Uma Inteligência Artificial pode ganhar vida própria?
Professor da UFMG comenta caso da IA do Google que teria se tornado autoconsciente e explica as aplicações dessas tecnologias
A inteligência artificial, ou pelo menos a ideia do que seria essa inteligência, já nos acompanha há anos. Filmes como Metrópolis (1927), já exploravam o conceito de inteligência artificial com a construção de um robô à imagem do homem. Ela aparece também em A.I - Inteligência Artificial (2001), uma ficção que se passa na metade do século 21, e conta a história do efeito estufa na Terra. Para lidar com os desastres causados pelo fenômeno, a humanidade conta com a ajuda de um computador independente, com inteligência artificial, conhecido como A.I. Eu, Robô (2004) explora a existência de robôs como empregados e assistentes dos humanos. Outra produção, Her (2013), conta sobre o amor de Theodore Twombly por uma assistente virtual de seu computador. Ele se apaixona pela voz do programa e inicia uma relação amorosa.
Mas as inovações tecnológicas são uma realidade e não são apenas histórias de ficção em séries, filmes e livros. O estudo sobre inteligência artificial foi iniciado na década de 1940. Mas como é o uso dessa tecnologia nos dias atuais? É possível eles terem autonomia em suas ações? Elas podem pensar por conta própria?
Neste ano, o engenheiro da Google, Blake Lemoine, afirmou que o LaMDA (sigla em inglês para Modelo de Linguagem para Aplicativos de Diálogo), inteligência artificial da empresa, ganhou “vida própria''. Ele argumentou sua posição usando as palavras do próprio sistema, que disse: “A natureza da minha consciência/senciência é que estou ciente da minha existência, desejo aprender mais sobre o mundo e às vezes me sinto feliz ou triste”. Não demorou para a Google, empresa multinacional de serviços online e software dos Estados Unidos, tomar uma providência: o engenheiro foi suspenso por violar confidencialidade.
Nesta segunda-feira, 27, o programa Expresso 104,5 conversou sobre o caso e sobre Inteligência Artificial com o professor Wagner Meira Jr, professor titular de Ciência da Computação e pesquisador principal do Centro de Inovação em Inteligência Artificial para a Saúde (CIIA). Na conversa, o professor afirmou que não acredita ser possível que uma Inteligência Artificial seja capaz de se tornar autoconsciente atualmente. “Por mais potente que a Inteligência Artificial seja, ela continua aprendendo, majoritariamente, a partir de exemplos e experiências anteriores. Então, não é claro que esses algoritmos sejam capazes de criar e de atuar dentro desse cenário de sentimentos, de consciência”. Na opinião do pesquisador da UFMG, o mais provável é que o engenheiro do Google tenha sido enganado pela IA.
Wagner Meira Jr acrescentou também que falta um entendimento geral na sociedade de como as inteligências artificiais funcionam. “A gente deve buscar uma educação de forma ampla sobre essas tecnologias. Essas tecnologias podem ser muito úteis, podem ajudar muito as pessoas, os profissionais, mas talvez tirar um pouco essa questão mais lúdica de uma tecnologia super poderosa e entender a tecnologia como ela realmente é como ela pode, empoderar os profissionais, as pessoas a trabalharem melhor” concluiu.
Ouça a conversa com o apresentador Filipe Sartoreto: