Extensão

UFMG lança campanha contra a covid-19, a fome e o frio

Doações de alimentos e roupas são recebidas no posto de vacinação instalado no campus Pampulha

Campanha UFMG contra a covid-19, a fome e o frio recebe doações de alimentos perecíveis, leite, fraldas, cobertores e roupas lavadas e em bom estado
Posto recebe alimentos perecíveis, leite, fraldas, cobertores e roupas lavadas e em bom estado Márcio Sá | UFMG

O posto de vacinação em sistema de drive-thru da UFMG está recebendo doações de alimentos perecíveis, leite, fraldas, cobertores e roupas lavadas e em bom estado para colaborar com a rede de cuidados a famílias em situação de vulnerabilidade social agravada pela pandemia de covid-19. O ponto de coleta fica na Unidade Administrativa II, com entrada pela Avenida Abrahão Caram 763, bairro São José. O horário de funcionamento é das 8h às 16h30.

As doações da campanha, intitulada UFMG contra a covid-19, a fome e o frio, serão destinadas aos projetos Periferia Viva e Comunidade Viva sem Fome, que beneficiam mais de 150 iniciativas sociais de Belo Horizonte e da Região Metropolitana. Os projetos são coordenados pelo grupo de pesquisa em Comunicação, Mobilização Social e Opinião Pública (Mobiliza/UFMG), que realiza um trabalho de fortalecimento da comunicação e da mobilização de grupos e coletivos de promoção de direitos sociais. Não há meta de arrecadação nem prazo definido para duração da campanha.

A reitora Sandra Regina Goulart Almeida avalia que a campanha é mais uma ação que se integra ao movimento de combate à covid-19 e a seus efeitos sanitários e sociais empreendido pela UFMG. “O próprio drive-thru é uma colaboração da Universidade com a campanha de vacinação coordenada em Belo Horizonte pela Prefeitura. Além de viabilizar a imunização, percebemos que o posto montado no campus poderia ser também um local de recebimento de doações para uma população que já era vulnerável e agora tem suas condições de sobrevivência ainda mais comprometidas pela pandemia”, argumenta.

Sandra: universidades trabalhando em conjunto
Sandra: comunidade com sentido aguçado de solidariedadeReprodução de tela: Raphaella Dias | UFMG

Sandra Goulart acredita que, ao centralizar as doações feitas pelas pessoas que estão indo ao campus para serem vacinadas, a UFMG contribui para materializar “um sentido de solidariedade que é muito aguçado, inclusive na nossa comunidade”. “Certamente, a resposta será muito positiva, a exemplo do que vem ocorrendo em todas as ações propostas recentemente, como as campanhas de financiamento coletivo dos hospitais e do Museu de História Natural e Jardim Botânico”, projeta a reitora.

O posto de vacinação na UFMG começou a funcionar no dia 6 de março. Desde então, já aplicou cerca de 11 mil doses, com média diária de 275 imunizações, segundo informações da Regional Pampulha e da Secretaria de Saúde. A estrutura foi montada pela Prefeitura de BH, com apoio do Departamento de Assistência à Saúde do Trabalhador (Dast). Ela opera exclusivamente no sistema drive-thru, em que a aplicação é feita sem que a pessoa precise sair do automóvel.   

Ação imediata
Segundo um dos coordenadores do Mobiliza/UFMG, o professor Daniel Reis, do Departamento de Comunicação Social e do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da UFMG, a campanha “convoca as pessoas à ação solidária que pode literalmente salvar vidas. Proteger-se da fome e do frio é algo elementar para a sobrevivência, mas milhões de pessoas estão com essa condição tão básica ameaçada”. 

O professor também avalia que a comunidade da UFMG tem se mostrado extremamente comprometida em muitas frentes de enfrentamento à pandemia, mas muitas delas, como as pesquisas científicas, são ações de resultados alcançáveis em médio e longo prazos. “A ciência tem seu tempo, mas as pessoas padecem de fome e de frio hoje, agora. Portanto, esta é uma convocação para uma ação muito concreta e imediata”, argumenta o professor.

A pró-reitora de Extensão, Claudia Mayorga, destaca que a crise sanitária desencadeada pela covid-19 afeta todas as dimensões da vida das pessoas. Segundo ela, em um país marcado pelas desigualdades, como o Brasil, é essencial que a Universidade atue em diversas frentes. “Nosso objetivo é fortalecer ações que já eram desenvolvidas. Essa iniciativa de recolher as doações é mais um ato de solidariedade e de acolhimento dos grupos sociais, entendendo que a pandemia evidencia a importância das políticas públicas, da ciência e da solidariedade.”

Conheça os projetos
A iniciativa Periferia Viva foi lançada logo no início da pandemia, em março de 2020, e resulta da articulação entre o Mobiliza/UFMG e a Agência de Iniciativas Cidadãs (AIC), com apoio da Laço (Associação de Apoio Social). A rede atua na Região Metropolitana de Belo Horizonte e desenvolve ações comunitárias, populares e de promoção de direitos no enfrentamento das vulnerabilidades sociais surgidas ou agravadas com a emergência sanitária.

A Comunidade Viva sem Fome, por sua vez, é uma rede coordenada por representantes da UFMG, da AIC e da Cáritas Brasileira Regional Minas. Desenvolve ações de segurança alimentar para as populações periféricas da Região Metropolitana de Belo Horizonte e do interior do estado. Atua em mais de 50 territórios, em parceria com 65 iniciativas populares e comunitárias locais, que fazem o levantamento e o acompanhamento das famílias nas situações mais graves. Por mês, o projeto atende cerca de 1,2 mil famílias, que, desde abril do ano passado, recebem kits de alimentação e higiene.

Luana Macieira