UFMG apresenta iniciativa em prol de Brumadinho com uso da web
Evento teve presença do ministro Marcos Pontes, de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
A UFMG, em parceria com Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações e o Centro de Estudos sobre Tecnologias Web (Ceweb.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), lançou nesta sexta-feria, 6, o projeto Mover-se na Web – Articulação pró-Brumadinho, que vai fomentar projetos com base em tecnologias web para atender demandas específicas da comunidade de Brumadinho, afetada pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, da Vale, no dia 25 de janeiro deste ano.
As propostas, que poderão ser submetidas sob a responsabilidade de professores ou funcionários de institutos de ciência e tecnologia, receberão R$3.200 reais por mês, durante 12 meses. O critério principal para seleção é que seja apresentado um produto final com base em tecnologias web — acessíveis, por exemplo, em dispositivos móveis como aparelhos celulares.
O titular do MCTIC, ministro Marcos Pontes, que participou da solenidade inaugural do Mover-se na Web, no auditório do Centro de Atividades Didáticas de Ciências Exatas (CAD 3), ressaltou que ciência e tecnologia são "ferramentas poderosas" para o desenvolvimento econômico e social. "O tripé educação, ciência e tecnologia é a base dos países desenvolvidos. E esse projeto é um exemplo da utilização das tecnologias para buscar soluções que possam ajudar a melhorar a vida das pessoas”, afirmou.
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida expressou satisfação com o fato de a iniciativa do Mover-se na Web ter partido da comunidade, com intermediação do Departamento de Ciência da Computação (DCC) do ICEx) e ter conquistado a adesão do MCTIC. “A Universidade brasileira faz muito mais que formar recursos humanos, com muita seriedade e qualidade. Fazemos também pesquisa e extensão, que são imprescindíveis. Fazer extensão é estar em contato com a sociedade, propondo caminhos para resolver seus problemas. Por isso, educação, ciência e tecnologia não representam gasto, mas investimento”, afirmou .
Capacitação
Estudantes de graduação e pós-graduação podem se inscrever reunidos em equipes, que podem estar vinculadas a empresas de base tecnológica, como startups, desde que estas estejam, por sua vez, ligadas a alguma instituição de ensino superior.
O período para submissão das propostas será de 45 dias, a partir do dia 10 de dezembro, conforme chamada que será publicada na página da Ceweb.br.
“A UFMG e outros parceiros que se juntarem à iniciativa oferecerão capacitação para os vencedores dos projetos, no período de sua vigência, anunciou o gerente da Ceweb.br, Vagner Diniz.
“O Ceweb.br está preocupado com o futuro do Brasil e acredita que a tecnologia é um instrumento capaz de ajudar na solução de problemas dos cidadãos. E essa chamada tem a ver exatamente com isso: precisamos encontrar propostas de soluções para problemas reais, de pessoas reais”, afirmou Diniz. "Todos nós perdemos com essa tragédia de Brumadinho. Eu, pessoalmente, perdi meu filho, minha filha e minha nora, grávida de cinco meses. Muitas pessoas perderam familiares ou amigos. A cidade perdeu e está sofrendo. O Estado também. O país teve sua reputação manchada internacionalmente. Então, o Ceweb não poderia ficar indiferente a essa tragédia", afirmou.
Segundo Wagner Diniz, em reunião realizada no mês de agosto, em Brumadinho, com representantes de 15 instituições ligadas à sociedade civil, a governos e à academia, foram definidas, para fazer frente às demandas da comunidade, duas frentes prioritárias. Uma delas será materializada na criação de duas redes: uma de pessoas, para conectar a comunidade que necessita trocar informações, vivências e resgatar tradições e identidade; e outra de vigilância ambiental. “Após o desastre, a comunidade tem mais de 100 viúvas. Portanto, as mulheres são as que mais estão sofrendo as consequências da tragédia. Essa rede visa fortalecer suas vivências culturais, seus produtos artesanais ou os que possam reforçar sua identidade e resgatar sua dignidade”, pontuou.
A outra frente de atuação é a ampliação da oferta de arranjos produtivos de matrizes sustentáveis, o que significa desenvolver soluções de tecnologia web para o monitoramento dos recursos hídricos.
Os representantes da associação (ainda não registrada) dos amigos de Brumadinho, Gabriel Parreiras e Lorena Castelli, e da ONG NaAção e da startup Projeto Marvin, Dante Nolasco, concordam que o Mover-se na Web poderá contribuir para resolver uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas 42 comunidades afetadas pelo desastre: a falta de instrução da população sobre seus próprios direitos. Eles acrescentaram que a colaboração que se inicia será fundamental para a troca de dados, informações e otimização das frentes de trabalho nas comunidades.
Geração de conhecimento e riquezas
O ministro Marcos Pontes disse que “é preciso sempre pensar nas pessoas” e, por isso, a missão do MCTIC é "atender objetivos práticos, que passam pela geração de conhecimento, que o país realiza muito bem nas universidades e instituições cientificas, e de riquezas, por meio de novas empresas e produtos de base tecnológica, para contribuir com a qualidade de vida das pessoas”.
“Quando falo em resultados práticos, falo da importância da pesquisa básica, fundamental para as inovações. E também da importância dos professores e dos estudantes que, nesse processo, têm a responsabilidade de utilizar o conhecimento para propor soluções”.
Para Sandra Goulart Almeida, a parceria com o poder público potencializa a capacidade de transformar o país. "Precisamos estar juntos em iniciativas como essa, que se soma a outras realizadas pela Universidade, por meio do Programa Participa UFMG, que organiza frentes de trabalho em Mariana, Brumadinho e no Rio Doce, e, mais recentemente, das pesquisas que subsidiarão a Justiça nas ações contra a Vale”, afirmou.
A reitora também destacou a postura de parceria do MCTIC na luta das universidades públicas contra o bloqueio de recursos para educação, ciência e tecnologia e contra a fusão da Capes com o CNPq. "Essas instituições são completamente diferentes e de extrema importância para o país. A Capes contribui para a formação de recursos humanos, por meio do cuidado e da avaliação da pós-graduação, e o CNPq financia todas as áreas de pesquisa pública.”
O secretário de Empreendedorismo e Inovação do MCTIC, Paulo César de Carvalho Alvim, afirmou que "as startups são uma prioridade, e o Ministério trabalha pela convergência de todos os seus instrumentos para agregar os atores federais com o objetivo de ampliar os ciclos de vida dessas empresas".