UFMG enfrenta dificuldades com coesão, resiliência e empatia, diz Sandra Goulart
Cerimônia no campus Pampulha marcou recondução da reitora ao cargo e posse do vice Alessandro Fernandes Moreira
“Se, por um lado, este momento de transmissão do cargo de dirigente máximo sinaliza a continuidade sempre revigorada de um projeto de universidade e de país que outras gerações construíram, por outro, evoca justamente a vocação da UFMG para estar constantemente em busca do novo e da transformação. Caberá, a esta gestão que ora se inicia, continuar o legado desta Casa, um legado de excelência acadêmica no ensino, na pesquisa e na extensão, nas artes e na cultura, e de indiscutível relevância para as cidades, o estado e o país”, afirmou, na noite desta sexta, 8 de abril, a reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, em cerimônia na qual foi simbolicamente reconduzida ao cargo e deu posse ao vice-reitor, Alessandro Fernandes Moreira.
Oficialmente, ela já havia sido reconduzida por meio de ato administrativo publicado no Diário Oficial da União no dia 18 de março. No dia 25, a reitora foi empossada pelo então ministro Milton Ribeiro, por meio da assinatura de termo no Sistema Eletrônico de Informações (SEI). Ela será a primeira dirigente da UFMG a exercer o cargo de reitora por dois mandatos.
Ao longo da solenidade, Sandra e Alessandro foram saudados por representantes do Ministério da Educação, do Congresso Nacional, da Andifes e outras instituições. As boas-vindas aos dirigentes escolhidos pela comunidade da UFMG e confirmados pelo MEC ficaram a cargo do decano do Conselho Universitário, professor João Alberto de Almeida.
Tempos adversos
Sandra Almeida afirmou que ela e a equipe da gestão que se encerra sabiam desde o início que não seria fácil, “mas o tamanho do desafio que tempos tão adversos nos reservaram superou todos os diagnósticos”. Para a reitora, foi preciso enfrentar uma “confluência de dificuldades incomuns que demandaram da Universidade capacidade particular e inusitada de articulação interna, coesão institucional, resiliência, empatia e adaptação a novas situações”.
A reitora salientou que, em outros países, o fortalecimento dos sistemas de universidades, em articulação com os sistemas de ciência e tecnologia, foi essencial para mudanças sociais e econômicas importantes. “Por isso, manter o financiamento desses sistemas a longo prazo é um requisito indispensável para que o nosso povo tenha a perspectiva de um futuro mais próspero e equânime”, disse. “Temos clareza do papel da UFMG nesse debate, seja como interlocutora na arena pública, seja como exemplo dos impactos relevantes e duradouros que a Universidade produz em benefício da sociedade que a abriga.”
Sandra ressaltou que, com a pandemia, “as chaves da interpretação do mundo que cada um de nós desenvolveu ao longo da vida já não são suficientes nem para entender o que está acontecendo hoje, nem para prever o dia de amanhã, menos ainda para traçar estratégias para um caminhar seguro”.
Por um lado, disse a reitora da UFMG, a crise mostrou o quão frágil é a presença humana na Terra; por outro, demonstrou também que “a humanidade é capaz de se adaptar rapidamente e que são fundamentais o conhecimento científico e os saberes plurais acumulados pelas gerações que nos precederam, mantidos e continuamente expandidos exatamente pelas universidades de todo o mundo”.
‘Ousada, hábil e elegante’
Escolhido para fazer a principal saudação à reitora, Jaime Arturo Ramírez, reitor da UFMG na gestão 2014-2018, relembrou a trajetória de Sandra Goulart Almeida em cargos de gestão na Universidade (incluindo a parceria com ele, no cargo de vice-reitora) e afirmou que “o melhor dela ficou reservado para o momento em que mais precisamos”.
“Ousada, hábil e elegante”, segundo Jaime, Sandra “soube administrar a UFMG, nos últimos quatro anos, enfrentando severos cortes orçamentários e a excepcionalidade da situação gerada pela pandemia de covid-19”. De acordo com o atual presidente da Fundep, a reitora reconduzida “não aceita retrocessos, não comunga com o obscurantismo e defende com coragem, de forma altiva e inegociável, os princípios fundamentais de atuação da Universidade”.
Jaime Ramírez ressaltou que Sandra Goulart faz defesa intransigente da pesquisa científica e “cultiva a esperança”, com paixão pela UFMG, franqueza e transparência. “Conforta-nos saber que a UFMG pode continuar contando com sua liderança, ao lado do professor Alessandro Moreira”, disse.
‘Um minuto sequer’
Depois de afirmar que a UFMG, assim como muitas de suas congêneres, “não parou um minuto sequer durante a pandemia”, Sandra Goulart enumerou realizações da Universidade nesse período, como a criação de um comitê interno de enfrentamento da covid-19, a produção de testes diagnósticos, o desenvolvimento de tecnologias e materiais e o conjunto de pesquisas simultâneas visando propor alternativas de imunizantes.
“Rapidamente nos mobilizamos também para apoiar comunidades vulneráveis e abordar dificuldades relacionadas à saúde mental, aos direitos humanos, à produção de informações para diferente públicos, entre outras iniciativas”, salientou.
No plano interno, continuou a reitora, a Universidade garantiu que os estudantes tivessem acesso às atividades remotas e que docentes se preparassem para elaborar materiais adequados às aulas virtuais, além de implantar medidas de biossegurança em seus campi.
Mais ativas e necessárias
Sandra Goulart ressaltou que é inevitável que novas crises ocorram – decorrentes do aquecimento global, da destruição dos ecossistemas, do esgotamento de recursos naturais e do surgimento de bolsões de pobreza – e que está ao alcance das universidades públicas, em especial, mitigar os seus efeitos. “O compromisso ético e social das nossas instituições é o mesmo de antes da pandemia. As universidades não se transformaram, elas se fizeram ainda mais ativas e necessárias”, afirmou.
“Hoje, como há quatro anos, continuamos apostando na esperança de dias melhores, para nós e para as gerações vindouras. Estamos comprometidos com a defesa incondicional da universidade pública e autônoma, de qualidade e relevância para a nossa sociedade, cada vez mais inclusiva e plural”, disse Sandra Goulart Almeida.
Ela agradeceu à equipe que a acompanhou nos últimos quatro anos. Sobre o vice que volta com ela à direção da UFMG, Sandra disse que "seu bom humor constante e abertura ao diálogo serão imprescindíveis nos caminhos a serem trilhados". O novo time, que mantém alguns dos integrantes da última gestão, foi apresentado às pessoas que participaram da solenidade, nos auditórios da Reitoria e do CAD 1, com transmissão pelo canal da UFMG no YouTube.
A solenidade teve a presença de autoridades como o secretário adjunto de Educação Superior do MEC, Eduardo Gomes Salgado, o comandante da 4ª Região Militar em Belo Horizonte, general Jorge Antônio Smicelato, o senador Alexandre Silveira (PSD-MG), a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) e o presidente da Andifes, Marcus Vinícius David. O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, o presidente da Assembleia Legislativa de Minas, Agostinho Patrus, e o ministro do Tribunal de Contas da União Antonio Anastasia foram algumas autoridades que enviaram mensagens.
A TV UFMG também produziu um registro da solenidade.