Institucional

UFMG busca apoio do governo federal para avançar nos estudos da vacina Calixcoca

Reitora Sandra Goulart reuniu-se com o ministro Camilo Santana, da Educação; composto terapêutico impede a dependência de crack e cocaína

Frederico Garcia, Duda Salabert, Camilo Santana e Sandra Goulart (os quatro no centro da foto) após encontro que discutiu possibilidades de apoio à vacina Calixcoca
Frederico Garcia, Duda Salabert, Camilo Santana e Sandra Goulart (os quatro no centro da foto) após encontro que discutiu possibilidades de apoio à vacina Calixcoca Foto: Divulgação MEC

Em busca de apoio para que a vacina terapêutica Calixcoca, contra a dependência de crack e cocaína, avance às fases de testes em humanos, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida e o professor Frederico Garcia, da Faculdade de Medicina e coordenador dos estudos, apresentaram detalhes do projeto ao ministro Camilo Santana, da Educação, em reunião realizada, na semana passada, em Brasília. O encontro foi articulado pela deputada federal Duda Salabert (PDT-MG).

Testado com sucesso em animais, o composto, que já é financiado pelos governos federal e de Minas e com recursos de emendas parlamentares, precisa de mais verba para ter continuidade. Em julho, o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, anunciou na UFMG o investimento de R$ 10 milhões no projeto

Segundo a reitora, a apresentação foi bem recebida pelo ministro, que recomendou que o Ministério da Saúde também seja envolvido nas tratativas. “Trata-se de uma solução terapêutica que pode ajudar a enfrentar um grave problema social”, Sandra Goulart.

Alternativa inovadora
O projeto da Calixcoca já teve concluídas as etapas pré-clínicas, nas quais foram constatadas a segurança e eficácia para tratamento da dependência e prevenção de consequências obstétricas e fetais da exposição à droga durante a gravidez em animais. Atualmente, não existem tratamentos registrados em agências regulatórias para essas dependências. As alternativas disponíveis são de viés comportamental ou se valem de medicamentos com função sintomática, ou seja, que ajudam a tolerar a abstinência ou diminuir a impulsividade.

A vacina em estudos na UFMG induz o sistema imune a produzir anticorpos que se ligam à cocaína na corrente sanguínea. Essa ligação transforma a droga em uma molécula grande, que não passa pela barreira hematoencefálica. Outra possibilidade de uso foi observada nos testes em ratas grávidas, que produziram níveis significativos de anticorpos “A vacina impediu a ação da droga sobre a placenta e o feto. Observamos menos complicações obstétricas, maior número de filhotes e maior peso do que as não vacinadas”, relatou o professor Frederico Garcia à reportagem do Portal da Faculdade de Medicina.

Hospitais universitários e PAC
De acordo com a reitora Sandra Goulart, além do apoio à continuidade dos estudos da Calixcoca, o encontro com o ministro Camilo Santana também tratou dos hospitais universitários, no caso o Hospital das Clínicas e o Hospital Risoleta Tolentino Neves, e das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) relacionadas aos campi universitários. Outro tema em discussão foi a implantação de um centro de inovação farmacêutica na UFMG.

Esta é a segunda vez que Sandra Goulart se encontra com o ministro Camilo Santana desde que ele assumiu a pasta da Educação. Em julho, a reitora, dirigentes de outras instituições da América Latina e o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica discutiram com o ministro um programa de mobilidade regional via universidades.