UFMG sedia debates sobre autonomia universitária

A infra-estrutura do campus da Pampulha

Há poucos dias, os usuários do estacionamento do PCA foram surpreendidos por um fato interessante: a melhor parte do estacionamento, alvo de disputas por causa do grande número de sombras (o que, no mês de janeiro, acaba fazendo sensível diferença) estava fechada, com guarda controlando a entrada. Estava decidido que somente professores e funcionários poderiam deixar seus veículos no local. A medida acabou transformando o estacionamento do PCA em dois mundos. No primeiro, poucos carros, muitas sombras, vagas sobrando; no segundo, veículos estacionados de qualquer jeito, falta de vagas e sol escaldante. 

A primeira impressão é a de uma segregação, que divide alunos e professores, dando privilégios a uns e retirando direitos de outros. Porém, algo maior está por trás disso. Este fato, apesar de parecer menor, é apenas um pretexto para analisarmos a estrutura do nosso campus. Para se chegar à UFMG só há duas alternativas: carro ou ônibus. Isso porque metrô, em Belo Horizonte, é quase uma ficção e andar de táxi acaba saindo muito caro. 

Quem vem de carro sofre com estacionamentos cheios e vagas improvisadas nos piores lugares (não são poucas as vezes em que um carro parado em lugar inapropriado atrapalha a passagem dos ônibus). Alguns defendem o uso do novo estacionamento entre a Fafich e o ICEx mas, sinceramente, estacionamento sem uma árvore sequer, com esse sol, não é solução muito animadora... 

De ônibus - especialmente o 5102, que conheço bem, pois sou usuário -, então, nem se fala. Na época (não tão) remota dos "amarelinhos" e, principalmente, antes da entrada da Catalão ser fechada para reformas, um ônibus do centro para a UFMG, apesar de cheio, demorava, em média, 30 minutos. Agora, mais cheio do que nunca, demorando bem mais do que antes (a média de saída nos horários de pico é de 10 minutos, mas em geral os ônibus saem de 20 em 20 minutos) e com a volta, que inclui um passeio pelo Carrefour e entrada pela avenida Abrahão Caran, chegar para uma aula ou outra atividade se transformou numa aventura cansativa e desgastante. 

No setor de alimentação, nem o aumento do bandejão (que agora vem sendo conhecido como "pratão") e a conseqüente redução do número de fregueses conseguiram diminuir as filas. Prova de que há uma sobrecarga dos salões. Isso sem falar de alguns problemas de rede elétrica (nas últimas semanas, as quedas de energia se tornaram mais freqüentes) e da informatização precária de alguns departamentos: há setores que ainda convivem com os jurássicos micros 386. 

Por fim, olhemos para o futuro: será que há estrutura suficiente para a centralização de todas as unidades no campus? Se já vivemos problemas de estrutura agora, que dirá quando estiverem todos os cursos aqui? Acho ótima a idéia da centralização, mas primeiro é preciso que se tenha uma infra-estutura de transporte e restaurantes realmente capaz de atender à demanda. Temos uma boa estrutura, se comparada com a de outras instituições públicas, mas ainda há coisas a serem feitas. É preciso que elas aconteçam antes que tudo piore.

Rafael Rodrigues de Paiva - estudante do 6º período de Ciência da Computação