‘Vestibular’ da UFMG para refugiados registra mais de 100 inscritos
Procura é resultado do movimento de acolhimento que resultou na reformulação e regulamentação do processo seletivo
Cento e sete estrangeiros refugiados ou enquadrados em outras situações de vulnerabilidade inscreveram-se no processo seletivo da UFMG e vão concorrer a uma das 77 vagas oferecidas em edital. Medicina foi o curso mais procurado, seguido de Enfermagem, Arquitetura e Urbanismo e Direito.
A próxima etapa do processo seletivo, a classificação dos candidatos inscritos, será realizada de acordo com as notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), nos últimos cinco anos (2016 a 2020). Conforme o edital, a classificação se dará de acordo com a maior nota final UFMG (calculada com base nas quatro notas das provas objetivas do Enem e da redação do ano em que o candidato alcançou seu melhor desempenho), que não pode ser inferior a 30. Além disso, o candidato não pode ter recebido nota zero em uma das provas nem tirado menos de 500 pontos na redação. Uma vez aprovado, o candidato terá todos os deveres e direitos (incluindo a assistência estudantil) reservados aos alunos da UFMG. Os resultados serão divulgados a partir de 19 de abril, na página eletrônica da Comissão Permanente do Vestibular (Copeve).
Pioneira na abertura de vagas para refugiados em cursos de graduação, a UFMG desenvolve ações de acolhida humanitária desde 2004. O ano de 2021 marca a seleção dos candidatos com base em edital, fruto do processo de acolhimento a estrangeiros nessas condições.
Acolhida e aproximação
Segundo o diretor de Relações Internacionais, Aziz Tuffi Saliba, esse número de inscritos deve ser comemorado. “Ele é resultado de todo o trabalho de acolhida realizado pela UFMG, que inaugurou um processo de seleção unificado e padronizado com uma vaga adicional e anual por curso para esse público”, diz, ressaltando ainda que a parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e a adesão à Cátedra Sérgio Vieira de Mello ajudaram a Universidade a se aproximar dos migrantes forçados.
Ainda de acordo com Aziz Saliba, essa nova forma de promover o acesso à graduação na UFMG aos estrangeiros vulneráveis vai ao encontro de demandas mundiais. O agravamento das crises humanitárias põe mais pessoas em situação de risco, e elas se veem forçadas a se deslocarem para outros países, incluindo o Brasil. De acordo com a Acnur, o número de refugiados quase dobrou na última década, alcançando 79,5 milhões de pessoas no fim de 2019. “Além de sermos solidários e de ajudarmos a promover a inclusão de pessoas que foram obrigadas a deixar seus lares, acreditamos que uma universidade mais plural será capaz de propiciar uma experiência educacional mais rica e cosmopolita, muito mais adequada para o século 21”, avalia Saliba.