Institucional

UFMG elabora plano de retorno exclusivo para atividades que não se adaptam ao modo remoto

Proposta para retomada gradual é baseada em protocolo de biossegurança; restrição da circulação vai garantir distanciamento social e implementação do monitoramento de casos. Aulas seguirão on-line

Vista aérea do campus Pampulha, que concentra a maioria das unidades acadêmicas da UFMG: aulas continuam em modo remoto
Vista aérea do campus Pampulha, que concentra a maioria das unidades acadêmicas da UFMG: aulas prosseguem em modo remoto Lucas Braga | UFMG

Desde março deste ano, por causa da pandemia de covid-19, grande parte das atividades da UFMG vem sendo realizadas de forma remota – e serão mantidas assim por tempo indeterminado, incluindo as aulas de graduação e pós-graduação, até que a doença seja controlada. Aquelas consideradas essenciais para a manutenção da Universidade (limpeza, segurança, serviços de portaria, por exemplo) e para o enfrentamento do coronavírus foram mantidas no modo presencial. Há, no entanto, atividades que foram suspensas porque não podem ser realizadas remotamente. Diretrizes para orientar a retomada presencial, de forma gradual e segura, dessas atividades não transponíveis para o espaço virtual estão propostas no Plano para o retorno presencial de atividades não adaptáveis ao modo remoto.

A iniciativa de planejar o retorno das atividades não adaptáveis é baseada nas evidências científicas disponíveis e motivada pela consciência da relevância da atuação da UFMG na produção de conhecimento e em sua responsabilidade social. O plano prevê a retomada lenta, em etapas, com restrição do número de pessoas, em estrito alinhamento com os indicadores epidemiológicos e as recomendações das autoridades sanitárias locais, tanto em Belo Horizonte quanto em Montes Claros. Foram estabelecidos critérios quantitativos relativos ao teto de ocupação dos espaços de modo a garantir o distanciamento social e a implementação do monitoramento das pessoas que circulam nesses espaços. Também foram definidos condicionantes, indicadores de monitoramento e fluxos de autorização. 

Conforme decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), o retorno das atividades presenciais de ensino de graduação e de pós-graduação e de extensão não adaptáveis ao modo remoto precisará ser autorizado, em cada caso, pelas câmaras de Graduação, de Pós-graduação e de Extensão.

A reitora Sandra Regina Goulart Almeida ressalta que as ações da UFMG relacionadas à pandemia têm-se pautado no cuidado com a preservação da vida e da saúde. “O sentido de prioridade que vai guiar a retomada de atividades que não se adaptam ao ambiente virtual é dado pelos pressupostos de relevância e responsabilidade social da Universidade”, afirma a reitora. “Temos consciência de que há risco de contaminação enquanto não houver controle da pandemia ou mesmo uma vacina eficaz e disponível para grande parte da população. Felizmente, também sabemos hoje como minimizar esses riscos, com mudanças de comportamento e medidas rigorosas de adequação de espaços. Neste momento, é necessário enfatizar que o que foi transposto para o ambiente remoto deve permanecer de forma virtual por tempo indeterminado, até que tenhamos uma sinalização das autorizadas sanitárias. Estamos aqui falando de possibilidade de retorno presencial parcial, lento e gradual de atividades que não possam ser realizadas de forma remota e que são imprescindíveis para que a Universidade cumpra com sua missão social”, reforça Sandra Goulart Almeida.

O Plano para o retorno presencial de atividades não adaptáveis ao modo remoto foi construído conjuntamente, com base nos trabalhos da assessoria técnico-científica do Comitê de Enfrentamento do Novo Coronavírus da UFMG e da Comissão de Acompanhamento designada pelo Conselho Universitário. O plano foi apresentado e debatido no Conselho de Diretores, no Cepe e no Conselho Universitário. Após discussões internas, as diretorias de unidades e órgãos enviaram sugestões de aprimoramento.

