Institucional

Marcha pela ciência defende 'pacto pela vida'

Evento, organizado nacionalmente pela SBPC, ocorre nesta quinta em formato virtual; UFMG terá programação própria

Este ano a mobilização em defesa da ciência será pela internet
Pesquisadores mobilizados em edição anterior da marcha, que neste ano terá atividades remotas
Daniel Pristzer / ALMG

Com o isolamento social imposto pela Covid-19, a edição 2020 da marcha nacional pela ciência, organizada anualmente pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ocorrerá remotamente nesta quinta-feira, dia 7, por meio de seminários, debates e tuitaços nas redes sociais, sob o tema Pacto pela vida. A programação poderá ser acompanhada pelas redes sociais da SBPC e da UFMG.

A população poderá se mobilizar virtualmente, participando dos painéis on-line, compartilhando os eventos, notícias e chamadas sobre a Marcha pela Ciência em suas próprias redes sociais e ainda nos tuitaços programados para as 12h e 18h, com as hashtags #paCtopelavida e #FiqueEmCasacomaCiência.

Para a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, que coordenará uma mesa, nesta quinta-feira, às 13:30, sobre as mobilizações da Universidade para o enfrentamento da Covid-19, a Marcha pela Ciência é essencial para sensibilizar e reforçar na sociedade brasileira o papel de relevância da ciência, do conhecimento científico, sobretudo "em um momento tão preocupante como este que enfrentamos”. Para a dirigente, "o conhecimento é o caminho para encontrar as respostas que a sociedade anseia”. Por isso, defende ela, “é necessário pensar na marcha como um movimento em defesa da vida e contra grupos políticos que, ideologicamente, têm pregado o negacionismo em relação ao conhecimento, têm tentado sufocar a educação pública por meio ações que objetivam a redução dos investimentos em ciência e tecnologia. “O momento é preocupante, é delicado, mas nós, das universidades públicas brasileiras, responsáveis por mais de 95% das pesquisas em nosso país, estamos seguros de nosso compromisso social em defesa de uma vida mais justa e igualitária”.

“O objetivo é chamar a atenção da população para a importância do aumento e da continuidade dos investimentos em ciência, como alternativa mais viável, não somente para ajudar o país a sair desta crise, agravada pela pandemia da Covid-19, como para dar rumo a um futuro menos desigual e mais democrático”, afirma o secretário regional da SBPC em Minas Gerais, o professor Luciano Mendes, da Faculdade de Educação da UFMG.

Em várias frentes
A atuação da UFMG no enfrentamento à pandemia, em várias frentes, é salientada pelo pró-reitor de Pesquisa, Mario Montenegro Campos: "Ela mostra como a ciência e a pesquisa contribuem para o desenvolvimento social e econômico dos países, mas também em momentos como este, em que gestores públicos precisam ser subsidiados pelo conhecimento científico para tomar as melhores decisões".

Segundo Mario Campos, a Universidade tem atuado por meio da fabricação de álcool em gel e equipamentos de proteção individual, da realização de testes clínicos com medicamentos e pesquisas para descoberta de vacinas, de análises estatísticas e da comunicação de informações confiáveis e seguras. “É importante que a marcha virtual ajude a ampliar a consciência sobre a necessidade de investimentos sólidos e duradouros na ciência, educação, pesquisa e tecnologia, para que as crianças, nas primeiras séries escolares, tenham seu interesse despertado por essas áreas”, acrescenta.

Derrubada da EC 95
A derrubada da Emenda Constitucional 95 (EC 95), que congela, até 2036, investimentos nas áreas da educação, saúde e assistência, é fundamental para aliviar o setor, na avaliação do professor Luciano Mendes. “Essa luta une a SBPC e a Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) a centenas de outras instituições ligadas à educação, à pesquisa e à tecnologia, mas também à saúde e à assistência do país. A EC 95 é um crime contra a população brasileira, especialmente contra os mais  vulneráveis, que dependem de políticas públicas”, afirma.

Segundo Mendes, a SBPC regional também reforça a necessidade do retorno regular das atividades da Fapemig para o fomento à pesquisa e o apoio à prefeitura de Belo Horizonte e ao estado na defesa da vida, no combate às pressões econômicas.

