Ensino

UFMG discute retomada gradual das aulas presenciais e adoção do ensino híbrido emergencial

Diretrizes iniciais do planejamento coletivo serão apresentadas nesta quarta, em fórum on-line aberto à comunidade

Estudantes da Escola de Enfermagem participam de treinamento para atuação no polo de vacinação contra a covid-19 montado na Unidade: onze cursos da área de saúde retomaram atividades presenciais
Estudantes da área de saúde em treinamento para atuação no polo de vacinação contra a covid-19 instalado na Escola de Enfermagem: 11 cursos já oferecem atividades presenciais Solange Godoy | UFMG

A UFMG iniciou discussões para a implantação temporária e emergencial do regime de ensino híbrido na graduação, que mescla atividades remotas e presenciais. O movimento ocorre no âmbito do amplo planejamento que a Universidade tem feito para que o retorno às atividades presenciais ocorra de maneira gradual e participativa, em consonância com os indicadores da pandemia.

A ideia é que esse regime seja implantado em sintonia com os parâmetros estabelecidos pelo Plano para o retorno presencial de atividades não adaptáveis ao modo remoto. Assim, se as cidades em que a UFMG mantém campi estiverem no cenário de retorno relativo à etapa 1, o teto de ocupação dos espaços físicos será igual a 20%; se estiverem no cenário relativo à etapa 2, o teto de ocupação será de 40%. Os critérios estabelecidos para cada etapa de retorno estão descritos na edição mais recente do plano, publicada no mês passado.

“Não há uma data definida para o retorno presencial amplo, mas temos a  expectativa de que seja possível, no segundo período letivo de 2021, ampliar a oferta de atividades presenciais. Nosso foco é o ‘como’, ou seja, vamos estabelecer critérios, diretrizes e parâmetros para essa volta gradual, uma vez que as condições sanitárias são dinâmicas”, afirma a pró-reitora de Graduação, Benigna de Oliveira.

Segundo a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, a expectativa é que o planejamento dessa transição do Ensino Remoto Emergencial (ERE) para o Ensino Híbrido Emergencial (EHE) envolva toda a comunidade acadêmica, de forma a se mensurar o impacto que o retorno de algumas atividades presenciais deve ocasionar na vida da comunidade e da cidade. “A UFMG tem retomado as aulas presenciais de forma gradual, seguindo as orientações das autoridades sanitárias locais e o plano de retorno e o protocolo de biossegurança aprovados pela instituição”, demarca a reitora.

Saúde já começou
No caso de Belo Horizonte, contextualiza a reitora, a Prefeitura tem autorizado, desde meados de 2020, apenas atividades práticas e assistenciais dos cursos da área da saúde. “Atualmente, a Universidade registra 11 cursos de graduação em atividades presenciais, além dos trabalhos de pesquisa e extensão previamente aprovados”, informa.

A professora Cristina Alvim, coordenadora do Comitê de Enfrentamento do Novo Coronavírus da UFMG, lembra que, apesar do cenário de incertezas em relação à pandemia – vacinação ainda em ritmo lento e risco de surgimento de variantes do novo coronavírus são fatores que merecem atenção –, a retomada gradual das atividades presenciais é uma necessidade. “A UFMG tem feito um grande esforço para manter a qualidade no modo remoto, mas é preciso reconhecer que há um cansaço mental e emocional na comunidade. A presença física nos espaços da Universidade faz muita falta na vida de todos”, argumenta a professora. No vídeo a seguir, a professora Cristina Alvim faz uma análise do cenário epidemiológico, das mudanças introduzidas no plano de retorno e do sistema implantado pela UFMG para o controle da pandemia, o MonitoraCovidUFMG.

A pró-reitora de Graduação, Benigna Oliveira também avalia que o ensino remoto e o ensino híbrido emergencial não propiciam as condições ideais para garantir ampla formação. "Como o próprio termo ‘emergencial’ sugere, trata-se de uma situação transitória, adotada para manter o vínculo dos nossos estudantes com a Universidade e garantir as atividades de ensino em seus 91 cursos de graduação", sustenta.

