Vestibular suplementar para estudantes indígenas oferece vagas em dez cursos
Por causa da pandemia, seleção será baseada no Enem; apenas candidatos que moram em aldeias poderão se inscrever
Indígenas brasileiros que vivem em aldeias podem se candidatar a vagas suplementares em dez cursos de graduação da UFMG. As inscrições, gratuitas, poderão ser feitas de 9 de fevereiro a 1º de março, pela internet.
Há duas vagas para cada um dos seguintes cursos: Agronomia, Antropologia, Ciências Biológicas, Ciências Sociais, Direito, Enfermagem, Engenharia Ambiental, Engenharia Florestal, Medicina e Odontologia. A maioria deles é sediada em Belo Horizonte – as exceções são Agronomia e Engenharia Florestal, ministrados no Instituto de Ciências Agrárias, em Montes Claros. Oito cursos são diurnos, Antropologia é noturno, e Medicina tem horário integral.
Enem como medida excepcional
Em razão da recomendação de distanciamento social, que visa prevenir a contaminação pelo novo coronavírus, o vestibular suplementar para indígenas, que é promovido pela UFMG desde 2009, terá seleção baseada, pela primeira vez, nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Serão considerados as edições de 2015 a 2020, e o melhor desempenho do candidato que tiver participado de mais de uma edição determinará sua posição no processo seletivo. A UFMG chega a uma nota final própria por meio de critérios como pesos específicos para as diferentes áreas do conhecimento.
De acordo com a pró-reitora de Graduação, Benigna Oliveira, o recurso às notas do Enem é uma medida excepcional. Assim que as condições sanitárias permitirem, o processo seletivo voltará a ter provas presenciais. A solução encontrada para respeitar o distanciamento social foi adotada, informa a professora, depois de consultas ao Colegiado Especial do Programa de Vagas Suplementares para Estudantes Indígenas, a docentes, a discentes e a lideranças indígenas.
Acompanhamento e assistência
Esta edição do vestibular suplementar oferece seis vagas a mais do que a de 2020, já que três cursos recém-aderiram: Antropologia, Engenharia Ambiental e Engenharia Florestal. A participação dos cursos está vinculada à sua relevância para as populações indígenas e depende de deliberação dos respectivos colegiados.
De acordo com a coordenadora do Colegiado Especial, Lívia Pancrácio, o intuito do vestibular suplementar é garantir acesso de indígenas aldeados ao ensino superior. “Esses estudantes estão à margem do sistema educacional predominantemente urbano, submetidos a formas diferentes de educação. Por isso, as provas incluem elementos mais reconhecidos por indígenas, com conteúdos que remetem aos seus saberes e ao seu cotidiano”, explica a professora. Ela acrescenta que a UFMG também faz esforço especial pela permanência dos estudantes, que são acompanhados ao longo do curso e contam com os programas de assistência estudantil.
O resultado final do processo seletivo será divulgado em 25 de maio, após todas as fases de recursos. Leia o edital.