla participação da comunidade. “Felizmente, temos conseguido levar para o centro desse processo de construção a própria pessoa que vive o sofrimento mental, seja em sua experiência pessoal, seja em sua família”, informou.

Iniciada no último dia 15, a Semana de Saúde Mental será encerrada com duas atividades culturais na noite de hoje: exibição de uma mostra de fotografias na fachada digital do Espaço do Conhecimento, na Praça da Liberdade, e apresentação de um espetáculo teatral no Sesc Palladium.

A mostra de Fernando Barbosa da Silva, Olhar antimanicomial - arte e dignidade, será exibida das 19h às 22h. O espetáculo de Luiz Paixão, Nos porões da loucura, será encenado às 20h. Os ingressos para o espetáculo devem ser retirados uma hora antes com comprovante de inscrição no evento.