Uma das instalações da UFMG que estão na linha de frente do combate à covid-19, o CT-Vacinas manteve atuação presencial
Uma das instalações da UFMG que atuam no combate à covid-19, o CT-Vacinas manteve atuação presencial Marcílio Lana / UFMG

Condições e etapas
O retorno seguro de atividades presenciais deverá atender a condições e pré-requisitos claramente definidos no Protocolo de biossegurança, reorganização dos espaços físicos e monitoramento da UFMG, elaborado com participação de especialistas da Universidade e divulgado em 24 de julho.

O plano prevê quatro etapas (0 a 3) de evolução do retorno presencial das atividades não adaptáveis. Cada etapa é definida pelo número máximo de pessoas (servidores, estudantes e trabalhadores terceirizados) que circulam na unidade simultaneamente, representando um teto de ocupação para cada setor ou espaço físico. O objetivo é reduzir significativamente o número de pessoas circulando em cada unidade, o que vai garantir condições para o distanciamento social, implementação progressiva do monitoramento e controle de surtos.

Na etapa 1, o teto de ocupação é de 20%, e o pré-requisito é que a cidade esteja em nível de alerta verde ou amarelo há pelo menos quatro semanas consecutivas. O critério de percentagem das equipes deverá ser combinado ao da viabilidade de distanciamento social. Na segunda etapa, ainda sem data prevista, o limite deverá subir para 40%. Para isso, será necessário que a cidade esteja em alerta verde há dois meses, no mínimo, e que não tenha ocorrido surto da doença na UFMG. O aumento gradual das atividades presenciais até o retorno pleno estará condicionado ao controle da pandemia ou à existência de vacina eficaz e disponível para cobertura ampla da população.

A evolução para uma nova etapa deverá ser autorizada pela Reitoria, com base na assessoria do Comitê de Enfrentamento ao Novo Coronavírus e da Comissão de Acompanhamento do Conselho Universitário, e será orientada pelos indicadores epidemiológicos e assistenciais das cidades, pelo grau de adesão da comunidade da universidade às medidas comportamentais e ausência de surtos. Caso haja recrudescimento da epidemia, as atividades presenciais poderão ser suspensas.

Salão de estudo da Biblioteca Universitário vazio durante a pandemia:
Salão de estudo da Biblioteca Universitária vazio durante a pandemia: circulação de pessoas continuará restrita para facilitar monitoramento dos casos Ewerton Martins Ribeiro / UFMG

Menor circulação, mais segurança
Segundo a professora Cristina Alvim, da Faculdade de Medicina, que coordena o Comitê de Enfrentamento, é fundamental que seja feita análise responsável e cuidadosa de cada solicitação da comunidade acadêmica para o retorno ao modo presencial, com base em critérios estabelecidos e condicionada à aprovação da instância superior responsável. “Vale lembrar que a possibilidade de autorização não significa que deva haver atividades presenciais em todas as unidades e órgãos. É preciso ter em mente que estaremos mais seguros quanto menor for a circulação de pessoas nos campi”, afirma.

O professor Maurício Campomori, diretor da Escola de Arquitetura e coordenador da Comissão de Acompanhamento do Conselho Universitário, explica que, para que seja “mais viável identificar contatos na eventualidade do surgimento de casos confirmados ou suspeitos de contaminação, a orientação é que o retorno seja feito adotando escalas e grupos regulares, com base no conceito estatístico de coortes”.

Um roteiro detalhado para o monitoramento de casos é parte do protocolo para o retorno gradual. Uma das recomendações do plano, salienta Cristina Alvim, é a autoavaliação individual. “Cada membro da comunidade autorizado a voltar aos locais de trabalho deve verificar, a cada dia, se tem algum sintoma da covid-19 e se manteve contato com alguém doente ou com sintomas da infecção. Esse cuidado é crucial para prevenir a exposição da comunidade ao coronavírus.”

A professora ressalta que a pandemia não está controlada e que o plano para o retorno das atividades não adaptáveis ao modo remoto está sujeito à situação das cidades que abrigam os campi da UFMG. “Estaremos preparados para voltar atrás se os indicadores epidemiológicos e assistenciais piorarem”, garante Cristina Alvim.