Fórum de debate

O planejamento para a implantação do Ensino Híbrido Emergencial (EHE) será tema do Fórum de Integração Docente que ocorre nesta quarta-feira, dia 21 de julho, das 14h às 16h. A ideia é que, nessas discussões, a Administração Central da Universidade, auxiliada por toda a comunidade acadêmica e pelos colegiados de cursos de graduação e departamentos, possa identificar as atividades curriculares que mais sofreram prejuízos no processo de ensino-aprendizagem ao serem ofertadas remotamente, para que então se possa priorizar o retorno delas para o ensino presencial de forma integral ou parcial – a exemplo das atividades que têm carga horária prática e trabalhos de laboratório e de campo.

Os fóruns on-line são espaços destinados à reflexão de questões relacionadas às mudanças no ensino provocadas pela pandemia. Transmitidos pelo canal da Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC) no YouTube, são abertos à participação de toda a comunidade.

Da edição desta quarta-feira, dia 21, participam a reitora Sandra Goulart Almeida, o vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, a pró-reitora de Graduação, Benigna de Oliveira, o pró-reitor adjunto de Graduação, Bruno Teixeira, as professoras Cristina Alvim e Andréa Rodrigues Motta, presidente do grupo de trabalho instituído pela Câmara de Graduação para o planejamento do retorno gradual às atividades presenciais. A atuação desse grupo de trabalho teve início no dia 11 de junho. Além de docentes e representantes de diversas áreas da Administração Central, ele reúne dois representantes discentes, indicados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE). Veja a resolução que instituiu o GT.

De acordo com a titular da Diretoria de Inovação e Metodologias de Ensino (GIZ), Maria José Flores, o encontro desta quarta-feira vai ampliar as discussões que vêm sendo realizadas por dirigentes de diversas instâncias da UFMG – Reitoria, diretorias de unidades acadêmicas, colegiados de cursos e departamentos. “Esperamos que o fórum contribua para também mobilizar estudantes, servidores técnico-administrativos em educação e professores que não ocupam cargos de gestão. É importante que todos conheçam as diretrizes iniciais propostas e se empenhem no enfrentamento desse desafio. Precisamos nos organizar para dar conta de promover uma retomada segura sem deixar nenhum curso para trás”, defende a professora.

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Estudantes na Biblioteca Universitária, no campus Pampulha, antes da pandemia: presença física nos ambientes da UFMG é fundamental para a formação acadêmicaLucas Braga | UFMG

Orientações iniciais
Segundo a pró-reitora Benigna Oliveira, a própria implantação do ensino remoto proporcionou um grande aprendizado para UFMG ao reforçar a cultura do planejamento e do diálogo. “Todas as decisões foram tomadas de forma compartilhada com a comunidade universitária”, diz ela. Para essa nova etapa, a pró-reitora acredita que a experiência dos 11 cursos da área de saúde que já desenvolvem atividades presenciais servirá de referência. “É preciso dialogar intensamente não só no âmbito da comunidade acadêmica, mas também com os campos de estágio e todos os setores envolvidos”, avalia.

Para subsidiar o debate com os parâmetros que conformam esse retorno gradual às atividades presenciais, o grupo de trabalho elaborou documento com as orientações iniciais para o planejamento da oferta remota, presencial e híbrida de atividades acadêmicas curriculares de ensino de graduação.

Em linhas gerais, o documento determina que o planejamento deverá ser feito considerando-se o compromisso da Universidade com a preservação da vida e com a formação de qualidade, ética e cidadã dos seus estudantes de graduação, a diversidade do corpo de servidores e estudantes, as condições epidemiológicas e assistenciais de Belo Horizonte e Montes Claros, cidades em que a UFMG mantém campi, e o Plano para o retorno presencial de atividades não adaptáveis ao modo remoto na UFMG.

Ewerton Martins Ribeiro