Pesquisa e Inovação

UFMG bate recorde histórico em número de depósito de patentes

Metade dos depósitos são de pesquisa em biotecnologia
Metade dos depósitos são de pesquisa em biotecnologia Foca Lisboa / UFMG

Com 91 depósitos de pedidos de patentes junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a UFMG bateu, em 2016, o próprio recorde histórico em inovação – no ano anterior, já figurava como líder em depósitos entre as universidades brasileiras, com 56 pedidos depositados.

Para o pró-reitor de Pesquisa, Ado Jorio de Vasconcelos, esses números refletem o desempenho da pesquisa na Universidade, já que a UFMG publica hoje praticamente o dobro de papers que produzia há dez anos e, no mesmo período, depositou cinco vezes mais patentes do que em toda sua história pregressa, licenciando para o setor privado dez vezes mais tecnologias do que em todos os anos anteriores.

“A tendência é que esse crescimento seja maior quando removidos diversos entraves de legislação”, prevê o pró-reitor, que preside comissão responsável por elaborar proposta de política de inovação para a UFMG, como define a lei nº 13.243/16, publicada em janeiro de 2016 e conhecida como Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação.

O reitor Jaime Ramírez comemora o resultado, destacando que em um ano a UFMG elevou o número de depósitos de patentes junto ao INPI em 62,5%. Para o dirigente, o resultado deriva de um esforço coletivo da comunidade universitária, envolvendo diversas áreas do conhecimento. Ele ressalta que "o resultado reflete a maturidade da pesquisa desenvolvida na UFMG, uma maior conscientização de seus pesquisadores da importância da proteção do conhecimento gerado e o apoio institucional. Esse resultado reflete o resultado dessa política institucional".

Jaime Ramírez reforça ainda a importância de a UFMG estar atenta ao oferecimento do conhecimento gerado no ambiente acadêmico para a utilização social. “O futuro sinaliza claramente para a crescente interação entre academia e sociedade”. Assim, as diversas linhas de atuação da UFMG, “sempre que possível, devem contemplar a transferência de tecnologias, físicas e sociais, para a sociedade”, afirma.

Dos 91 pedidos de depósito, 50% são da área de biotecnologia, confirmando outra marca da UFMG: a maior depositante de pedidos de patentes de biotecnologia no Brasil. São tecnologias como diagnóstico para dengue e para doença de chagas, prognóstico de câncer de ovário e composições antineoplásicas. Depois da biotecnologia, as áreas que mais depositaram patentes em 2016 foram engenharia, farmácia e química.

Interação

Nova normatização prevê compartilhamento de laboratórios da UFMG com empresas privadas
Nova normatização prevê compartilhamento de laboratórios da UFMG com empresas privadas

Para além do desafio de gerar tecnologias por meio das pesquisas acadêmicas, está a transferência dessas invenções para o mercado, por meio da interação universidade-empresa. Um dos projetos que tiveram assinatura do licenciamento da tecnologia em 2016 foi o do peptídeo sintético PnTx(19).

Modelo promissor de fármaco capaz de combater a disfunção erétil, essa substância – que é atóxica e tem ação analgésica – passa praticamente despercebida pelo organismo. Ela foi licenciada com exclusividade à empresa Biozeus, por meio de edital de oferta pública.

A tecnologia foi desenvolvida por grupo de pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG e da Fundação Ezequiel Dias (Funed) que isolou parte do veneno da aranha armadeira e sintetizou peptídeo que potencializa a ereção sem causar efeitos tóxicos. A pesquisa teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Leia mais sobre a pesquisa no Boletim UFMG.

“Para nós é uma grande conquista. Além de mostrar a relevância da pesquisa básica, utiliza o potencial de aplicação farmacêutica de substância da biodiversidade do Brasil, que detém 20% da biodiversidade mundial”, destaca a professora Maria Elena Lima, do Departamento de Bioquímica do ICB.

Novas normas

Formada por nove docentes de todas as áreas do conhecimento e com histórico de excelência na área, a comissão presidida por Ado Jorio começou a trabalhar em dezembro do ano passado e deve elaborar, até o fim de março, documento com normatizações relativas a temas como compartilhamento de laboratórios da UFMG com empresas privadas e a postura institucional do pesquisador que é também empreendedor.

Responsável pela gestão das tecnologias geradas pela Universidade, a Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) tem diversas demandas de transferência de tecnologias que ainda não foram atendidas por falta de definições legais. “A falta de normatização já está travando algumas transferências”, enfatiza o diretor da CTIT, professor Gilberto Medeiros.

Segundo ele, o objetivo é que o ambiente de inovação tenha mais clareza para toda a comunidade e agilize os processos que culminam com depósito de patentes e transferência de tecnologia.

O reitor Jaime Ramírez destaca a importância do trabalho da comissão, lembrando que a lei nº 13.243/16 não é autoaplicável – cada Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT) deve definir as próprias políticas de inovação, em sua amplitude local e regional, em consonância com a legislação federal.

Depósito de patentes e transferência de tecnologia tendem a crescer com normatização de processos
Depósito de patentes e transferência de tecnologia tendem a crescer com normatização de processos Foca Lisboa / UFMG

Com Assessoria da CTIT