Institucional

UFMG estrutura centro de referência para análises de materiais da barragem de Brumadinho

Juiz do TJMG visitou o complexo de laboratórios que foi instalado no Departamento de Química da UFMG com recursos oriundos de garantias judiciais

Acompanhados de representantes da administração central e do Departamento de Química, Sandra (à direita) e o juiz juiz Elton Pupo Nogueira (o mais alto) visitam o laboratório
Acompanhados de representantes da Administração Central e do Departamento de Química, Sandra Goulart (à direita) e o juiz Elton Pupo Nogueira (o mais alto) visitaram o laboratório Foto: Marcílio Lana | UFMG

A reitora Sandra Regina Goulart Almeida e o juiz Elton Pupo Nogueira, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), visitaram, nesta segunda-feira, dia 7, as instalações do Centro de Referência em Inovação Ambiental (CRA), localizado no Anexo 3 do Departamento de Química. Integrante do Projeto Brumadinho UFMG, esse complexo de laboratórios vai sediar análises de materiais relacionados ao rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, da Vale, ocorrido em janeiro de 2019 na cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Em sua visita, o juiz Elton Pupo – representante do judiciário à frente dos processos civis relacionados ao rompimento da barragem – destacou a importância de se ter no estado uma instituição como a UFMG, “com know-how para pesquisas de alta complexidade”. “Trata-se de uma instituição capaz de entregar para a sociedade mineira o que nós precisamos, que é o conhecimento e a pesquisa científica de ponta”, destacou. As análises realizadas pelo laboratório vão contribuir para avaliação mais precisa da extensão dos impactos socioeconômicos, ambientais, na saúde, na educação e nas estruturas urbanas, entre outros, causados pelo desastre.

“É claro que [sediar o centro de referência] também terá um impacto muito grande para nós, como instituição”, disse a reitora Sandra Goulart Almeida, destacando a vocação multiuso do espaço, que futuramente também será usado para o ensino, formando futuros quadros profissionais e científicos do estado. “Mas a nossa primeira prioridade será atender a essa demanda tão importante do poder público”, disse. Segundo a reitora, o laboratório se dedicará exclusivamente, no mínimo nos seus primeiros 12 meses, às análises dos índices de contaminação de amostras relativas ao rompimento da barragem. Concluído esse trabalho, os resultados serão encaminhados ao TJMG.

“Essa união entre instituições do poder público é o caminho para um país melhor e para uma sociedade mais equânime”, completou Sandra, acompanhada de outros representantes da Administração Central, como o vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, e do presidente da Fundep, Alfredo Gontijo de Oliveira, responsável pela gestão financeira do projeto. “Esse é um trabalho que cabe à Universidade desenvolver como instituição pública e como patrimônio do estado de Minas Gerais. É parte da missão da UFMG”, disse ela. “Desastres como esse não podem mais acontecer”, afirmou a reitora.

Identificação e avaliação de impactos
O Projeto Brumadinho UFMG foi lançado com o objetivo de auxiliar na identificação e avaliação dos impactos decorrentes do rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, da Vale, em janeiro de 2019. Estudos e pesquisas realizados em seu âmbito não servem às partes, mas ao próprio Juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Belo Horizonte, que está à frente do processo movido contra a Vale.

O projeto é resultado do repasse à UFMG, pelo TJMG, de recursos oriundos de garantias judiciais no âmbito do processo a que a mineradora responde. A visita do juiz Elton Pupo Nogueira ao laboratório representa, assim, uma prestação de contas da Universidade ao Tribunal de Justiça.

O Centro de Referência em Inovação Ambiental (CRA) é um conjunto de laboratórios multiuso, em que são realizadas análises físico-químicas de solos, águas subterrâneas e superficiais, sedimentos, rejeitos, material particulado atmosférico e material biológico, entre outras substâncias.

Com quatro laboratórios com área total de 150 metros quadrados e oito salas para equipamentos e escritórios com área total de 69 metros quadrados, o CRA conta com 42 equipamentos para análises laboratoriais capazes de realizar 174 tipos de processamento de diferentes amostras, como análises de metais e de compostos orgânicos em água subterrânea, em água superficial e sedimentos, em material particulado atmosférico e em materiais de origem animal, além de análises de composição isotópica em diferentes tipos de amostra.

Entre os equipamentos instalados, o laboratório dispõe de espectrômetro de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado, espectrômetro de fluorescência de raios-x por reflexão total, analisador direto de mercúrio, espectrômetro de massas multicoletor com plasma indutivamente acoplado, cromatógrafo de íons, cromatógrafo gasoso acoplado a espectrômetro de massas e cromatógrafo líquido acoplado a espectrômetro de massas.

“Lamentamos que a instalação desse laboratório esteja relacionada a um desastre de tamanha magnitude", disse a professora Claudia Mayorga, pró-reitora de Extensão e integrante do comitê técnico-científico do Projeto Brumadinho. "A proposta é que colaboremos com estudos sobre os impactos do rompimento, com todo o rigor técnico, científico e ético”, destacou.

A pró-reitora também lembra que foi instalada no CRA uma estrutura para que as partes interessadas possam acompanhar as análises feitas nos laboratórios. "Foi montado, por exemplo, um circuito de câmeras que vai contribuir para a transparência dos trabalhos", disse Claudia. "Esse é um processo de grande interesse público, especialmente da população atingida, e mais uma vez a Universidade, por meio da extensão e da pesquisa, cumpre a sua função pública.”

Circuito de câmeras do CRA
Circuito de câmeras do CRA Foto: Marcílio Lana | UFMG

Ewerton Martins Ribeiro