UFMG e Embrapii celebram novos acordos para transferência de conhecimento
CTNano vai participar de projetos relacionados ao grafeno; unidade de fármacos e vacinas foi formalizada
Na manhã desta terça-feira, 25 de janeiro, a UFMG e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) celebraram dois acordos. Dirigentes das duas instituições assinaram Memorando de Entendimentos (MOU) que estabelece parceria que envolve o Centro de Tecnologia em Nanomateriais e Grafeno (CTNano), da Universidade, e formalizaram a criação da Unidade Embrapii-UFMG Inovação em Fármacos e Vacinas, cuja criação foi decidida no fim do ano passado.
Representantes da Embrapii foram recebidos pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida por dirigentes e pesquisadores da UFMG. O CTNano passa a participar das reuniões das 12 unidades da Rede MCTI-Embrapii de Inovação em Grafeno com empresas dedicadas à inovação em produtos que incorporam o nanomaterial, nas quais poderá oferecer seu know-how e estabelecer iniciativas em conjunto com as unidades e as empresas.
A unidade para fármacos e vacinas une quatro Centros de Tecnologia e Inovação da Universidade e vai apoiar empresas da área da saúde interessadas em desenvolver novas terapias, sistemas de liberação de fármacos e imunizantes, por meio da transferência do conhecimento para o mercado.
“Nossa parceria com a UFMG é estratégica, devido à relevância de uma das universidades do país com produção científica mais destacada e também do estado de Minas Gerais, cujo parque industrial oferece excelentes oportunidades”, afirmou o diretor de Operações da Embrapii, Carlos Eduardo Pereira. Junto com os engenheiros de sua equipe, Fernando Fernandez e Brenno Passoni, ele visitou as instalações das três unidades da UFMG, a única instituição federal com três dessas estruturas.
Sandra Goulart Almeida afirmou que as unidades Embrapii-UFMG são “muito bem-vindas, porque representam o coroamento de esforços de pesquisa da Universidade já amadurecidos, agora potencializados de forma significativa por essa parceria”. Ela comemorou os novos acordos. “Nossa pesquisa com vacinas e fármacos está muito avançada, e o CTNano, resultado do pioneirismo da UFMG nos estudos de nanomateriais e grafeno, tem tudo para ampliar sua colaboração com empresas, transferindo tecnologia em benefício do desenvolvimento econômico e social”, disse a reitora, que esteve acompanhada do vice-reitor Alessandro Moreira, do pró-reitor de Pesquisa, Mario Campos, e de coordenadores das unidades Embrapii-UFMG e do CTNano.
A Embrapii, organização social financiada pelos ministérios da Educação (MEC) e da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), fomenta a inovação nas empresas por meio do apoio à pesquisa e à transferência de tecnologias em altos graus de maturidade. Desde 2013, movimentou mais de R$ 2 bilhões, criou 76 unidades em conjunto com instituições de pesquisa e apoiou por volta de 1.500 projetos de cerca de mil empresas. Recentemente, começou a receber recursos adicionais do BNDES.
Oportunidades em breve
A Embrapii tem recursos importantes alocados para projetos de grafeno, o que significa que o CTNano terá oportunidades concretas, em breve, de captar novos projetos, como lembra a professora Glaura Goulart Silva, uma das coordenadoras do CT. O Centro desenvolve trabalho intenso com o grafeno, material de carbono com aplicações em campos diversos, como indústria pesada, produtos farmacêuticos, tecidos, entre outros. O nanomaterial tem propriedades mecânicas, térmicas e elétricas e funciona como aditivo que melhora significativamente essas propriedades em materiais inovadores.
Criado há dez anos, o CTNano está instalado há três em um prédio de quatro andares no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec). Atualmente, desenvolve 15 projetos com empresas como Petrobras, Arcellor Mittal e Suzano.
Pesquisadores de alto impacto
Os estudos da Unidade Embrapii-UFMG Inovação em Fármacos e Vacinas terão foco em novas moléculas e seus mecanismos de ação, veiculação de fármacos, ácidos nucleicos e vacinas, ensaios pré-clínicos e clínicos iniciais em condições de boas práticas de laboratório e pesquisa clínica. Os centros que participam da nova estrutura são o CT Vacinas, o CT Medicina Molecular, o CT Terapias Inovadoras e o CT Nanobiomateriais.
Coordenada pelo professor Rubén Darío Sinisterra, do Departamento de Química do ICEx, a unidade reúne 55 pesquisadores de diversos institutos e faculdades da UFMG, com produção científica de alto impacto nos últimos cinco anos. Esses pesquisadores terão à sua disposição plataformas com recursos de última geração. Inicialmente, a Embrapii vai aportar R$ 5 milhões, e bons resultados obtidos pela unidade na captação de projetos e na interação universidade-empresa vão ensejar novos aportes nos seis anos seguintes.
Computação, Engenharia e Química
O Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Ciências Exatas (ICEx) sedia a Unidade Embrapii-UFMG Softwares para Sistemas Ciberfísicos. Criada em 2016, a unidade desenvolve plataformas computacionais que integram processos físicos, computação e comunicação em diferentes escalas, com suporte de tecnologias diversas, fundamentais para a transformação digital e a indústria 4.0.
As soluções geradas atendem a setores tão diferentes como metalurgia, telecomunicações, transporte, logística, saúde, agropecuária e energia. A atuação se divide entre prospecção e monitoramento de dados, gestão da informação e mecanismos para tomada de decisão. A unidade já desenvolveu 15 projetos, com participação de dezenas de pesquisadores da UFMG, incluindo estudantes, da graduação ao pós-doutorado. No período 2020-2026, serão movimentados recursos da ordem de R$ 23 milhões, providos pela Embrapii, pelas empresas parceiras e por contrapartida da Universidade. A unidade é coordenada pelo professor Geraldo Robson Mateus.
O outro projeto transformado em Unidade Embrapii-UFMG é Tecnologias aplicadas a powertrain elétrico e híbrido e combustão de alto desempenho, a cargo de três laboratórios da UFMG: Tesla Engenharia de Potência, Centro de Tecnologia da Mobilidade (CTM), ambos da Escola de Engenharia, e Laboratório de Ensaios de Combustíveis (LEC), vinculado ao ICEx. Formalizada em agosto de 2021, a unidade é uma das quatro selecionadas pela Embrapii para inovação no setor automotivo. Esses grupos de pesquisa, todos ligados a universidades, receberão cerca de R$ 12 milhões para investir, ao longo de três anos, em inovação que vai aperfeiçoar a mobilidade, em seus vários aspectos. As empresas parceiras aportarão mais R$ 12 milhões.
Os laboratórios da UFMG trabalham para propor tecnologias capazes de aumentar a eficiência de motores a combustão, por meio de melhorias nos sistemas existentes, e de promover a eletrificação e o armazenamento de energia, em prol da qualidade e da adequação de combustíveis. A Unidade Embrapii-UFMG é gerida pelo ELO – Escritório de Ligação, criado há 10 anos pela Escola de Engenharia para aproximar pesquisadores e a iniciativa privada, e pelos coordenadores dos grupos envolvidos na empreitada: os professores Braz Cardoso Filho, do Departamento de Engenharia Elétrica, José Guilherme Coelho Baeta, do Departamento de Engenharia Mecânica, e Vânya Duarte Pasa, do Departamento de Química.
A sessão de assinaturas também contou com a presença de Glaura Goulart, coordenadora do CTNano, Rubén Sinisterra, Braz Cardoso e Geraldo Mateus, coordenadores das Unidades Embrapii-UFMG.