UFMG já tem proposta de autonomia

UFMG está presente na grande maioria dos municípios mineiros

Público externo à Universidade desconhece programas de extensão vitais para o estado

O Dia da Universidade, 10 de dezembro, é uma oportunidade de registrar que as atividades de extensão da UFMG, ao lado do ensino e da pesquisa, constituem igualmente uma referência para outras universidades públicas brasileiras. 

Presentes em 598 dos 853 municípios do estado, os projetos de extensão da UFMG se destinam tanto a públicos sofisticados das regiões urbanas, como o do Festival de Inverno, quanto a populações cultural e economicamente desfavorecidas, como a do Vale do Jequitinhonha. 

Segundo o pró-reitor de Extensão, Edison José Corrêa, apesar de não haver um sistema nacional de avaliação da extensão, os programas da UFMG são classificados entre os melhores do país nos fóruns e encontros da área. Além de abranger todas as unidades acadêmicas e promover a interação entre a comunidade universitária e o público externo, a extensão, segundo Corrêa, tem papel fundamental ao integrar alunos e professores das mais diversas áreas da Universidade. 

Atualmente, a UFMG desenvolve cerca de 650 projetos e atividades de extensão em nove áreas estratégicas: Saúde e Qualidade de Vida (231); Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento (120); Cultura e Sociedade (104); Educação e Cidadania (96); Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (45); Reforma Agrária e Trabalho Rural (30); Trabalho e Inclusão Social (14); Comunicação Social (9) e Direitos Humanos (7). 

Algumas atividades de extensão já são tradicionais no campo cultural, como o Festival de Inverno da UFMG, que completou a 30ª edição este ano. Muitas se caracterizaram pela interdisciplinaridade, como o Internato Rural, que começou na Faculdade de Medicina e hoje se articula com diversos outros cursos. 

Poucos mineiros sabem que o "teste do pezinho" - atualmente feito em 90% dos recém-nascidos de Minas Gerais - é uma atividade de extensão da UFMG na área da saúde fundamental para detectar doenças graves, entre elas a anemia falciforme, que é hereditária e não tem cura. 

Para redirecionar a atuação das universidades públicas nos projetos de extensão, a UFMG vem cumprindo as diretrizes do programa Universidade Cidadã, que compõe o Plano Nacional de Extensão Universitária. Definido a partir das nove áreas estratégicas, o programa também objetiva aumentar a interação com as áreas de Pesquisa e Ensino e reforçar a articulação interprofissional.

Pólo de Integração no Vale do Jequitinhonha

Iniciado em 1998, é um dos programas de extensão mais complexos da Universidade. Desenvolvido em conjunto pelas pró-reitorias de Extensão e Pesquisa, o Pólo engloba 25 projetos e tem como objetivo identificar os impactos econômicos, sociais e ambientais no Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais carentes do país. Além da UFMG, participam dos projetos a Uemg, a PUC, o governo do estado, prefeituras locais e organizações não-governamentais. 

Com financiamento da Finep e sediado no Centro de Geologia Eschwege, em Diamantina, o Pólo de Integração abrange 60 cidades da região. Entre os trabalhos desenvolvidos no Vale está a elaboração e execução de projetos sanitários - tratamento de esgoto, água encanada e coleta de lixo - em parcerias com as prefeituras. Na área ambiental, estão sendo feitos estudos para a contenção de vossorocas (assoreamento de rios), problema grave no Vale do Jequitinhonha. 

O patrimônio cultural da região também não foi esquecido. O Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais, da Escola de Belas-Artes, iniciou o treinamento de pessoas da comunidade para atuar junto a instituições especializadas na preservação do patrimônio artístico do Vale do Jequitinhonha.

Internato Rural

Este é um dos programas de extensão mais antigos da UFMG. Iniciado há 20 anos pela Faculdade de Medicina, o Internato Rural integra-se hoje com os cursos de Engenharia Sanitária, Psicologia, Farmácia e Odontologia em projetos piloto nessas áreas. A partir do próximo ano, o programa será ampliado com a entrada da Escola de Enfermagem. 

Atualmente, o Internato atinge um total de 100 municípios, 25 dos quais continuamente. Os alunos fazem estágios curriculares supervisionados em áreas como meio ambiente, saúde, educação e saneamento básico, em parcerias com vários órgãos e entidades, públicas e privadas.

Programa de Cartilhas

Como usar as plantas medicinais, construir cisternas, prevenir a cárie dentária e a hipertensão são algumas das dicas relacionadas à saúde e ao cotidiano dos participantes do Programa de Cartilhas que a UFMG implantou em dezembro de 1996. 

Já foram publicados 16 livretos contendo as mais diversas orientações para as comunidades. As cartilhas, elaboradas por professores e estudantes da instituição, são distribuídas em escolas e utilizadas em outros projetos de extensão da Universidade.