Para a pró-reitora de Extensão da UFMG, professora Cláudia Mayorga, “mais do que nunca é preciso defender a ciência brasileira, lutar pela ampliação do investimento continuado e rechaçar qualquer tipo de hierarquização ou desqualificação de algum campo científico específico, como tem ocorrido por meio dos ataques às ciências humanas”. Ela acrescenta: “Vamos defender uma ciência que contribua com a vida, com os direitos humanos, com uma sociedade justa e que seja construída com o compromisso de contribuir com a superação das desigualdades brasileiras e não o seu acirramento”.

A opinião é compartilhada pela diretora de Divulgação Científica da UFMG, professora Débora d’Ávila Reis, que considera este momento propício para o estreitamento do diálogo entre cientistas, parlamentares, educadores, estudantes, líderes de movimentos sociais, comunidades tradicionais e comunicadores populares.

“A pandemia do coronavírus exacerbou questões urgentes relacionadas às desigualdades sociais e econômicas, à descontinuidade de políticas públicas e ao sucateamento das instituições de ensino e fomento à pesquisa e do próprio Sistema Único de Saúde (SUS). E a ciência é uma grande esperança no enfrentamento de todas essas questões, mas não atua isoladamente. A marcha virtual é uma oportunidade para que todos participem desse diálogo”, convida Débora.

Pacto pela Vida
O tema da marcha virtual é inspirado no documento Pacto pela vida e pelo Brasil, publicado no dia 7 de abril. Formulado pela SBPC, CNBB, OAB, Comissão Arns, ABC e ABI, o texto recebeu o apoio de mais de uma centena de instituições e associações e pede a união de toda a sociedade, solidariedade e conduta ética e transparente do governo, tomando por base as orientações da ciência e dos organismos nacionais e internacionais de saúde pública no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.

Programação
programação nacional contará com a participação do professor da Faculdade de Medicina Unaí Tupinambás, que será um dos debatedores do painel sobre o enfrentamento da Covid-19 no Brasil, das 10h30 às 12h, e do professor Eduardo Mortimer, no show de encerramento, às 18h30. O segundo painel nacional será às 15h, sobre Ciência e tecnologia no Brasil: sucessos e desafios. Os três eventos serão transmitidos pelo canal da SBPC no YouTube.

A agenda local, que terá transmissão pelo YouTube da marcha regional (link estará disponível no horário de início do evento), será aberta às 8h10, com a mesa sobre divulgação científica em tempos de pandemia, que reunirá os professores da UFMG Débora d’Ávila Reis, diretora de Divulgação Científica, Yurij Castelfranchi, da força-tarefa Amerek, Valéria Raymundo, do Departamento de Comunicação e do Projeto Pensar a Educação, Pensar o Brasil, além de Leonardo Gabriel, do Cefet-MG. Às 9h, o debate será sobre o enfrentamento da pandemia pelas instituições.

Às 12h30, após o primeiro painel nacional e o tuitaço, pesquisadores da UFMG participarão de programação organizada pela Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG).

UFMG mobilizada
Na parte da tarde, a programação regional segue com o webinar Fique em casa com a ciência e com a UFMG: mobilizações da Universidade para o enfrentamento da Covid-19, a partir das 13h30. O debate reunirá a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, a professora Cristina Alvim, presidente  do Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus na UFMG, o diretor da Faculdade de Ciências Econômicas, Hugo Gama Cerqueira, e o professor Flávio Fonseca, pesquisador do Laboratório de Vírus do ICB e do CT Vacinas. O webinar será transmitido pelo canal da Coordenadoria de Assuntos Comunitários no YouTube, e o link ficará disponível no horário de início do evento. 

Direitos humanos na pandemia, a partir das 16h30, e a ciência no Parlamento (com participação de reitores e parlamentares), a partir das 17h, são os temas das conversas que encerrarão a programação local.

Manifestações virtuais
Com o auxílio do Manif.app, aplicativo francês adaptado pela SBPC, os participantes poderão se manifestar virtualmente. Veja três dicas na figura abaixo.

Aplicativo francês possibilita manifestações virtuais
Dicas para manifestações virtuais Reprodução

Teresa Sanches